Capítulo 4

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Diego não me soltou enquanto meu choro não cessou. Ele preparou o almoço, comemos em silencio. Na maior parte do tempo o sentia me olhando, mas não falava nada e o agradeço mentalmente.

- Vou treinar. – digo indo para o quarto pegar minha bolsa. Ele continua sentado no chão da sala, vendo tevê.

Pego minhas luvas de boxe e coloco dentro da bolsa que uso pra academia. Junto o tênis e retorno pra sala. Ele me olha e retorna a atenção pra televisão.

Ta, isso está estranho... sento ao lado dele e começo a colocar o tênis, ele não tira os olhos da tv.

- você vem comigo ? – pergunto

- não. – me responde sem olhar.

Que merda esta rolando hoje, pra todos agir assim ? bipolares e eu não sabia ? uma hora estão um amor de pessoa comigo, depois secos e frios.

- ta, quando sair tranca tudo e deixa a chave com seu Jorge na portaria. – ele finalmente me olha nos olhos e vejo seus olhos irem de cinza a pretos. Nunca entendi quando isso acontece com ele.

- sim, senhora. – sussurra e me beija na testa. – bom treino.

- obrigada. – pego minha bolsa e saio.

Treino boxe desde de pequena, é minha paixão. Conheci o Diego atrás disso, há 4 anos... ele entrou na minha turma, chegamos a conversar um pouco. Mas cortei logo quando vi que suas intenções eram mais que amizade. Uns dias depois fui ver que era amigo do Roger.

Ambos ficamos surpreso, e desde daí viramos amigos.

Depois de andar uns 30 minutos, chego na academia, sinto as meninas me olharem e cochicharem entre elas... sempre é assim, afinal sou a única mulher que faz boxe daqui. No começo me sentia desconfortável, mas depois fui me adaptando.

- Chegou na hora certa, quero ir pro ringue. – Paulo grita da esteira. Treino com ele a 1 ano e meio, eu falo que tudo que sei é graças a ele. O considero o irmão que não tive.

- Espero que esteja pronto pra levar uma surra, tiozinho. – o provoco.

- Só por me chamar assim, não vou te deixa ganhar dessa vez. – sorrio e vou para o vestiário me trocar.

Quando retorno, ele já está me esperando no ringue. Assim que entro ele já vem pra cima com uma direita, me desvio a tempo.

- Ta maluco ? – pergunto

- To é puto. Para de reclamar e lute. – Paulo não é de xingar, só xinga quando brigou com sua esposa e sempre quando isso acontece, me chama pro ringue. Já perdi a conta da surra que já levei. As vezes ele vence, as vezes eu. Mas confesso que a maioria foi ele.

Só que hoje é diferente, os dois estão esgotados. Os dois querem descarregar a raiva.

- pronta ?

- vem que vem, tiozinho. – ele não perde tempo, vem logo com um cruzado, mas me defendo.

Sem perder tempo também, tento um upper e o acerto em cheio, ambos nos afastamos um pouco. Vejo que seu corpo está tenso, me observa uns segundos e vem com um jab, mas eu o acerto antes com um gancho. Ele cai no chão.

- vejo que não sou o único querendo descontar a raiva. – sussurra limpando a boca.

                        ***

Depois de golpes e mais golpes, sinto meu corpo querer descanso.

- cansada já ? – Paulo pergunta rindo.

Apenas Meu (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora