Doze Meses

Escolhas

Minhas noitadas e as de Carlos, eram sempre ótimas e sempre acabavam com um ou outro cigarro e algumas doses de purple drank ou vodka, ou... enfim, qualquer coisa que parecesse forte. Jogada na névoa da coca e da maconha, ria de coisas que não possuíam graça alguma e falava de coisas que jamais realizaria. Passava noites fora de casa e por mais liberal que minha tia fosse, até ela tinha começado a pegar no meu pé. Nessas ocasiões, minha mente ficava limpa, leve e não parecia ser toda essa tempestade em copo d'água que as pessoas fazem parecer. Me sentia livre e capaz de qualquer coisa. Mas eu sabia que em algum ponto a coisa podia virar. A prova morta disso era meu pai. O luto ainda não tinha desaparecido completamente da minha cabeça e saber que ele podia estar comigo se não estivesse usando drogas me fazia ficar pior ainda. E eu não queria perder o controle, ainda que isso fosse só questão de tempo.

O pai de Carlos permanecia na cidade, me deixando com medo de pisar onde quer que fosse na casa, exceto quando estava embriagada e impedindo qualquer contato sexual mais confortável que eu e o filho dele pudéssemos ter, dentro de um dos quartos. 

A necessidade crescente que eu eu sentia por Carlos se tornou urgente quando acendemos dois ou três baseados depois da educação física. O corpo suado dele por jogar futebol me atiçou de uma forma arrebatadora e ele percebeu isso aproveitando-se da minha vontade.

Minha vida já era uma loucura horrível e eu não tinha a melhor das sortes... e por falar nisso, Rose nos pegou transando na quadra de esportes.

Não era para ter acontecido, mas ela tinha que ver o que estava errado com o quadro de luz que ficava próximo de onde estávamos, justo quando ele me convenceu de irmos até lá aliviar a pressão das provas antes das férias e da presença do pai rondando os cômodos da casa.

Carlos já tinha me feito chegar ao ápice uma vez e estávamos tentando uma segunda quando Rose inevitavelmente lançou a lanterna em nossa direção. Nunca fiquei com tanta vergonha quanto naquele dia. Implorei a ela para que não contasse nada daquilo à minha tia, algumas lágrimas chegaram até a surgir em meus olhos, mas não surtiu muito efeito.

A diretora insistiu para que fosse feita uma reunião com o responsável de Carlos e minha tia e aindao ameaçou dizendo que poderia acusa-lo de abuso, já que eu era menor de idade. Meu coração ficou um pouco aliviado, pois provavelmente Pedro, o pai de Carlos jamais iria em uma reunião como aquela e Rose não ia acusar Carlos de uma coisa tão baixa comigo para desmenti-la. Pelo menos eu não passaria tanta vergonha. Maldito pensamento...

Eu ia de mal a pior nas matérias e aquilo provavelmente se uniria à questão principal para ser umas das pautas da reunião, além do fato de que eu também passara a matar ainda mais aulas para ficar com Carlos, o que com certeza me traria problemas

Maldição!

Com um bilhete na mão, trombei com Danubia no corredor. Desde que ela soubera da minha relação com Carlos, o clima entre nós estava estranho. Ela tinha emagrecido ainda mais, seus olhos estavam fundos e seus cabelos estavam com um corte da moda. Um piercing novo repousava em seu nariz.

"Olha por onde anda!" ela gritou comigo

"Nem me venha com as suas Danubia, eu estou fodida" falei rispidamente querendo ir embora dali, fumar alguma coisa e esquecer que tinha só dezessete anos e que minha vida não era tudo aquilo que eu planejara.

Ela riu um pouco

"O que houve? A pica de Carlos ficou pequena no seu bocetão?" de repente ela começou a gargalhar na minha frente, mas parou imediatamente quando minha mão voou em seu rosto

"EI! qual é a sua Anne? Está estressadinha demais para o meu rosto vadia!" ela me empurrou para trás com muita força me fazendo cair no chão

"Estou farta de você fazendo piadinhas de mau gosto em relação a sexo Danubia. Porra! Porque você não amadurece?"