Minha Raiva

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Olá pessoinhas que leem o que eu escrevo,

Gostaria de pedir que expressassem se estão gostando ou não dos capítulos kkk, espero que votem para que eu possa continuar motivada! 

Obrigadinha e tchauzinho!!!

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Eu estava tremendo. Cheguei como um furação na mesa e interrompi minha irmã que já estava contando o caso a meu pai a seu modo, avida e sedenta por carne fresca. Eu disse que queria ir embora e Elizabeth se virou e me disse que ia também e nós todos resolvemos ir.

O inferno só podia ter subido e ninguém me avisou.

Quando coloquei os pés em casa, ouvi minha mãe cantar dentro do banheiro e senti as paredes do meu estomago tremerem de medo. Aquele era o meu fim, porque o que representava o marco inicial de "pegação" para algumas garotas, pra mim era o inicio de uma jornada sangrenta e mal-humorada que minha mãe faria questão de jogar na minha cara enquanto eu vivesse. E eu não sabia se tinha saco para aquilo, então decidi desabafar com Eliz, outra péssima ideia das muitas que eu ainda teria.

"Eu só queria ficar com ele" suspirei em pé na frente do guarda roupa procurando alguma peça confortável.

"E porque?" Ela se sentou na cama "você sabe que a mamãe não é a favor de beijos aleatórios. Não aprendeu a lição de alguns anos atrás?"

Eu pensei e minha raiva já tinha tomado conta. Tudo tinha sido por culpa daquele demoninho da Zara.

"Mas eu gosto dele, desde que eu consigo me lembrar" peguei uma blusa cinza que vinha nos meus joelhos

"Tente dizer isso a ela" Elizabeth observou e saiu do quarto, me deixando sozinha com a ameaça de morte iminente

Quando minha mãe saiu do banho, a primeira coisa que ela fez, foi se deparar com a carniceira da minha irmã parada em frente à porta

"Praga! Assim você me assusta!" Ela ralhou meio séria, meio sorrindo

"Desculpa mamãe é que eu tenho uma coisa pra contar" eu podia sentir que os olhos de Zara brilhavam mesmo não estando presente

"Hmm, e o que seria tão importante para você acampar na porta do banheiro?" Ela caminhou para o quarto

Eu não pude ver a expressão delas por que estava dentro do meu quarto escutando tudo, mas aposto que os olhinhos pretos de Zara estavam em chamas.

"Anne estava dando uns amassos em um carinha qualquer hoje!"

Carinha qualquer? Eu o conhecia desde sempre. Ele talvez fosse um pouco idiota, mas não era um marginal. Mas como sempre acontecia naquela casa , minha mãe sempre dava algum crédito (ou todo ele) para as opiniões de Zara.

Minha mãe não disse nada por alguns instantes, mas então eu ouvi meu nome sendo chamado com tanta profundidade na voz que senti que pela primeira vez, ela me entenderia. Mas que merda, será que eu estava errada a respeito de tudo?

Como toda boa e tradicional família brasileira, a minha, adorava um barraco. Quando minha mãe me convocou até o quarto vestindo somente a toalha, senti que a coisa era séria e que eu teria de me explicar. O problema estava no fato da família inteira querer expor seus respectivos pontos de vista e foder com tudo o que o outro tem a dizer. O que viria a tornar a conversa um total arranca rabo. Minha mãe começou como sempre perguntando se o que minha irmã tinha dito era verdade e sempre (não importava a situação) ia tomando conclusões precipitadas sobre a situação sem nem ao menos me ouvir. Até hoje eu não sei porque ela sempre me fazia a mesma pergunta idiota se não iria esperar pela resposta.

"Você é uma moça de família, não devia sair por ai e agir feito uma piranha!" - começou ela gentil

Sim, gentil. Por mais que eu odiasse admitir, ela podia ser mil vezes pior.

"Mas você nem ao menos me ouviu!" - meu sangue escapou da cara

"Não preciso. Você está sempre esquecendo que eu sou sua mãe!"

E você está sempre me lembrando pensei, mas só o que fiz foi revirar os olhos

"O que foi?"

