Junho - O Sexto Mês

183 26 142
                                    

O sol estava ameno. Era bom aquele clima de paz que eu estava experimentando nos últimos dias. Eu não me mudei de escola, mas não tenho visto Carlos. Acho que se continuar desse jeito, a coisa vai de mal a pior. Acabei de crer que eu tenho um chefe maravilhoso. Renato ainda não me demitiu, apesar dos inúmeros acontecimentos que tem se desencadeado na minha vida ultimamente.

E por falar em acontecimentos...

"Você está caidinha por ele não é querida?" Tia Deyse tinha dito enquanto voltávamos do hospital

"O que? Eu? Não. Que isso!"

Ela riu parando em um semáforo

"Sabe querida, quanto mais você negar, mais ridículo vai ficar para o seu lado"

"Tudo bem tia. Eu posso provavelmente, num futuro remoto, estar apaixonada por Carlos Ferraz, mas não quero acabar montando uma boca de fumo como minha mãe!" Bufei.

Eu amava Carlos e tive certeza disso quando tentei arrumar uma desculpa pelo fato dele ter ido me visitar drogado. É o que as pessoas fazem. Elas inventam desculpas para continuarem com aquilo que gostam, principalmente se isso fizer mal. Mesmo que mintam, dizendo o contrário.

Ela engatou a marcha no carro e pareceu refletir um momento

"Não precisa durar para sempre Anne. Você não precisa mudar. Só tem que se permitir viver um pouco. Não precisa sair por aí achando que é a rainha da cocada preta." Ela deu leve sorriso "Não importa o que quer fazer Anne, o importante é que a mente esteja de acordo com o que o seu coração e o corpo estão pedindo"

"Obrigado tia" eu sorri sem mostrar os dentes e de repente uma ideia me ocorreu "Você pode dar uma passadinha nesse endereço?" Peguei o celular e procurei por mensagens minhas e de Danubia

Ela me olhou com espanto

"Minha nossa, já vai começar arrasando hein" ela riu e eu também

"Vamos logo antes que eu mude de ideia"

"Não devia pegar sol" ela apareceu da porta embrulhada dentro de um hobby de seda verde. Ficava muito bem nela

"O que?" Franzi os olhos em interrogação

"A tatuagem, vai desbotar logo se continuar pegando tanto sol!" Ela repetiu cada palavra como se eu fosse lerda e eu ri. Sem Margot, Elizabeth e Zara, eu estava me sentindo bem, tranquila.

"Obrigada pela dica, vai ser muito útil" eu falei sentada no mesmo lugar e fechei os olhos sentindo o calor que vinha do céu

"Porque usa roupas de dormir tão sexies?" Perguntei depois de algum tempo quando nós duas já apreciavamos o sol

"É da época do seu tio" pude sentir que ela sorria "Ele adorava lingeries e roupas de dormir desse jeito" tia Deyse suspirou e senti que agora ela me olhava

"Vocês eram felizes não é?" Perguntei já sabendo o óbvio e vi um sorriso enorme se abrir na boca dela

"Ninguém era páreo para nós querida. Éramos como carne e unha sabe. Nos amavamos como quase não se ama hoje em dia. Mas aquele idiota teve que ir" ela cruzou as pernas e voltou a olhar para cima. Ainda sorria

"Queria amar um dia desse jeito" falei meio sem saber o que dizer

"Talvez você já ame Anne, só não quer ir atrás dele."

"Nem morta! Ele que me dispensou, ele que venha atrás!"

"Ele já foi atrás de você no hospital!"

Levantei e caminhei para dentro, falando com ela no caminho

"Ele só estava sendo um babaca!"

Doze MesesOnde histórias criam vida. Descubra agora