Olá pessoinhas que leem o que eu escrevo! Se sintam a vontade para comentar os capítulos (de uma forma construtiva)
Tchauzinho!
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Acordar. Tomar banho. Rotina. Isso já começava a me irritar. Todos os dias as horas eram previsíveis demais. Ir para o trabalho, para o curso de inglês e depois passar em casa para comer alguma coisa. Depois, escola. Eu estava indo bem. O estranho Carlos Ferraz estava na minha turma e eu via pelo canto do olho, Danubia babar nele durante todo o tempo. Eu não dava muita bola. Tinha medo dele. Seus olhos era verdes, mas eu só tinha o olhado de relance, então não sabia dizer se eles eram realmente bonitos. Seu porte era o de quem malhava com certeza. Seus ombros largos pareciam poder carregar qualquer coisa. Estava sempre com seu boné preto de aba reta, o que descobri ser mais tarde uma afronta contra os professores que não admitiam o adereço na sala de aula. Ele havia ganho pelo cansaço usando incessantemente durante aulas. Era pelo menos uma cabeça e meia mais alto do que eu e andava de forma (devo admitir) muito confiante, como se o mundo se dobrasse a seus pés. Ok. Talvez eu também o tivesse observando um pouco durante as aulas. O ponto ruim disso é que ele ficava num canto afastado durante o intervalo e sempre voltava para a sala de aula com um cheiro estranho na roupa. Talvez cigarro. Danubia tinha me dito que era maconha, mas eu não tinha como saber já que nunca tinha visto.
O vento estava forte aquela altura da noite e eu me encolhi de frio. Com tanta coisa para fazer ultimamente, eu tinha esquecido a blusa em casa junto com Danubia.
"Caramba que frio" comentei com ela sentada em uma das mesas do pátio
"Nem me fale. Estou dormindo em pé com tanta coisa da OEL, acham que só porque trabalhamos meio período que somos escravos"
Eu ri. Gostava de trabalhar lá. As pessoas eram simpatias e ajudavam muito quando se precisava.
"Eu já te contei?" Ela perguntou esfregando as mãos
"Depende do que é" eu voltei a me abraçar pela milésima vez naqueles minutos
"Eu estou pegando o Weslley" ela sorriu
"Mas ele não é casado? Como foi que você conseguiu?" Eu quase gritei em espanto
O sorriso dela se alastrou mais ainda
"Qual é o problema nisso? A mulher dele não dá conta e nós começamos a conversar depois daquele dia do abraço" ela encarou um lado do pátio que eu já sabia o que tinha
"Você não pode fazer isso! Ela não tem culpa, merece saber da verdade" eu anunciei, ainda me perguntando o que ele tinha visto nela já que naquele dia ele pareceu assustado
"Meu jeito alegre e extrovertido conquistam, minha cara!" Ela falou como se lesse meus pensamentos "Além do mais, ele é que tem que contar, eu só faço a minha parte" ela sorriu para onde olhava fixamente
Eu me calei. Pelo jeito não ia acabar com aquela loucura de traição. Também não era culpa minha se os seres humanos são capazes de se render ao sentimento mais natural da espécie.
"Porque você tanto olha para lá" resolvi mudar de assunto e perguntar o que eu já sabia a resposta
"Ele é uma delicia" ela mordeu o lábio inferior
"Meu Deus! Você está se escutando?" Eu perguntei com cara de nojo "Acabou de dizer que está dormindo com o marido de outra pessoa!" Eu me levantei ficando na frente dela, clamando por atenção.
"Some da minha frente Anne!" Ela tentou me afastar, mas não conseguiu. Levantou uma sobrancelha e me contestou "Olha tudo bem. Eu estou transando com um cara da minha empresa, eu estou a fim de transar com um projeto de marginal e eu transaria com qualquer um que fosse gato o suficiente porque depois que você morre é a terra quem te fode, satisfeita?" Seu tom era baixo como era quando ela estava muito nervosa ou muito séria. "Agora faça o favor de sair da minha frente?!"
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Doze Meses
Teen FictionO que acontece quando todos os princípios são abandonados? Quando tudo o que você acredita desmorona bem na sua frente? Os miolos de Anne estavam em conflito. Adolescente comum, ela se sente estranha com suas roupas e seu cabelo anelado. Acredita...