Depois de ver Thomas ir embora, Leonor foi para seu quarto trocar de roupa e começar as suas tarefas.
Havia muito a ser consertado. E ela queria ir até a casa de D. Isabel para ver se podia ajudar no hospital. Num ataque como aquele sempre havia feridos.
Mas, ao passar em frente ao escritório de D. Constâncio, a porta se abriu e ele apareceu.
- Minha noiva... Onde vais com tanta pressa?
- Vou até a casa de D. Brás ver se D. Isabel precisa de ajuda com os feridos.
- Não. Vosmecê não vai sair. – ele a pegou pelo braço e a levou para dentro do aposento.
- Vosmecê ficou louco?! Como ousa?
- Sou seu noivo, querida. Não posso ter minha futura esposa por alguns minutos comigo.
- Não me agrada ficar nem um segundo perto de vosmecê.
- Então é uma pena que vosmecê e minha irmã tenham tido tanto trabalho para salvar a vida daquele pirata.
- O que quer dizer com isso?
- Decididamente, vosmecê esqueceu nosso acordo. Deverias ficar longe dele.
- Não tenho culpa se o selvagem o atingiu na frente de sua casa. D. Eugenia pediu-me sua ajuda e eu a ajudei.
- É. Com certeza a culpa é de minha irmã. Eu me acerto com ela depois.
O jeito como ele disse isso a deixou arrepiada. Mas Leonor nada disse.
- Mas com vosmecê... Eu posso me acertar agora.
D. Constâncio aproximou-se dela, a encurralando entre a mesa e o seu corpo.
- Não se aproxime de mim.
- Ora minha noiva... Um beijo não é errado entre nós.
Ele se inclinou sobre ela. Leonor estava praticamente sentada sobre a mesa e o corpo de Constâncio a pressionava, deixando-a nauseada.
- Tenho certeza que vosmecê pensa nisso desde que me viu com a bugra. Não é?
- Vosmecê é um canalha! Não se atreva a me tocar...
- Ah... Mas eu me atrevo. Me atrevo sim...
Ele baixou a cabeça tentando beija-la. Leonor virava a cabeça de um lado para outro tentando empurra-lo. Ela se sentia como se estivesse afundando em um buraco escuro tal era o seu desespero.
Batidas na porta se fizeram ouvir. Agastado, D. Constâncio se afastou de Leonor, sem antes alerta-la.
- Nem uma palavra, ou minha irmã pagará.
A moça o olhou estarrecida antes de fugir para longe dele.
- Entre!
- Eu queria conversar com vosmecê, D. Constâncio e... - D. Bernardo entrou na sala, parando surpreso ao ver a filha. - Leonor! Não sabia que vosmecê estava aqui também, mas isso é bom. Já converso com os dois juntos.
Leonor caminhou na direção do pai com uma calma que estava longe de sentir. O pai pegou em suas mãos, afagando-as.
- Pois não, meu caro D. Bernardo. - D. Constâncio o convidou a se sentar em uma das cadeiras. Leonor postou-se ao lado do pai sem soltar de sua mão.
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A Terra e o Mar - o encontro de dois mundos
Historical FictionLeonor vivia sua vida simples e ordenada no seu pequeno paraíso. Corajosa, vivia com o pai e cuidava dos irmãos com desvelo de mãe. Mas, durante um ataque pirata à cidade em que vivia, tudo mudou quando cruzou o caminho de Thomas Horton, um dos coma...