- Ei! Eu não estou falando isso – fala Annie puxando Carolina para os seus braços – Eu sou sua mãe, sempre vou ser, mas não vou obrigá-la a me ver como tal e a me chamar de mãe. Eu sei o quanto você ama a sua mamãe Marisa e seu papai, não estou te rejeitando outra vez minha bonequinha – acaricia a cabeça lisinha de Carolina – Você não precisa escolher alguém, você pode ter todos, você não é obrigada a nada.
-A mamãe vai ficar muito triste se eu for morar com você, mas você também vai ficar muito triste se eu ficar com ela – diz chorando – Eu não sei o que fazer – se agarra a Annie chorando.
- Meu amor não chore – afasta Carolina dos seus braços e a olha nos olhos – Você pode ter duas casas, pode ter três mamães – sorri – Marisa, Haydée e eu. Não precisa escolher com que ficar, pode se dividir, ficar com todo mundo um pouquinho, faça o que você quiser minha bonequinha, todos nós entenderemos e respeitaremos a sua decisão.
Carolina fica um tempo olhando para Annie. Gostou da ideia de ter duas casas e várias mães, toda a dor que sentia, toda a raiva que nutria por Annie se dissipou. Sentia muito a falta de Annie e queria tê-la ao seu lado novamente, como madrinha e agora como mãe. É claro que algumas das atitudes de Annie ela não entendia bem, mas o amor que sentia por esta era tão grande que todos os problemas ficavam pequenos. E nos últimos tempos Annie provou que a amava incondicionalmente, a prova disso era o bebê que ela estava esperando. Carolina sorri para Annie e a abraça forte:
-Senti sua falta!
-Eu também minha bonequinha – diz Annie explodindo de felicidade.
As duas ficam um tempo abraçadas. Annie faz carinhos em Carolina incansavelmente.
- Como eu devo te chamar? – pergunta Carol fazendo uma careta engraçada.
-Como quiser minha linda – fala Annie, carinhosa.
-Eu vou pensar, tenho que falar com a mamãe – faz uma careta – O que o bebê que você está esperando será meu? – pergunta de cabeça baixa.
- Bom – ri Annie – Ela é teoricamente ela é sua prima, mas geneticamente ela é sua irmã.
-Eu sempre quis ter uma irmã para brincar, mas a mamãe não pode ter mais filhos – fala Carolina tristemente – Ela vai saber que eu sou irmã dela? – pergunta.
- Vai sim. Não quero esconder isso dela – diz Annie fitando Carolina nos olhos.
-E eu posso contar para todo mundo que terei uma irmã? – pergunta contente.
-Claro que pode meu amor – responde Annie sorrindo.
– Mas como vou explicar que a minha "prima" é na verdade minha irmã? – pergunta confusa.
-Aí você que vai decidir – responde Annie.
-Simples! – sorri Carolina – Falarei que sou muito sortuda e que tenho três mães. Minhas amigas vão morrer de inveja – diz alegremente.
-Vão sim – fala Annie emocionada.
- Por que está chorando? – pergunta Carol limpando as lágrimas de Annie.
- Estou chorando de alegria meu amor - fala acariciando as costas de Carolina.
- Mas não chora – sussurra – Não gosto quando você chora – fala Carol abraçando Annie bem forte.
- Posso fazer uma pergunta?
-Já fez – ri Annie – mas pode fazer outra.
-Ela vai mesmo me salvar? – se desprende do abraço de Annie a encarando com os olhos lacrimejados.
- Vai meu amor. Ela é compatível com você geneticamente. Os médicos nos garantiram isso – responde Annie limpando as lágrimas de Carolina – Vai dar tudo certo.
-Eu não queria que ela me salvasse – fala abaixando a cabeça – Estava com muita raiva de você e morrendo de ciúmes dela.
-Ciúmes? – pergunta Annie.
-Aham! Ela vai ter o que eu não tive de você, você vai ser mãe dela desde quando ela nascer. E também ela vai tirar o meu posto de filha única, neta única, sobrinha única – diz fazendo uma careta.
-Oh minha ciumentinha! – puxa Carolina para um abraço – Ela não vai tirar nada de você não, todos nós te amaremos da mesma forma e te mimaremos da mesma forma, e você terá um primo, esqueceu? O seu tio Sérgio vai ser papai.
-Tinha esquecido o filho dele. Só espero que seja um menino, não sei se aguentaria outra menina – fala fazendo um drama teatral, com direito a mão na testa e cara de sofrimento.
-Palhaça – diz Annie rindo.
As duas ficam conversando algumas coisas. Carolina faz mil perguntas sobre a irmãzinha, conta algumas coisas que aconteceram nesse tempo que elas não se falavam. Conta como detesta as sessões de quimioterapia.
-Cadê Carolina? – pergunta Marisa.
-Não há vejo tem um tempinho – responde Ângela.
Marisa procura Carolina por toda casa, e a cada cômodo que entra e não a encontra fica ainda mais preocupada. Finalmente encontra Carolina no quarto que era da irmã.
-Finalmente te encontrei mocinha – fala Marisa assim que vê Carolina – Estava te procurando pela casa inteira – para de falar quando nota a cena. Carolina estava deitada do lado de Annie com uma mão na barriga de Annie.
-Estava sentindo o bebê mexer mamãe. Ela mexe muito – sorri Carolina.
Marisa fica com os olhos lacrimejados e olha para a irmã que sorri para esta. Marisa se aproxima das duas e senta-se na cama, Carolina pega uma mão de Marisa e coloca na barriga de Annie:
-Ela está mexendo aqui – coloca no ponto onde a bebê estava mexendo – A minha ma...dinda – se corrige envergonhada – disse que ela não para quieta.
Marisa olha para Carolina e fala:
-Pode chamar a Annie de mãe meu amor – diz acariciando o rosto da filha – Eu não vou sentir ciúmes.
-Verdade? – pergunta Carolina desconfiada.
- Verdade – responde Marisa amorosa.
Carolina abraça Marisa com força:
-Você vai continuar sendo minha mãe, e eu vou continuar morando com você – diz chorosa – Eu te amo muito mamãe!
-Eu também te amo meu amor! – diz Marisa chorando pela declaração de Carolina.
Annie assiste tudo emocionada, finalmente sua família estava unida outra vez, e a paz por fim estava reinando entre eles. Ela já não tinha mais motivos para chorar, ao menos que fosse de alegria. Não tinha motivos para ficar triste, deprimida. Agora ela podia por fim ser feliz. Tinha uma esposa que a amava incondicionalmente, tinha ao seu lado sua filha perdida, tinha uma família que a amava muito, e estava esperando outra filhinha.
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Cicatrices
RomanceEssa História foi escrita em 2009. E publicada nos sites: Xanainbox e Livrearbitrio. Infelizmente ambos os sites acabaram, e para minha surpresa e espanto. Recebi uma chuva de e-mails de leitoras querendo que eu publicasse a história no Wattpad. *...