Como posso não sentir raiva deles, ou melhor, dele! Depois de tudo que me falaram.
Toda esta prepotência me dá asco, ao mesmo tempo ele parece tão... Sozinho. O homem aparece com as mulheres mais lindas e glamorosas nos veículos midiáticos e eu aqui o achando solitário. Deve ser o efeito de ter um homem tão lindo e perfeito na sala, ainda por cima esparramado no meu sofá. Fica tão tentador achar que um cara assim precisa de alguma coisa simples. Dinheiro emprestado? Ele não precisa. Apoio emocional? Provavelmente alguém que tem tanto dinheiro não deve ter trauma que um psicanalista caro não tenha curado, portanto só me resta achar que ele precisa de um afetosinho assim de nada... Acho que estou ficando maluca.
Enquanto pensava Aurélia ia transitando pela cozinha, pegando ora o café, ora o açúcar, ia limpando e lavando aquilo que sujava. Pegou uma xícara e colocou o café quentinho, pois tudo em uma bandeja de vime, acrescentou um guardanapo, não pode deixar de rir ao perceber que estava servindo um bilionário com sua xícara de bolinhas verdes e guardanapo de papel quando, muito provavelmente, ele deveria estar acostumado ao serviço inglês com porcelanas chinesas, guardanapo de seda indiana e biscoitinhos amanteigados, todas essas frescuras que os ricos fazem mas que, com certeza, nem dão mais importância. Mantém apenas os rituais e já nem curtem mais o prazer das coisas simples, o paladar tão ofuscado por finas iguarias que nem notam mais a delicia que é um biscoito amanteigado. Definitivamente estou pirando, pensa ela a caminho da sala de estar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A decisão
RomanceEle deletou o amor de sua vida. Foi convencido, há muito tempo e de maneira profunda, que o mais importante era ter poder. Dinheiro, conhecimento, principalmente das fraquezas humanas, era tudo que ele achava precisar para conseguir algo parecido co...