Julho - O Sétimo Mês

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"Em que está pensando?" Carlos perguntou sorrindo para mim enquanto jogava as cinzas do último  cigarro pela janela. Eu estava pelada na cama e sem nenhum lençol para me cobrir. Ele me fazia sentir a mulher mais perfeita do mundo, ainda que eu não me sentisse assim nem em sonho.

Minha tia me dera opções. E eu tinha feito o que julgava necessário antes de trazer mais problemas para ela.

Ela era muito boa para mim para que eu fizesse algo que a afetasse negativamente. Se a história fosse com Margot, eu talvez teria tomado outra decisão e dado um pouco mais de trabalho para que ela aprendesse que eu podia ser pior do que ela imaginava e julgava.

Voltando a olhar para Carlos não sei se me sinto muito bem por tê-lo convencido a me aceitar em sua casa ou se ficava com ainda mais receio de que seu pai dissesse algo a meu respeito ou que ainda continuasse atormentando o que tinha sobrado da minha família. Ainda não tinha dito à ele que Pedro tinha ameaçado minha tia, então, para todos os efeitos a decisão de morarmos juntos partiu de mim. Ainda bem que todo o medo de uma possível negativa da parte dele, foi tranquilizado assim que ao abrir a boca para perguntar, ele já foi logo dizendo que adoraria o acontecimento.

"Seu jardim deve ser imundo!" Observei desviando meus pensamentos e comentando algo banal. Ele riu. Apenas a cueca preta contrastando na pele clara. Uma delícia!

"Não. Tenho uma pessoa que limpa tudo por mim enquanto estou na academia" ele veio e se sentou na cama. Eu não sabia disso apesar de desconfiar. Nunca tinha visto ninguém na casa além de Pedro, eu, ele e algumas vezes Luís.

"E porque prefere malhar em casa?" Inclinei a cabeça e ele estreitou os olhos

"Eu malho aqui porque não posso ficar andando pra lá e pra cá sem que a polícia fique no meu pé" Ele me respondeu como se aquilo fosse muito obvio

Eu tinha certeza que a família dele devia ser muito rica, e que provavelmente deviam ter comprado metade do batalhão, mas pelo visto estava errada

"Eles podiam prender você em qualquer lugar... seja lá o que esteja fazendo" me preocupei.

Será que Carlos estava em apuros?

"Porque não relaxa e pensa em minha proposta" ele riu se aproximando mais ainda

Ele ia me pedir em casamento?

"Pro-proposta?" repeti alarmada

Carlos captou o sentido da minha pergunta e olhou para o chão sem graça

"Espere aqui um momento" pediu ainda de olhos baixos indo em direção à cômoda. Tirou de lá algo que meus olhos não focalizaram e eu tampouco tive a ideia de me levantar para ver

"Você... quer viajar comigo?" Carlos perguntou se virando pra mim e abrindo um sorriso enorme enquanto piscava com um olho. Revirei os meus. Duas passagens estavam balançando em suas mãos.

"Muito obrigado Ferraz. Eu achei que fosse um pedido um pouco menos comum" Me levantei e fui em direção ao banheiro. "Pensei que já tivéssemos combinado que eu iria com você para o inferno" balancei as mãos no ar

"Volta aqui!" Ele me alcançou antes que eu alcaçasse a porta.

Rapidamente me colocou por baixo de seu corpo imenso e me deu um beijo longo

"Preciso fazer xixi" eu ri sob a boca dele e ele se concentrou no meu pescoço

 "É muito bom saber que você iria até o inferno comigo, mas estou pensando que não chegaremos a tanto... e você não vai ficar passeando nua pela casa" ditou e eu o encarei

Doze MesesOnde histórias criam vida. Descubra agora