fator desconhecido

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Senhor Fernando?

Que é Marcela?

Eu... Eu mando à senhora da entidade carente entrar ou a dispenso?

Que se... Mande-a embora!

Espere Marcela. Fernando vamos conversar com ela e teremos a informação da maneira em que obteve o dinheiro da doação e o porquê dela dizer aos jornais que foi você o doador!

Isto tudo é uma grande mer...

Calma Fernando é a melhor maneira de sabermos com o que ou quem estamos lidando.

Esta bem! Mande- a entrar!

Claro senhor!

Fernando começa a andar pelo escritório - Doação detesto lidar com esta coisa. As pessoas fazem isto por que pensam que vão se salvar do inferno fingindo serem boazinhas. Por que não votam melhor ou pagam salários mais justos aos seus funcionários. Se fossem mais honestos no pagamento de seus impostos e nunca financiassem a corrupção, teríamos todas as necessidades da população desfavorecida socialmente atendidas. Com educação e saúde de qualidade eles mesmos se sentiriam responsáveis por seu destino,  sua dignidade ficaria intacta, pois não sentiriam excluídos.

Acho que você ganharia ou o premio Nobel da paz ou algumas dúzias de ovos se saísse por aí com esta teoria...

Com licença, aqui esta a senhora Ana, a diretora do abrigo de proteção às crianças em situação de risco.

Olá senhora, meu nome é Fernando, como já deve ter sido informada, e este é meu advogado Gerald Poolter!

Muito prazer em conhecê-los! Sr Fernando quero agradecer-lhe pela significativa quantia doada as crianças, penso que o senhor não faz ideia do quanto nos foi útil com sua contribuição, muito, mas muito obrigado mesmo!

 Os olhos da mulher estavam marejados e ela segurava com firmeza a mão de Fernando que percebia no semblante daquela senhora de meia idade uma bondade e paz que mesmo os olhos emocionados e lacrimejantes dela não puderam ocultar! Estava vestida de forma simples sem nenhuma joia, sua maquiagem era leve, uma mulher ainda bela de porte elegante, porém sem afetação, denotava bondade e firmeza, ao mesmo tempo.

Ele já havia frequentado, havia muito tempo, jantares beneficentes organizados por mulheres da alta sociedade, mas o que tinha observado era um bando de pessoas esnobes se embebedando com vinhos e menus caríssimos, vestindo roupas de grifes que dariam para acabar com a miséria de boa parte do país, enquanto doavam quantias risíveis e marcavam encontros libidinosos. Não eram capazes de cuidar nem dos próprios filhos que eram criados e educados por babas, nem sempre amorosas, enquanto as mães durante a maior parte de seus dias se ocupam frequentando cabeleireiros, indo a clinicas de emagrecimento ou nas boutiques de luxo gastando o dinheiro de seus maridos ausentes, se não de corpo com certeza de alma. E ali estava na sua frente aquela mulher que cuidava de crianças que nem eram suas, com o olhar expressivo, segurando sua mão com firmeza com o coração cheio de gratidão por algo que ele nem sequer havia feito!

Bem... Acho que a senhora esta enganada! Por favor, sente-se. Marcela? Providencie algo para a senhora, o que gostaria de tomar, um café, água, suco?

Absolutamente nada, só vim para lhe agradecer e cumprir o acordo que fiz!

Que acordo?

E com quem? Pergunta Gerald.

O acordo que fiz com sua representante. Ela me disse que deveria agradecer por sua doação, publicamente em um jornal e depois vir acompanhada por jornalistas, até seu escritório para lhe agradecer pessoalmente.

Qual o nome dela?

Ela não disse o nome quando lhe perguntei, disse-me apenas que foi encarregada de levar a doação em seu nome!

Como ela era? Quero dizer qual a sua aparência, seria possível descrevê-la Senhora Ana?

Sim. Ela é morena, não muito alta! Tem cabelos compridos sedosos e encaracolados. Um corpo que com certeza não passaria despercebido, e o mais lindo sorriso que já vi nos últimos tempos!

Aurélia!

Disseram os dois ao mesmo tempo!

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