Capítulo 17

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Madrid

-Oi amor! – diz dando um selinho no marido.

-Oi! – fala em tom seco.

-O que você tem?

-Nada. – responde sem vontade.

-Carlos você não me engana, ande fale.

-Estava pensando em Haydée.

-Sinto saudades dela – diz Ellena.

-Não estava falando nesse sentido – fuzila a esposa com o olhar – Aquela petulante não aparece nas reuniões da empresa. A minha mãe só podia estar louca em colocar todo o nosso patrimônio nas mãos daquela pirralha – fala com raiva.

-É sua filha.

-Não tenho filha – grita – minha filha morreu.

-Querendo ou não, aceitando ou não. Haydée é sua filha – diz Ellena.

-Já disse que não tenho filha lésbica. Deveríamos ter dado umas boas surras nela, talvez tivesse parado com essa loucura de gostar de mulher. Onde já se viu uma mulher querer ser homem na cama? – resmunga Carlos se sentando na cadeira de seu escritório.

-O que está acontecendo com você? Ou melhor, o que aconteceu nessa reunião?

-Nada, mas aquela petulante não aparece há mais de 4 meses nas reuniões, sempre é o seu irmão que fala por ela.

-Você sabe que Haydée tem sua própria empresa para cuidar, e que meu irmão é o representante legal dela.

-Se ela se preocupa mais com aquelas lojinhas de roupas que com o patrimônio da minha família que abra mão da presidência. Que dê o cargo para alguém mais competente.

-Você e seus irmãos são doidos para que ela faça isso, não?

-Claro. É nosso por direito.

-Para vocês o mais importante é o dinheiro. Não duvido nada que seus irmãos já não tenham pensando na possibilidade de matar minha filha para ficar com a empresa.

-Não somos assassinos, muito menos idiotas. Ninguém sabe se existe um testamento e quem são os herdeiros do mesmo.

-Você já pensou na possibilidade de matar a nossa filha? – pergunta Ellena assustada.

-Já disse que minha filha morreu.

-Eu não acredito no que eu estou ouvindo. Será que seu preconceito é tão grande a ponto de desejar a morte da NOSSA filha? – grita Ellena.

-Não quero mais discutir com você.

-Eu que não quero mais discutir com você – diz saindo do escritório.

-O que aconteceu mamãe?

-Seu pai está louco.

-Estavam brigando outra vez por causa daquela sapatão?

-Não fala assim da sua irmã Rodrigo.

-Falar o que? Que ela é sapatão? Ué, não é isso que ela é? – dá um sorriso debochado.

-Eu já estou cansada disso – grita – Eu já estou cansada de TUDO – sobe a escada disparada.

Ellena chora.

Por quê? Por que tanto ódio? – se pergunta – Minha menina, minha filhinha – chora olhando uma foto de Haydée – Como você estará? – acaricia a foto de sua menina.

Brasil - Rio de Janeiro

-Quando você vai para São Paulo? – pergunta Annie.

-Amanhã e você?

-Irei no sábado.

-Quando você chegar lá, você me liga que eu mando te buscar no aeroporto.

-Ok!

-Onde está Bertha?

-Aonde você acha que ela está? – pergunta rindo.

-Ela não cansa – ri – Está mais empolgada que eu. Fiquei impressionada como as coisas ficaram prontas rápidas. Como diz aquele ditado: Com dinheiro as coisas são rápidas e fácies.

-Ela está se sentindo útil.

-Deixa-a se diverti e cuidar de tudo, pois eu já fiz a minha parte. Eu paguei – abraça Annie dando um beijo no pescoço – Senti saudades – diz dando beijos no rosto.

-Passamos o dia todo juntas – envolve os braços ao redor do pescoço de Haydée.

-Mas como sócias e profissionais não como namoradas – sussurra colocando os lábios nos de Annie.

-Eu não quero fofocas na empresa – sussurra com os lábios colocados nos de Haydée.

As duas se entregam em um beijo cheio de saudade, com movimentos rápidos com a língua e mordidinhas quando se separavam para buscar ar.


CicatricesOnde histórias criam vida. Descubra agora