quanto você quer?

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Sentando-se Gerald olha atônito para Aurélia. Quanto você quer para deixá-lo em paz? É claro que terá que assinar outra clausula além das que eu trouxe, pois pelo visto seu apetite por dinheiro é bem maior do que o que julgávamos!

O que?! Assinar clausulas? Que clausulas!? Perguntou, enquanto o riso ia se esvaindo. Aos poucos foi percebendo que ele não via a comicidade da situação. Ela continuava atarantada segurando o cheque e olhando para o advogado como se ele fosse uma medusa.

Eu me enganei com você. Achei que seria simples fazermos um acordo, mais uma vez meu cliente tinha razão, infelizmente.

O seu cliente tinha razão em que mesmo? A voz de Aurélia era de alguém que se esforçava para entender algo que em algum momento deixará de fazer sentido, ela estava tentando entender o porquê desta conversa e daquele cheque absurdo pesando em sua mão, então de repente o advogado disse algo...

 O que você disse?

Disse que já estamos acostumados com este tipo de gente que se aproveita de uma situação fortuita e de meu cliente ser quem é para tirar vantagem de sua fortuna e de sua pessoa! É verdadeiramente indigno, mas previsível.

Aurélia balança lentamente a cabeça como se finalmente sentisse cada farpa dirigida a ela e a todas as pessoas cujos ricos, os absurdamente ricos, que se rodeiam de sanguessugas que lhe fazem todas as vontades sem nem mesmo se importar se eles estão respirando ou se ainda são capazes de sentir algo mais do que amor a seu dinheiro, esmagam com sua arrogância simplesmente por achar que eles mais do que os outros ousam sob o seu tacanho ponto de vista, querer sempre lhes enganar e roubar.

Ela já não esta mais sorrindo. Levanta, aproxima-se de Gerald, lhe pega o braço, e o leva até a porta, abre-a...

Sai daqui.

O que?

Eu disse, sai da minha casa agora, aliás, espera um pouquinho só.

Ela vai até a cozinha, ele ouve vozes, ela volta acompanhada pela enfermeira que munida de sua bolsa e com cara espantada fica olhando ora para um, ora para o outro, sem nada entender.

Aproveite e leve-a também, diz Aurélia. Pega então o cheque e, olhando para o advogado enquanto balança o papel na frente dele diz:

Sabe qual é o problema? Não, definitivamente vocês não sabem qual é o problema e por mim vão continuar na ignorância, dito isto ela rasga o cheque em pedacinhos jogando tudo em cima de um Gerald perplexo que realmente não entendia qual era a dificuldade, afinal, era só ela ter dito o valor que queria para não causar problemas. Ela era um problema e Fernando não ia gostar nada disto.

Suma da minha frente, você, seu cheque, sua enfermeira e seu cliente idiota. Vão todos para o inferno ouviu, inferno! Ela grita e bate a porta tão alto que os vizinhos abrem as suas portas para ver o que está acontecendo, pois a moradora é sempre tão distinta e cortês.

Gerald sem graça cata os pedacinhos do cheque, a enfermeira e sai do prédio.

A  decisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora