Ela se despede dos pais e vai procurar Annie, como não a encontra liga para o celular do tio:
- Tio, onde vocês estão?
-Estou com Annie no jornaleiro, a sua namorada queria comprar algumas revistas – ri Ryan.
-Ela e sua mania por revistas – ri Haydée – Pergunta se ela quer sair para almoçar.
-Annie – chama Annie que está distraída vendo algumas revistas de moda.
-Oi?
-Haydée está perguntando se você que sair para almoçar – diz entregando o telefone celular.
-Oi Hay!
-Oi linda! Você que sair para almoçar?
-Almoçar Hay? – ri – Já são quase 4 da tarde.
-É verdade – diz olhando para o relógio do outro lado da linha – O que você acha de comermos alguma besteira, e a noite sairmos para jantar?
-Por mim tudo bem.
-O que você quer comer?
-Qualquer coisa.
-Qualquer coisa não tem – ri.
-Sua boboca, por mim tanto faz, só não pode ser fritura.
-Estou descendo com os homens de preto, peça ao meu tio para trazê-la de volta.
-Ok!
*Rio de Janeiro*
-Oi Bertha!
-Oi Ângela! – sorri – Entre – fala dando passagem para Ângela.
-Tem noticias das meninas?
-Sei que chegaram bem, mas não sei como estão as coisas lá.
-E como vão as coisas na cobertura de Haydée?
-Uma loucura – ri – Estou deixando as arquitetas doidas.
- Imagino – ri divertida.
-Haydée me deu carta branca, então estou dando uma de madame, eu escolho e ela paga – faz cara de criança arteira – Tem uma equipe grande trabalhando, a arquiteta disse que em 10 dias entrega a cobertura, decorada e reformada.
-Com dinheiro se constrói uma casa em uma semana.
-Dinheiro não compra felicidade, nem amor, mas nos dá um bom conforto – ri.
-Estou muito feliz com essa relação da minha filha com Haydée. A Annie nunca trouxe um namorado desde o - pausa.
-Não se preocupe – encara Ângela - a Annie já contou a minha menina tudo sobre o seu passado, e a minha menina contou-me em forma de desabafo.
-Eu tenho medo de que isso seja apenas uma fase da Annie – diz Ângela tristemente – tenho medo de que ela magoe a Haydée. A Annie às vezes é uma menina doce, alegre, mas em certos momentos ela se transforma tornando-se uma menina triste e isolada.
-Não se preocupe se eu não me engano aquelas duas estão começando a se apaixonar uma pela outra – sorri – Minha menina também tem os seus problemas como: Não acreditar no amor. Assim como ela ajudou a Annie nesse trauma que ela tem, a Annie nesse momento a está ajudando com um trauma que ela sofre há anos: O preconceito de sua família.
-Você sabe em que hotel elas estão hospedadas?
-Sim – levanta-se – Estão no The Ritz – Pega um bloco de recados – Aqui está o número da suíte e os telefones do hotel.
-Obrigada!
-De nada.
Bertha e Ângela conversam algumas amenidades, falam um pouco de suas "filhas", filhas porque Bertha considerava Haydée como sua filha.
Durante toda a semana Haydée levou Annie para conhecer todos os pontos turísticos de Madrid, as duas estavam cada vez mais unidas, conversavam sobre muitas coisas. Os pais de Haydée estavam encantados com Annie, até mesmo Carlos que era fechado no começo, caiu nos encantos da bela loirinha de olhos azuis que agora estavam menos tristes. Carlos e Ellena acompanharam as duas em alguns passeios como: a ida ao teatro, e um jantar em um dos melhores restaurantes de Madrid. Annie e Haydée evitavam trocar carícias ou beijos na frente de Carlos e Ellena. Elas os respeitavam muito.
O namoro das duas ia de vento em poupa. Haydée mimava Annie todo tempo, ela se sentia na obrigação de protegê-la. Até o presente momento as duas não haviam ido além de caricias inocentes, por mais que ambas sentissem vontade de estarem uma com a outra de forma mais intima, queriam que fosse no momento certo e no lugar certo. Podia parecer besteira já que ambas eram adultas e não eram mais virgens, mas para elas as coisas não funcionavam dessa maneira. Haydée queria que a primeira vez dela com Annie fosse mágica e inesquecível, que fosse como a primeira vez dela, podia parecer maluquice, mas ela queria a entrega total de Annie. Como se fosse a primeira vez dela, já que sua primeira vez foi tão traumatizante.
"Sinto que estou me libertando, sei que já me senti assim tantas outras vezes. Mas agora é diferente, chego a pensar que tudo é um sonho e que a qualquer momento vou acordar e viver todo aquele pesadelo. Haydée é maravilhosa. Ela é carinhosa, atenciosa, me mima muito. Não sei se ela era assim com as outras namoradas delas, ou se é só comigo. Tenho medo de magoa-la, queria poder perder esse medo, mas às vezes é tão difícil. Em algum lugar desse mundo está a minha filha. Será que ela é feliz? Será que ela recebeu o amor que eu neguei? São tantas coisas que se passam pela minha cabeça, tantos sentimentos confusos e contraditórios. Queria ter o poder de apagar o passado e viver o presente livre desses fantasmas do passado. Não é que eu queria esquecer minha filha se é que posso chamá-la assim, não sei o que acontece, quero tanto encontrá-la para pedir-lhe perdão, mas ao mesmo tempo tenho medo. Não estou preparada para lidar com uma rejeição. Ela é uma menina de 10 anos, não sei nada dela, nem ao menos conheço o seu rosto. Como posso chegar na frente dela e dizer: Oi sou a mulher que te abandonou, queria que me perdoasse, mas eu não estava preparada para ser mãe. Isso seria no mínimo ridículo, mas o que eu vou falar? Como explicar que a abandonei porque o seu "pai" me violentou me deixando com um trauma que eu nunca mais esquecerei? E que ela me lembrava isso e por isso a abandonei. Céus! Por que tudo é tão difícil? Será que eu nunca vou poder ser feliz? Estou com medo de que Haydée se canse de mim, sei que ela se excita quando nos beijamos, que se segura ao máximo para não avançar o sinal. Eu também quero muito fazer amor com ela. Pera aí! Fazer amor? Nossa! Nunca pensei dessa maneira: Fazer amor: Soa Bonito. Não é amor o que eu sinto por Haydée, nos conhecemos há tão pouco tempo, mas ela me transmite e já demonstrou que é de confiança. Gosto dela, gosto de estar com ela, gosto dos seus beijos, gosto de suas carícias, de sua companhia. Mas ainda não sinto amor, Na verdade tenho medo de senti-lo, por mais que saiba que Haydée é totalmente diferente do Matheus ainda tenho receio de me entregar completamente a essa relação, sei que estou sendo errada, mas é mais forte do que eu. Às vezes dá vontade de chegar para a Haydée e terminar tudo, mas eu não quero. Droga! Eu sou tão complicada, sinto vontade de me dar um soco. Deus! Ajuda-me com essa cicatriz, a curá-la de uma vez por todas. "Eu quero ser feliz, eu quero voltar a ser a Annie sem medos, quero esquecer o passado, por favor, me ajude, me ajude a superar tudo isso".
Annie terminar de escrever em seu diário de desabafos.
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Cicatrices
RomanceEssa História foi escrita em 2009. E publicada nos sites: Xanainbox e Livrearbitrio. Infelizmente ambos os sites acabaram, e para minha surpresa e espanto. Recebi uma chuva de e-mails de leitoras querendo que eu publicasse a história no Wattpad. *...