Comparações

138 19 25
                                    

Cinco minutos para a partida rumo ao aeroporto que nos levaria a Cancun. Eu estava um pouco trêmula, ainda que minha respiração tivesse melhorado consideravelmente. Todos os biquínis imagináveis estavam na mala, roupas de verão e de frio também, já que uma coisa eu tinha aprendido sobre viagens, mesmo que não as fizesse, era que sempre se deve se precaver.

Eram quatro da manhã e minhas olheiras e o meu cabelo bagunçado, me faziam ficar um pouco mau humorada, situação que logo foi desfeita por Carlos, que me disse que eu estava linda.

"Eu nem acredito que estamos fazendo isso" sorri passando a mão na cabeça pela milésima vez.

"Tem certeza que tudo o que você precisa está nas malas?" ele estava um pouco sério por causa do horário, como se ainda não tivesse acordado direito

"Tenho sim, espero que não tenhamos que pagar por excesso de bagagem" sorri timidamente para ele que abriu a porta apontando uma mão cavalheiresca, indicando que saísse

"Você vai adorar Cancun, é maravilhosa" depositando um beijo em minha bochecha, Carlos se certificou de trancar o quarto. Certamente não queria que Pedro mexesse em nossas coisas durante o tempo em que estaríamos fora.

"Estive fazendo minhas pesquisas e antes de chegar já estou amando!" juntei as mãos ansiosas estalando os dedos

"Boa garota, sempre surpreendendo" ele riu um pouco

"Não é só porque mato aulas que me tornei alienada e burra, eu amo aprender coisas novas" uni as sobrancelhas em desaprovação

"É por isso que vai ficar e fazer todas as recuperações?"

Os olhos dele me estudaram um momento curto e eu bufei

"Vá para o inferno, eu estou indo com você porque te amo e porque senão você com certeza iria convidar outra pessoa que não me agradaria nem um pouco"

"Está com ciúmes?"

"Chame do que quiser seu filho da..."

Uma buzina estrondosa se fez ouvir tapando o resto do meu xingamento. Que porra era aquela que estava acontecendo?

"Quem será?" ele me perguntou como se eu fosse capaz de saber de algo

"Eu não tenho ideia, não conheço ninguém que buzinaria na casa alheia às quatro da manhã... a não ser para anunciar que alguém morreu"

"Acho bom não ser uma notícia desse tipo, não gosto de estragar meus planos, ainda mais um, que me custou uma fortuna!" de mau humor Carlos desceu as escadas carregando duas malas pesadíssimas que estavam no chão

Olhei pela janela do corredor e antes que pudesse acreditar no que via, meu sangue ferveu. O carro prata de Danubia cintilava na luz da madrugada lá fora.

"Mas que merda é essa?" falei audivelmente para o nada

Desci as escadas num pulo e achei Carlos abrindo a porta. Suas costas estavam retesadas pelo peso e por provavelmente saber que eu não gostaria de nada daquilo

Outra buzinada choveu na porta

"Eu já estou indo porr... Danubia?" a surpresa na voz dele era indiscutível

"Euzinha. Vocês estão quase atrasados para o voo" ela disse alto através das grades do portão cono se estivesse falando para uma multidão. Há alguns dias ela não estava nem olhando na minha cara e agora sorria e dava uma piscadinha em minha direção.

Eu ia matar ela!

"Que merda você acha que está fazendo aqui Danubia?" perguntei atravessando a porta, descendo os degraus da entrada e deixando um Carlos mudo para trás.

Doze MesesOnde histórias criam vida. Descubra agora