Capítulo 48

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"Tudo está ainda tão confuso. Hoje vi minha madrinha e a tia Haydée na casa dos meus avos. Senti muita vontade de falar com a minha madrinha, sinto sua falta, mas ainda não consigo me aproximar dela, sempre que tento ou penso à respeito, lembro-me de que ela me rejeitou, e que se não fosse pelo meu avô nem sei onde eu estaria agora. O que devo fazer? Preciso de ajuda, mas não quero pedi-la. Carolina"

Carolina completa 11 anos, mas não quer uma festa de aniversário, pelo contrário não tem animo para comemorar nada. Tornou-se uma menina sombria e triste. Todos estão preocupados com ela, tanto por sua saúde como por sua postura. Marisa tenta a todo custo convencer a filha a fazer uma festinha de aniversário.

-Eu já disse que eu não quero – Grita Carolina – Eu estou feia, não quero que os meus amigos me vejam assim e tenham pena de mim.

-Mas é seu aniversário meu amor. Seus amigos sentem a sua falta – fala Marisa tentando convencer Carolina – Veja todas essas cartinhas – aponta para uma caixa – Eles mandaram desejando toda sorte do mundo e você nem as abriu.

-Eu já disse que eu não quero ver ninguém. Todos estão com pena de mim. Eu odeio que todos sintam pena de mim porque eu estou doente. Eu não vou ler carta de ninguém – fala Carolina alterada.

Marisa se dá por vencida e desiste da festa de aniversário da filha.

- Ela está se tornando agressiva – choraminga Marisa – Muda de personalidade o tempo todo.

-Não se preocupe meu amor – fala Ângela – Carolina está sofrendo uma grande pressão por conta dessa doença. Seu frágil corpo está sendo atacado com medicamentos violentos. Ela perdeu os cabelos, vive em hospital, não tem mais contato com nenhum amiguinho do colégio, descobriu que é filha da madrinha e não sua. A cabecinha dela está uma confusão só.

-Eu queria que ela se abrisse comigo, mas Carolina não diz nada. Fica calada – chora Marisa – Quero minha filha de volta mamãe.

-Fique tranquila minha menina – fala Ângela tentando acalmar a filha que chora compulsivamente.

Escritório de Haydée

- Oi amor! – diz Annie entrando.

-Oi linda! – responde Haydée se levantando e indo em direção à esposa dando-lhe um selinho.

-Vim saber se você já terminou – olha para a mesa de Haydée – Não estou me sentindo muito bem – passa a mão na barriga – ela está me deixando sem ar o tempo todo, acho que quer que eu deite para que ela tenha mais espaço – faz uma careta.

-Está sentindo alguma dor? – pergunta Haydée preocupada.

-Não. Só que ela está agitada e está me chutando perto das minhas costelas, me deixando sem ar, tenho que ficar mexendo na barriga para ela se mexer e eu poder respirar – responde Annie.

-Ela está ficando sem espaço – sorri Haydée passando a mão na barriga de Annie – Ei filhota! – fala pertinho da barriga de Annie – para de deixar a mamãe sem ar tadinha, fica quietinha que quando você sair daí, eu prometo te dar muito doce – diz Haydée sorrindo e dando um beijo na barriga de Annie.

-Não prometa coisas que você não vai poder cumprir - diz Annie brava.

-E o que eu prometi que eu não possa cumprir? – ri Haydée.

-Você acha que eu vou deixar você encher a nossa filha de doce? – pergunta séria.

-Credo! A gravidez está te deixando rabugenta. O que tem a menina comer doce? Você come doce o tempo todo, dava doce para a Carolina, porque a nossa filha não pode comer doce? – pergunta Haydée indignada.

- Eu não quero e pronto – desconversa Annie.

Haydée sorri e dá um beijo em Annie. Um beijo longo e cheio de amor.

- Deixa de ser rabugenta. Prometo que só darei doce para ela só quando ela estiver maior, e só depois do jantar – ri Haydée.

-Eu quero que ela coma frutas ao invés de doce – resmunga Annie.

-Ta! Eu desisto! – diz Haydée sorrindo levantando as mãos para o alto – Eu prometo que só darei doce para ela quando você não estiver por perto - gargalha Haydée – Afinal o que os olhos não veem você não nos chateia por comermos doce.

-Palhaça! – fala Annie dando um tapa em Haydée.

CicatricesOnde histórias criam vida. Descubra agora