Capítulo 10

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- Nossa! E como ficou? Eles conseguiram pegar sua herança?

-Não. Eu sou dona de uma fortuna na Espanha, meu pai me odeia – faz uma careta -acho que se ele pudesse mandava me matar, primeiro me mataria por eu ser lésbica e segundo porque ter ficado com todo o patrimônio dos pais dele. Eu fiquei surpresa com o testamento da minha vó, jamais esperaria que ela fosse fazer isso. Agora eu entendo mais ou menos o porquê ela me fez fazer faculdade de administração. Apesar de ter profissionais cuidando de todo o patrimônio deixado por ela, sempre estou nas reuniões, é um pouco chato porque meus tios trabalham na empresa, são acionistas, mas eu sou a presidente e possuo 55% das ações, está tudo entre a família, não há estranhos no comando, ou na diretoria da empresa. Houve um período que tínhamos outros acionistas, mas graças a uma crise conseguimos comprar as ações de volta. Tudo é altamente fiscalizado pelos meus advogados que eram de inteira confiança de minha vó.Com o dinheiro que ganhei da herança de minha tia mais uma parte do dinheiro da herança da minha vó montei a HV & Cia, agora já cobri todo o dinheiro investido e coloquei no lugar de onde havia tirado.A Bertha me diz que é para eu ter um filho logo para que eu possa ter para quem deixar o dinheiro porque se amanhã eu morro, todo o dinheiro vai para os meus pais, e meus irmãos, caso eu não deixe um testamento.Se a Bertha fosse mais nova, eu deixaria todos os meus bens para ela e para o meu tio, mas ela se nega.Ela é turrona, eu já cansei de falar que ela é como minha mãe e que merece tudo o que eu dou para ela, mas ela insiste em ser empregada.Ela que cuida de tudo da casa, claro que temos outras empregadas, mas ela cuida de cada detalhe.

-Sua família tem empresa de que?

-Na verdade é uma companhia. Trabalhamos com no setor de construção. Atualmente atuamos em: construção; recolha e tratamento de lixos urbanos, a limpeza de ruas, no fornecimento de águas, gestão de parques, transportes de passageiros, inspeções oficiais de veículos e mobiliário urbano entre outras atividades, ou seja, uma prestadora de serviços. Atualmente somos os lideres na Espanha, pois compramos a nossa concorrente há 8 anos.

-E porque você não tem um filho?

-Não queria fazer inseminação, com o sêmen de um desconhecido. Se eu tivesse um primo de segundo grau e gay de preferência eu pediria o sêmen dele, mas como eu não tenho fica difícil – faz uma careta – tenho alguns primos, mas jamais pediria para eles doarem esperma para mim, são uns idiotas.

-Eu também não faria inseminação com o sêmen de um completo desconhecido, amigos gays são o que não falta, mas eu não quero ter filhos.

-Vamos morrer sem herdeiros então – ri Haydée.

-Você já pensou em adotar?

-Já, mas da mesma forma que não quero o sêmen também não quero criar o filho de um desconhecido correndo o risco de os pais biológicos baterem um dia na porta da minha casa querendo conhecer a cria que eles abandonaram.

-Você é contra isso?

-Contra o que?

-Você não acredita que existam pais que se arrependeram de ter dado seus filhos para adoção?

-Acredito que existam casos assim, mas penso da seguinte maneira: Se você não quer engravidar use camisinha, mas não carregue uma criança por nove meses para depois deixá-la em um orfanato qualquer. A criança não tem culpa dos erros dos pais.

-Ás vezes a mãe pode ter sido violentada – diz Annie com lágrimas nos olhos.

-Ei! Por que você está chorando? – pergunta Haydée abraçando Annie.

-Eu tenho uma filha Haydée – diz chorando desesperadamente.

-O quê? – se afasta de Annie olhando-a nos olhos – você tem uma filha?

-Eu tive, tenho, não sei onde ela está – diz enrolado em meio a lágrimas.

-Como você não sabe onde está sua filha? – pergunta Haydée a encarando – O que você fez com ela Annie?

Annie chora desesperadamente sentando-se no chão abraçando as pernas em seguida. Bertha chega à porta da varanda e vê a cena e prefere se retirar, mas antes chama Haydée em um canto:

-Haydée eu vou para o hotel.

-Ok! – diz passando a mão nos cabelos e respirando fundo.

-Aconteceu alguma coisa? – pergunta preocupada - Por que Annie está chorando?

-Problemas bá – respira fundo - Os problemas dela são mais fortes que eu imaginei.

-Fique com ela aqui esta noite, peça algo para comerem pelo telefone, qualquer coisa eu estarei no hotel – diz dando um beijo em Haydée – não deixe que o passado dela afaste vocês duas, procure saber toda a história, e não abandone a Annie agora. Ela está começando a se abrir com você.

-Eu não vou deixar ela sozinha, quero saber o que aconteceu para que ela tenha abandonado uma criança.

-Que criança?

-Ela teve uma filha bá, e se livrou dela.

-Meu Deus! – exclama Bertha levando a mão na boca.

-Vai para o hotel, depois nós conversamos – suspira – As meninas já foram embora?

-Já.

Bertha se despede de Haydée e segue para o hotel

Haydée volta para o lado de Annie que continua a chorar desesperada.

-Vem Annie vamos para o seu quarto.

Annie estende a mão para Haydée e elas vão abraçadas para o quarto de Annie.

-Você quer alguma coisa? Quer que eu ligue para algum lugar e peça algo?

-Não. Fica comigo – diz abraçando Haydée.

-É claro que ficarei com você – diz acariciando os cabelos de Annie.

Depois de alguns minutos Annie se acalma um pouco.

-Você tem tempo?A história é longa.

-Tenho todo tempo do mundo para você – diz dando um selinho em Annie e a acomodando em seus braços.

CicatricesOnde histórias criam vida. Descubra agora