Capítulo 19

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-Filho? Eu tenho um filho? – pergunta mudando totalmente o semblante.

- Não. Você apenas a engravidou, mas não pode se considerar pai dessa criança.

-Annie – para em frente a ela – Nós temos um filho? – pergunta em tão calmo.

Annie não fala nada, se acua mais na parede como se quisesse passar por ela.

-Deixe-a em paz – diz Haydée puxando Annie para ela – O que foi agora? Está arrependido? Há minutos atrás estava falando um bando de merda – debocha.

-Eu não sabia que ela havia engravidado – olha para Annie.

-E que diferença isso faz? – pergunta Haydée.

-Eu tenho um filho, isso faz toda a diferença – Matheus a encara.

-Pois não deveria, já que a mãe dessa criança sofreu muito, e você é responsável pelos piores anos da sua vida.

(silêncio)

-Cadê ele?

-Quem? – pergunta Haydée

-O meu filho.

-Quem disse que é filho? E quem disse que você pode considerar seu?

-Eu quero vê-lo.

-Lamento informar, mas isso nunca vai acontecer, pois a merda que você fez foi tão grande, e o trauma que você a fez sofrer – aponta para Annie – foi tão grande, que ela fez os pais entregarem o bebê para adoção.

-ELA FEZ O QUE? – pergunta gritando.

-O que você queria? Que eu ficasse com o fruto de um estupro? – grita Annie reagindo – Você queria que eu ficasse com o filho do homem que eu mais amei na vida e que me estuprou, me espancou? Que destruiu a minha vida para sempre? – grita mais alto – Era isso que você queria Matheus? Já não basta tudo que você fez comigo? Não basta eu me sentir culpada todos os dias por ter abandonado aquela criança na Inglaterra? – pergunta o encarando – Você fica me culpando pelos anos que você passou na cadeia, mas não foi só você que teve a vida destruída. Você já parou para pensar nisso? Não claro que não, você é muito egoísta para pensar na dor dos outros, para escutar os outros – diz com ódio – Eu não tenho idéia do onde está aquela criança, mas se um dia a encontrar não falarei quem foi o genitor dela, disso você pode ter certeza. Agora você deverá aprender a conviver com a culpa de que destruiu três vidas: A sua, a minha e a dessa criança que está em alguma parte do mundo passando por sei lá o que – diz chorando.

-Eu... Eu não queria te machucar – fala Matheus abalado – Eu te amava Annie, você foi a pessoa que eu mais amei na vida – deixa algumas lágrimas caírem – Eu estava drogado, deixei que o ódio, que as piadas dos meus amigos me dominasse e fiz mal a você.

-Mal? – ri nervosa – Você acabou com a minha vida, por sua culpa eu não consigo andar com a minha vida pessoal, por sua culpa eu não consigo chegar perto de um homem sem ter medo dele, por sua culpa eu tenho essa cicatriz no peito, por sua culpa eu não sei o que aconteceu com o bebê que eu tive – grita – E você acha que só me fez mal? – ri - Ainda pouco você estava me insultando, falando que eu era culpada por tudo, sendo totalmente irônico nas suas palavras e agora está aí tentando dar uma de arrependido. O que aconteceu Matheus? Ah! Já sei – ri debochando –Seu sonho era ter filhos, por isso está tão abalado. Você sempre foi apaixonado por crianças, mudava completamente quando estava perto de uma. Saber que teve um filho descongelou seu coração de gelo, mas como as coisas são não é? Eu não sei onde está o bebê, não tenho pistas do paradeiro dele porque meus pais se livraram dele através de uma assistente social inglesa, nem olhar para ele eu olhei, o odiava com todas as minhas forças – chora ao lembrar-se disso – Não é só você que é um monstro Matheus, você me fez um monstro pior que você. Eu abandonei uma criança por ódio a você. E nem sei se um dia vou poder encará-la para pedir perdão – diz chorando de raiva.

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