Quarenta e cinco

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O inglês empurrou Leonor para o lado e aparou o golpe de D. Constâncio. Os dois homens separaram-se, medindo-se com o olhar. O português rodava a espada no ar, provocando o outro. Os dois avançaram ao mesmo tempo e um novo choque entre as lâminas aconteceu. D. Constâncio movia-se rapidamente a despeito da idade. A vida de batalhas como El cuervo negro e os confrontos com índios o manteve ativo como se ele tivesse a mesma idade de seu oponente.

Leonor os observava amedrontada, mas fascinada. A violência dos golpes dos combatentes fazia seu sangue dela gelar nas veias. O sol poente refletia nas lâminas dando a impressão que eram raios que os dois homens seguravam.

Ela virou-se para trás e viu o pai e o irmão enfrentarem dois homens. Rogou aos céus que os protegessem. Não poderia nem pensar em ficar sem algum deles.

A alívio apossou-se dela ao ver que seu pai logo livrou-se de seu oponente. Com um pouco mais de dificuldade, Martim também conseguiu se livrar do seu. Ganhou um tapa fraternal do pai enquanto perseguiam mais dois dos asseclas de D. Constâncio.

Leonor voltou a sua atenção para a luta de seu amado e não viu um dos bandidos ir em sua direção.

Desviou-se da tentativa do bandido de agarrá-la no último momento. Angustiado, Thomas sô pode observar sua amada tentar fugir do bandido, enquanto repelia mais um ataque de D. Constâncio

Partiu com mais raiva ainda para cima de D. Constâncio, desarmando-o. Mas o bandido sacou um punhal.

- Reconhece-o? Deste para Leonor e eu quero devolvê-lo. Eu vou adorar devolve-lo enterrado até o cabo em seu peito.

Thomas jogou a espada que segurava longe. D. Constâncio levantou uma sobrancelha.

Thomas abriu os braços. As mãos nuas.

- Não sou homem de enfrentar um punhal com uma espada. Venha e tente me devolver o punhal daquela que amo.

***

Leonor correu para longe de onde estava ocorrendo a luta. Não podia deixar Thomas preocupado com sua segurança.

Aquele cão de guarda de D. Constâncio, Francisco, a perseguia. Tinha que se esconder.

- Eu vejo vosmecê, princesa! Vou levar para o chefe e talvez ele deixe me divertir com vosmecê.

- Nem em sonho, paspalho!

Ela correu, mas Francisco a encurralou. A segurou firme contra uma árvore.

Leonor gritou de susto e medo. Francisco tocou o rosto dela deixando um rastro de sangue e sujeira.

"Às vezes uma dama tem que se defender do jeito que pode" parecia que Leonor ouvia a voz de sua mãe enquanto ela lhe ensinava como devia se comportar.

A moça fechou os olhos e ergueu o joelho direito com toda a força. Sentiu ele bater contra algo macio e logo Francisco estava curvado na sua frente com uma expressão de dor raivosa no rosto grosseiro.

Leonor deu um pequeno sorriso ao perder que havia acertado o homem em seu ponto mais fraco.

Correu dele, mas logo o bandido estava em seu encalço.

- Vou matar vosmecê, rameira dos infernos.

Leonor tropeçou numa raiz exposta e caiu. Francisco aproximou-se dela como se saboreasse a vitória.

- Ia lhe entregar para o chefe, mas acho que vosmecê me deve.

Mas antes que qualquer um dos dois piscasse, um galho transformado numa flecha grosseira atravessou o corpo do homem. Ele olhou surpreso para a ponta que aparecia em seu peito, e com um grunhido caiu para o lado.

A Terra e o Mar - o encontro de dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora