Trinta e três

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Depois de ver Thomas ir embora, Leonor foi para seu quarto trocar de roupa e começar as suas tarefas.

Havia muito a ser consertado. E ela queria ir até a casa de D. Isabel para ver se podia ajudar no hospital. Num ataque como aquele sempre havia feridos.

Mas, ao passar em frente ao escritório de D. Constâncio, a porta se abriu e ele apareceu.

- Minha noiva... Onde vais com tanta pressa?

- Vou até a casa de D. Brás ver se D. Isabel precisa de ajuda com os feridos.

- Não. Vosmecê não vai sair. – ele a pegou pelo braço e a levou para dentro do aposento.

- Vosmecê ficou louco?! Como ousa?

- Sou seu noivo, querida. Não posso ter minha futura esposa por alguns minutos comigo.

- Não me agrada ficar nem um segundo perto de vosmecê.

- Então é uma pena que vosmecê e minha irmã tenham tido tanto trabalho para salvar a vida daquele pirata.

- O que quer dizer com isso?

- Decididamente, vosmecê esqueceu nosso acordo. Deverias ficar longe dele.

- Não tenho culpa se o selvagem o atingiu na frente de sua casa. D. Eugenia pediu-me sua ajuda e eu a ajudei.

- É. Com certeza a culpa é de minha irmã. Eu me acerto com ela depois.

O jeito como ele disse isso a deixou arrepiada. Mas Leonor nada disse.

- Mas com vosmecê... Eu posso me acertar agora.

D. Constâncio aproximou-se dela, a encurralando entre a mesa e o seu corpo.

- Não se aproxime de mim.

- Ora minha noiva... Um beijo não é errado entre nós.

Ele se inclinou sobre ela. Leonor estava praticamente sentada sobre a mesa e o corpo de Constâncio a pressionava, deixando-a nauseada.

- Tenho certeza que vosmecê pensa nisso desde que me viu com a bugra. Não é?

- Vosmecê é um canalha! Não se atreva a me tocar...

- Ah... Mas eu me atrevo. Me atrevo sim...

Ele baixou a cabeça tentando beija-la. Leonor virava a cabeça de um lado para outro tentando empurra-lo. Ela se sentia como se estivesse afundando em um buraco escuro tal era o seu desespero.

Batidas na porta se fizeram ouvir. Agastado, D. Constâncio se afastou de Leonor, sem antes alerta-la.

- Nem uma palavra, ou minha irmã pagará.

A moça o olhou estarrecida antes de fugir para longe dele.

- Entre!

- Eu queria conversar com vosmecê, D. Constâncio e... - D. Bernardo entrou na sala, parando surpreso ao ver a filha. - Leonor! Não sabia que vosmecê estava aqui também, mas isso é bom. Já converso com os dois juntos.

Leonor caminhou na direção do pai com uma calma que estava longe de sentir. O pai pegou em suas mãos, afagando-as.

- Pois não, meu caro D. Bernardo. - D. Constâncio o convidou a se sentar em uma das cadeiras. Leonor postou-se ao lado do pai sem soltar de sua mão.

A Terra e o Mar - o encontro de dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora