Eu não ligo

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Olá pessoinhas que leem o que eu escrevo!

Peço desculpas por não ter postado capitulo na ultima semana, por isso, irei colocar dois no dia de hoje

Obrigadinha, boa leitura e tchauzinho!!!

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Terminei com Daniel. Do meu novo telefone, mandei uma mensagem para ele. Ele não respondeu. Passei a noite em claro, remoendo a sensação de ser traída. As pessoas não são o que parecem ser, a voz do meu pai ecoava na minha mente como se eu estivesse em um corredor vazio. Eu estava anestesiada. Não sentia raiva ou dor por ninguém. Estava entorpecida por todas as vezes em que me senti um lixo. Deixei que o impacto da cena dominasse minha mente por completo.

Lembrei da vez que eu disse que estava namorado e ela tinha feito aquela expressão. Me respondendo com palavras vazias. Chorei. Eu não tinha feito nada de errado. Tinha tentado ser um exemplo de pessoa. Sempre notas boas na escola, tentando não me apaixonar, tentando suprimir minhas opiniões para que as pessoas ficassem felizes. Sempre usando roupas e cabelo de forma a não me destacar muito, não me expor. Mesmo assim, eu tinha sido ferida, enganada, estava perdida. As horas da noite passaram e o nascer do sol começava a despontar. Sem que eu notasse, meu semblante estava mudando, eu estava ficando mais dura. Estava me tornando o que eu queria. Uma pessoa menos idiota.

Oito da manhã. Vejo minha mãe fazendo o café, meu pai está sentado lendo o jornal e minhas irmãs brigam para ver quem vai passar manteiga no pão primeiro. Eu pareço ver tudo de longe, mas estou consciente de cada movimento. Peço licença e me retiro. Não estou com saco para nada daquilo.

Olho para o aparelho prateado em cima da cama. Geralmente meus fins de semana consistiam em livros enormes ou alguma lição do inglês. Mas eu estava de saco cheio.

"Oi tia" falei sem pestanejar "preciso de ajuda"

Muitas pensariam em morrer. Algumas em fazer um barraco. Talvez algumas até quisessem matar o cara. Eu não. Meu ódio não estava focado em um ponto só. Minha amiga, minha irmã, meu suposto namorado e até minha própria mãe. Alguns diriam que eu sou meio doida. Eu digo que só estava enfarada de todo mundo me dizendo como agir. Agora eu ditaria as regras. Eu faria da porra da minha vida o que eu bem quisesse. Se não estivessem satisfeitos, havia sempre algum meio de morrer eficiente. Eu não seria mais invisível, eu só seria eu. Comum. Eu seria só Anne Caroline Castro e absolutamente não ligava.

Tia Deyse era sempre muito simpática, quando se tratava de mandar na vida de alguém.

"Você vai ficar ótima com esse aqui olha" ela me lançou uma peça colorida que identifiquei ser um vestido.

"Eu vou parecer um arco-iris tia" bufei dentro do provador

A loja era dela. Convenientemente a loja era dela. Eu nunca imaginei que isso ia me ser tao útil. Sai cedo de casa naquele dia, estava decidida a me renovar e nada melhor e mais óbvio do que começar pelas roupas.

"Você não quer uma vibe mais alegre?" Ela gritou para que eu escutasse

"Eu quero, mas não esse vestido horrível" eu saí com uma cara amarrada e um beicinho

"Ah, ficou lindo pode levar" ela sorriu e anotou para que fosse entregue na minha casa

"Mas eu não..."

"Acredite querida, não ficou ruim" ela pôs a caneta na boca

"Tudo bem, mas não quero muitas peças coloridas, eu sempre tive uma quedinha pelo preto. Ainda mais que vou tirar o dinheiro do meu bolso" eu entrei novamente dentro do pequeno espaço e troquei de roupa

"É só dividir de várias vezes." Ela riu "Sabe querida, eu vou viajar o ano que vem" ela disse casualmente enquanto dobrava algumas peças

"E para onde vai?" Eu perguntei alegre por até que enfim ela refazer a vida depois que o marido morreu

"Quero ir para Portugal ou talvez os Estados Unidos, não sei direito"

"Pense a respeito, não quero ninguém chorando no telefone porque escolheu o lugar errado" eu ri caçoando-a

Descobri que rir era bom. Libertador eu diria.

"Pro inferno! Eu vou e ainda te mando os postais" ela riu comigo

"Quem me dera ir também" eu observei. Por um momento eu quis abandonar tudo e viver talvez alguma aventura

"Quem sabe o que a vida tem para oferecer não é mesmo"

"Isso é um convite?" Perguntei com uma mão no queixo

"Pode ser que sim" ela piscou pra mim

"Vou pensar a respeito, até porque tenho muito tempo" eu devolvi confiante

"Tudo bem, pense o quanto quiser mas se lembre que tudo tem um prazo" minha tia terminou de empacotar as roupas e já carregava as caixas

"Ok" eu respondi "e não se esqueça de apertar essas peças" apontei para algumas roupas em cima do balcão

"Pode deixar. E muito obrigado por escolher nossa loja senhora" tia Deyse fez uma reverência

Eu ri alto e revirei os olhos. Voltei para casa, ainda precisava arquitetar uma coisa

Não sei bem onde estava me metendo, isso é bem verdade, mas nada me daria um gosto maior no momento do que mostrar para todos que eu não era uma coisa para ser pisoteada quando bem entendessem. Eu estava decidida a não ser o que parecia.

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