Capítulo 32

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Annie permanece parada, ela está em choque com o que acabara de ouvir. Paulo leva as mãos à cabeça, Marisa se agarra ao marido e começa a chorar. Haydée se aproxima de Annie, mas esta reage a repelindo.

- O que você disse? Eu escutei direito? – Pergunta Annie encarando Haydée.

-Você escutou direito, e sim essa é a verdade – diz Haydée fitando os olhos de Annie que estavam lacrimejados, mas com raiva, magoa e tristes, não sabia dizer ao certo o que o olhar de Annie dizia naquele momento, mas boa coisa não era – Carolina é sua filha perdida, descobri quando os meus pais chegaram ao Brasil. Não te contei antes porque tinha que perguntar para eles – aponta para a família de Annie – Se tudo o que tinha aqui – pega o dossiê nas mãos - era verdade – respira fundo – Não queria falar tudo para você sem ter certeza porque isso tudo é mais complicado do que pensávamos. Só quem pode explicar para você o porquê disso tudo, são os seus pais e sua irmã.

-Você mentiu para mim – diz Annie deixando escapar uma lágrima – Disse que não tinha nenhuma novidade.

-Eu não menti para você, só quis lhe poupar de algo que eu ainda não tinha certeza. E se fosse um engano do detetive? Como iria ficar sua situação com a sua família? – a encara com os olhos lacrimejados, temendo que seu namoro com Annie tivesse sido abalado – Desculpe por demorar tanto para perguntar isso aos seus pais, mas a doença de Carolina me deixou sem ação. Todos estão abalados, mas devido ao diagnostico, mais cedo ou mais tarde você iria se dar conta que havia algo errado – diz em um fio de voz, sentando-se no sofá.

Annie a encara com magoa. Não podia acreditar que Haydée tivesse escondido a verdade dela. Annie olha para os pais que estavam nervosos e sem ação, e para irmã que chorava agarrada ao marido. Reunindo todas as forças existentes em seu ser ela consegue perguntar:

-Eu quero a verdade – os fita séria – O que a Haydée acabou de falar é verdade? A Carolina é a minha filha?

-Filha eu posso explicar – diz Paulo se levantado. Annie faz sinal para ele parar:

-Fique onde está, pois, não quero explicações. Eu só quero que me responda se Carolina é ou não minha filha.

-Sim – fala Paulo – Carolina é sua filha.

Annie começa a chorar desesperadamente, já não tinha controle sobre seus sentimentos. Não podia acreditar que Carolina, sua sobrinha e afilhada era na verdade sua filha. Filha que foi fruto de um estupro, a filha que ela tinha rejeitado e odiado. E agora? O que ela faria? Seus pais tinham mentido para ela. Todas as pessoas que ela amava haviam mentido e a machucado. Sem forças para lutar, sem forças para nada ela só teve uma saída: Fugir. Ela segue em direção a garagem, mas é impedida por Haydée.

-Me solta mentirosa – grita Annie.

-Não vou te soltar – fala firme – Me escuta – a Segura pelos braços fazendo-a encara - lá – Se você quiser terminar o nosso namoro tudo bem, mas jamais me chame de mentirosa ou traidora, pois isso eu não aceitarei. Quem mentiu para você esse tempo todo foi a sua família, não eu. Entrei na sua vida faz pouco tempo e o pouco tempo que estou nela tentei te fazer feliz, creio que consegui, por um momento. Errei ao ter omitido de você por alguns dias a verdade? Sim errei, mas eu precisava ter certeza de que isso de fato era verdade, pois imagine eu falar para você: Annie a Carol é sua filha, e no final isso não ser verdade? Olha o constrangimento? Vi hoje a oportunidade de tirar essa história a limpo e o fiz. Agora você sabe onde está sua filha e quem ela é. Você a rejeitou Annie, você se desfez dela, creio que por mais que se sinta enganada por sua família você tem certa parcela de culpa nisso, pois você não a quis. Seu pai encontrou um lar para seu bebê, e esse lar foi o mesmo que o seu. Se eles não te contaram a verdade foi porque algum motivo eles tiveram – fala sinceramente – Antes de você julgar, odiar, até xingar algum de nós você tem que entrar naquela droga de casa e exigir repostas. Depois disso você pode sim mandar todo mundo para o quinto dos infernos – fala com certa rispidez.

Annie a encara nos olhos e Haydée não desvia nem um minuto o seu olhar do de Annie. Annie percebe o erro com Haydée, na verdade ela só a ajudou a descobrir a verdade, não tinha porque jogar toda a culpa em Haydée, fora ela mesmo que havia pedido sua ajuda para encontrar a filha perdida.

-Desculpa – fala envergonhada abaixando a cabeça – Você tem razão, você não podia me falar isso sem ter certeza – volta a encara – lá – me perdoa? – pergunta timidamente – Eu sou uma idiota. Descontei em você toda minha raiva e magoa por ter sido enganada por tantos anos pelas as pessoas que eu mais amo no mundo. Eu agora só tenho você Haydée, e não vou me perdoar se te perder – acaricia o rosto de Haydée – Não consigo imaginar a minha vida sem você porque – pausa e olha nos fundo dos olhos de Haydée – Porque eu te amo e não suportaria que você me deixasse.

Haydée olha para Annie surpresa e emocionada com aquela declaração. Sente um aperto no peito e como se tivesse mariposas no estomago de tanto nervoso e felicidade, sorri para Annie que aguardava uma reação por parte de Haydée, a puxa pela nuca colando seus lábios nos dela a beijando apaixonadamente sentindo seu peito explodir de tanta felicidade, ao final do beijo encarado-a nos olhos diz:

-Eu te amo Annie, e se depender de mim nós nunca vamos nos separar – a abraça com força.

Elas ficam alguns minutos abraçadas, esquecem por um momento a tormenta que se instalara em suas vidas, principalmente na vida de Annie que precisava do apoio e do amor de Haydée mais do que nunca.

-Amor, você precisa resolver isso rápido – diz Haydée tirando uma mexa de cabelo dos olhos de Annie.

-Eu não quero falar com eles – diz magoada.

-É melhor encarar isso agora do que deixar para depois – fala de forma carinhosa.

-Fica ao meu lado? – pergunta Annie temerosa.


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