Ressaca

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Era sábado de manhã. Todas as plantas já estavam regadas e eu já tinha limpado a parte que me cabia dentro de casa. Minha cabeça latejava de ressaca e meu corpo todo pedia socorro. Eu não podia sequer escutar músicas ou ler alguma coisa antes que meus globos oculares caíssem de dor. Zara até tentou me convidar para assistir a um episódio sanguinário de The Walking Dead, porém, eu dispensei sem muita educação.

Minha tia ia passar na minha casa dentro de poucos minutos para pegar alguns documentos meus, ela queria que se eu resolvesse ir para Portugal ou qualquer outro lugar no final do ano, já estivesse com meu passaporte nas mãos. Eu provavelmente não iria, porque Carlos estava ali e eu queria estar onde ele estivesse.

Suspirei. A minha noitada fora de casa tinha sido o máximo. Eu ainda estava me sentindo um pouco culpada no que dizia respeito ao baseado que eu tinha fumado na noite anterior, entretanto, meu corpo ansiava por mais daquela porcaria, afinal, eu tinha esquecido completamente da dor do luto. A falta que meu pai fazia, estava sendo avassaladora antes do "tapa na pantera".

"Pare de sonhar acordada Anne" tia Deyse gritou do portão "Venha logo abrir essa droga de portão para mim" ela revirou os olhos e balançou a cabeça

"Sinto muito tia" sorri sem jeito diante da minha aparente falta de atenção

"Sei... onde estão os documentos que vim buscar, eu não tenho o dia todo pirralha"

"Espere um momento aqui, ou se quiser, pode subir" Eu ainda estava com a mão no portão de ferro fundido

"Minha filha, você acha que eu nessa idade vou querer subir dois lances de escada, você está louca?" Ela franziu a boca e eu ri

"Então fique por aí, eu volto já" subi correndo as escadas e quando voltei parecia que ai ter um infarto

Minha tia estava de costas para o portão aproveitando a vista das montanhas maravilhosas que se estaendiam na frente da minha casa. O lugar era um vale e eu podia ver a estrada princiál que levava ao centro. Era larga e sinuosa e algumas arvores enfeitavam o trajeto. Por ser um vale, tambem explicava a falta convicta de ruas retas.

"Toma, não os perca hein, não quero ninguém falsificando meu nome" adverti-a

"Até parece que alguém quer falsificar esse nome" ela fez uma careta caçoando, montou no carro e foi embora

Um pouco antes do almoço, uma mensagem brilhou no meu telefone, era Danubia:

•Vai ter outro encontro hoje a noite, te pego às oito

Meu coração martelou nos meus ouvidos. Eu não estava acostumada a sair de casa. Minha mãe sempre me instruiu que quem saía muito à noite não era boa coisa. Um frenesi passava por mim quando minha ela gritou da cozinha para que fossemos comer

"Já estou indo" falei acho que meio baixo demais. Minha mente me dizia que não devia ir a lugar nenhum, mas meu corpo estava pedindo um pouco de liberdade

"Você não parecia bem ontem Anne" minha mãe começou com ar interrogativo

"Eu só estava feliz" franzi os lábios tentando parecer casual e não denunciar meu nervosismo absurdo. Se ela soubesse o que eu tinha feito iria me matar

"Quem é o rapaz que trouxe você? Ele parecia fora de si" ela deu uma garfada no brócolis e o avaliou como se quem estivesse espetado fosse Carlos

"É o Carlos" falei depois de um tempo. Minha mae provavelmente ia me dar uma surra se soubesse quem ele era e o que fazia da vida

"Hmm, esse nome não é estranho. Ele vai vir pedir sua mão quando?" O olhar dela era gélido e o tom resoluto

Quase ri alto. Ainda existiam rapazes verdadeiros que pediam a mão das moças em namoro? Achei que estava lendo muitos romances baratos. Além do mais eu e Carlos não tínhamos nada definido a não ser uns beijos e amassos. A última coisa que estávamos, era namorando. Tentei cotrolar a minha cara de riso, mas ela percebeu

Doze MesesOnde histórias criam vida. Descubra agora