"Foi só um beijo" - eu falei sincera

"Você devia contar a verdade Anne!" - Zara disse e sorriu debochada

Toda a minha energia se concentrou em não voar pela quarto e a acertar bem no meio da cara. Essa atitude certamente não seria perdoada. Tudo o que fiz foi ficar calada e esperar pelo castigo ou pela surra que com certeza eu ia levar. Mas a maldita lembrança de quando ela tinha feito aquilo da primeira vez me ocorreu de repente e quase toda a fúria que eu tinha, se descontrolou e eu sibilei entre dentes:

"Você é uma idiota que só sabe fazer fofoca! Não aconteceu nada e você já saiu inventando coisas!" - Virei para minha mãe que nos observava ainda de toalha - "e você devia me dar ouvidos. Piranha? É disso que todas as adolescentes que dançam com um cara numa festa são chamadas? Então eu não tenho escolha a não ser aceitar o titulo." meus olhos queimavam com as lágrimas que ameaçavam cair

Um tapa dançou na minha cara e senti minha cara molhada. A sensação definitivamente não era alergia a rímel. Encarei minha mãe e a expressão que eu vi, era de uma fúria extrema. Era exatamente por isso que eu não queria e não iria dizer a verdade, minha mãe podia agir sinistramente quando quisesse, afinal eu não era mais que uma filha.

"Cala essa boca! Cala essa boca! Você não pode sair por ai beijando qualquer um e achar que esta tudo bem! Você me deve respeito! Não foi essa a educação que eu te dei!" Ela gritou

Tudo se resumia a educação que eu tinha recebido e sobre o que as pessoas iriam pensar. Mas quando se é adolescente e se pensa por conta própria, a educação que você recebe e o que as pessoas vão pensar é o que menos importa. Eu não estava querendo afrontar ninguém. Eu só queria beijar um cara de quem eu gostava.

As lágrimas agora corriam soltas pelo meu rosto ardido. Minha vontade era de revidar. Mas o medo que eu sentia era maior que tudo. Uma piranha? Era isso que eu representava por dançar e beijar um cara? E o pior era que ela nem sabia se era verdade e não se importava em ouvir minha versão. Tudo o que ela tinha até no momento, era uma informação furada que Zara tinha dito. Ela nem sequer me deu ouvidos.

"Você nem me escutou..." era para ser só um pensamento mas eu acabei falando

"Não confio em você e você sabe disso!"

Eu já esperava por aquilo, desde que eu não contara sobre o rapaz que eu estava ficando ser meu primo, ela não confiava em mim. Mesmo assim, sempre que eu ouvia meu coração dava um choque. Mais lagrimas lavavam minha maquiagem perfeita. Deus sabe o quanto eu odiava chorar em público, pra mim, era sinal de fraqueza e infantilidade. Eu já tinha superado essa época.

Me levantei e cambaleei debilmente pelo quarto, passando por meu pai que estava escutando da porta calado como sempre e minhas duas irmãs traíras. Quando passei por Zara, lancei o olhar mais gélido que consegui e estaquei quando ouvi a voz retumbante da mulher de toalha que estava às minhas costas:

"Você estava 'dançando' com quem? - senti um desprezo costumeiro na voz dela

"Ninguém" - minha fala também se tornou dura

Meu braço foi fortemente puxado e eu andei dois passos para trás. Meus ouvidos foram bombardeados:

"Me responda! Agora!" - seu berro me convenceu antes mesmo que eu pudesse sentir a dor no meu tímpano

"Um cara do trabalho!" - solucei descontroladamente e ela me soltou

Ela parou e de repente explodiu

"Você está ficando louca? Quantas vezes irei alerta-la de que não devemos misturar trabalho com... piranhagem?" a voz dela era baixa, mas seus olhos castanhos me encaravam com muita ira

Meus joelhos quase cederam e eu quis muito me encolher na posição fetal e chorar meu desastre iminente, mas não ia dar esse gostinho a Zara. Sai o mais dignamente que pude e segui direto para o meu quarto. Os soluços ficaram altos, mas pela primeira vez, eu não me importei. Estava me sentindo insignificante, como uma coisa que só dá problema, nunca orgulho. 

Doze MesesOnde histórias criam vida. Descubra agora