Sala da presidência
-Meu Deus! Não sei como estou viva – diz Haydée se jogando na cadeira.
-Você foi muito corajosa sobrinha – ri Ryan.
-Tio – se ajeita na cadeira – O senhor não ficou mesmo chateado comigo?Afinal você é o vice- presidente, você que comanda tudo por aqui.
-Claro que não, eu não tenho o sangue dessa gente, se estou nesse cargo é por amor a você. Tenho os meus negócios fora daqui – olha de forma carinhosa – Não se preocupe minha pequena.
-Mamãe – se vira para a mãe - A senhora por de explicar a atitude do papai lá dentro? – faz uma cara confusa – Eu não entendi porque ele me defendeu.
-Isso também me surpreendeu, mas fiquei feliz – sorri carinhosamente para a filha – Notei que o Carlos com quem me casei, e que amo há mais de 38 anos está vivo – pausa – Seu pai te ama Haydée, nunca deixou de te amar – Haydée ia interromper, mas Ellena continua a falar – Sei que ele te faz pensar ao contrário com suas atitudes, mas ele não consegue aceitar que sua princesinha goste de meninas. É difícil para alguns pais aceitarem isso, no inicio eu também não aceitava, mas depois me dei conta que amor de pai e mãe é incondicional, o que importa mesmo é a felicidade de nossos filhos – caminha para perto da filha e limpa algumas lágrimas que caíam daqueles belos olhos azuis- acinzentados – No llores cariño – a abraça – Tudo vai se resolver.
A secretária anuncia a chegada de Carlos
-Eu não sei se estou preparada para falar com ele mamãe – fala com receio.
-Mantenha-se firme – fala Ellena.
Carlos entra no escritório e encara todos:
-Quero falar com você e sua mãe a sós.
Haydée olha para mãe que faz sinal positivo.
- Ok! – olha para os demais – Tio faz companhia para a Annie?
-Claro – sorri – Venha comigo querida.
-Sim – sorri Annie – Eu te espero lá fora – caminha até Haydée e lhe dá um selinho – Força. Deixe-o falar. Eu te adoro! – dá mais um selinho e sai com Ryan.
Um silêncio domina. Carlos está visivelmente nervoso, mas as duas mulheres ainda não sabem direito por que. Haydée resolve quebrar o silêncio e fala:
-O que senhor que falar comigo?
-Sim.
- O quê?
- É muito difícil para eu estar aqui nesse momento – passa a mão pelos cabelos – Todos esses anos eu nutri por você uma enorme indiferença, para mim você estava morta como seu irmão que morreu. Eu não aceito o seu estilo de vida, por muitas vezes me perguntei onde foi que nós erramos em sua educação – a encara – Nós te demos tudo: Amor, carinho, te colocamos nas melhores escolas, demos tudo o que pedia – abaixa a cabeça, a fim de controlar a sua visível emoção – Eu não entendo Haydée – ergue a cabeça e olha para a filha – Eu não entendo como a minha filhinha pode gostar de mulheres. Quando descobri que você gostava de mulheres me revoltei, tentei tirar essa ideia da sua cabeça, mas quando você me enfrentou eu me desesperei, vi minha carreira sendo arruinada e meus amigos rindo de mim – volta baixar a cabeça – te via como uma estranha, naquele momento todo o amor sumiu dando lugar ao desprezo, ódio e indiferença – respira fundo – Naquele momento pensava mais em minha carreira e no que as pessoas falariam de mim – faz um breve silêncio e volta a encarar Haydée que estava chorando baixinho com sua mãe que a abraçava – Você estava morta para mim até o dia de hoje, quando soube que meu irmão encomendou sua morte para ficar com a empresa e a fortuna da nossa família. Não serei hipócrita e falar que não queria que o comando da empresa voltasse para as minhas mãos e de meus irmãos, mas não da forma que ele pensou, não matando você. Como eu disse na briga com sua mãe, nós não somos assassinos pelo menos eu não sou.
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Cicatrices
RomanceEssa História foi escrita em 2009. E publicada nos sites: Xanainbox e Livrearbitrio. Infelizmente ambos os sites acabaram, e para minha surpresa e espanto. Recebi uma chuva de e-mails de leitoras querendo que eu publicasse a história no Wattpad. *...