Música para escutar lendo a cena: http://www.youtube.com/watch?v=o1gAyqoGVow&feature=related
"A Cada dia que passa sinto que a vida foge do meu corpo. Médicos e mais médicos, tratamentos que não estão dando certo. A esperança dentro de meu coração morre pouco a pouco, sinto que vou sufocar, que não tenho mais forças para continuar.
Penso em tudo e em todos, tento em vão encontrar culpados para tudo que está acontecendo comigo. O que eu fiz para merecer isso? O tempo está acabando e sinto que eu acabarei junto com ele. A cada dia que passa me sinto pior, já não tenho mais cabelos, as sessões de quimioterapias são horríveis, estou fraca, magra, com olheiras. Não tenho forças para nada.
Sinto saudade dos meus amigos, da minha escola, das tardes que eu passava com a minha tia na lagoa, sinto falta dos domingos em que toda a família se reunia para almoçar e dar risadas. A Mamãe fala que eu vou ficar boa, mas sinto que nem mesmo ela acredita que isso é possível. Saí do hospital por uma semana e fui para casa. Me senti pior do que estava no hospital. Todos me olharam com pena, parece que eu estou mesmo condenada a morte Eles pensam que eu sou muito nova e que não percebo os seus olhares, mas eu aprendi a notar tudo o que se passa a minha volta desde que descobrir que tenho leucemia. Seus olhares são de pena, até eles estão ficando sem esperanças, nada dá certo, a quimioterapia está matando a mim e não as malditas células.
Por que isso está acontecendo comigo? Será que eu fiz uma coisa muito errada para que Deus esteja me castigando com essa doença horrível?
Estou assustada. Minha amiguinha do hospital que tem a mesma doença que eu morreu ontem. Estou triste, minha mãe disse que é para eu pedir para Deus ajuda para que seja encontrado um doador compatível ou que a quimioterapia comece a dar certo. Escrevo para tentar amenizar um pouco o que sinto dentro do meu peito, já que não posso falar sobre isso com os meus pais. Não Aguento mais, não aguento mais sofrer, não aguento mais ver toda a minha família sofrer. Às vezes acho que é melhor eu morrer. Só assim poderei ter paz novamente e dar paz aos meus pais e a minha família.
Estou de volta, de volta ao meu novo lar, o hospital. Aqui é frio, me dá medo, aqui sinto que a qualquer momento meus olhos irão se fechar para nunca mais se abrir "Carolina.
Casa de Annie
-Oi amor! – diz Haydée ao entrar na sala, ela segue até onde Annie está sentada, dá um selinho nesta – Que cara é essa? – pergunta se sentando ao lado dela.
- Precisamos conversar – diz séria.
-O que aconteceu? Por que está tão séria? - pergunta Haydée preocupada com a aparência da namorada.
-Eu decidi uma coisa que pode interferir em nossas vidas drasticamente.
- O que você decidiu? Está me assustando amor – fala Haydée aflita.
-Decidi que vou ter outro filho do Matheus – fala de uma vez.
- VOCÊ O QUÊ? – grita Haydée nervosa se levantando do sofá.
-Se acalma – fala Annie com voz suave, a fim de conter a ira da namorada – É necessário, pode ser a única chance da Carolina já que nós dois somos os pais biológicos dela. Um filho nosso pode ser o doador compatível que necessitamos para salvar a Carolina. Eu já neguei muita coisa para ela quando nasceu, e não posso negar isso Haydée. Não posso negar a oportunidade de ela viver – fala com voz de choro.
- E como você vai fazer isso? Indo para a cama com ele? Você esqueceu que tem um trauma? E se você ficar mal outra vez? E se caso você não consiga engravidar dele de primeira? Vai continuar indo para a cama com ele até atingir o seu objetivo? – bombardeia uma Haydée ferida.
-Eu não tenho outra saída Haydée. Eu preciso correr esse risco mesmo que eu saia mal no final – chora – Eu preciso tentar ao menos devolver a vida para a Carol. Eu sou a única que posso ajudá-la, ou pelo menos tentar – a encara e nota que Haydée está chorando – Eu não queria te fazer sofrer com a minha decisão – tenta acariciar o rosto de Haydée, mas é repelida por esta que se afasta bruscamente.
- Você já decidiu, não temos mais nada que conversar – a olha perdida – Eu vou embora, depois conversamos – vai embora rapidamente da casa de Annie se sentindo muito mal.
-Eu a perdi, eu perdi o meu amor – diz Annie se atirando no sofá e chorando copiosamente.
Ela sabia que aquela decisão iria afetar o namoro das duas. Haydée jamais aceitaria que ela fosse para cama novamente com Matheus, e jamais aceitaria o filho desta relação. Não importava o porquê aquela criança havia sido gerada, o que importava é que Annie passaria ter responsabilidades e obrigações com aquela criança, talvez Haydée não estivesse pronta para está responsabilidade, para o amadurecimento de uma relação tão recente.
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Cicatrices
RomanceEssa História foi escrita em 2009. E publicada nos sites: Xanainbox e Livrearbitrio. Infelizmente ambos os sites acabaram, e para minha surpresa e espanto. Recebi uma chuva de e-mails de leitoras querendo que eu publicasse a história no Wattpad. *...