"Preciso falar com você" eu ouvi Daniel dizer às minhas costas na hora do lanche
"O que quer?" Já era tarde demais se ele quisesse voltar comigo. Ele tinha me ignorado durante os dias que se seguiram ao vexame dele e Danubia.
"Eu sinto muito. Não queria magoar você e..."
"Eu não estou magoada meu caro" eu o cortei fazendo-o arregalar os olhos. Estava com raiva por ter me iludido tanto
"Eu não queria beijar Danubia" ele disse na defensiva colocando as mãos nos bolos da calça de linho bege
"Eu não me importo Daniel. Pode até não ter sido culpa sua, mas eu vi muito bem que você não tentou afasta-la" eu peguei uma xícara de café e sorvi um gole
"Mas... tudo bem, eu só queria que me desculpasse, eu estava mesmo gostando de você" ele sorriu um pouco sem graça
"Se você precisa do meu perdão para sobreviver" eu ri sarcástica "Você o tem. Agora eu preciso ir" caminhei de volta à sala. Minha respiração estava um pouco alta por conta da revelação dele, mas aparentemente tínhamos nos precipitado em namorar
Danubia estava sentada escrevendo em algumas notas fiscais para o financeiro quando eu apareci com meu café.
"Você fez de próposito não fez?" Ela não me olhou
Eu comprimi os olhos
"Fiz o que?" De fato, eu não fazia ideia do que ela falava
"Ontem, você queria que Carlos me dissesse de alguma forma que eu não servia para ele" ela disse com raiva
Eu ri
"Ora minha querida eu não tenho culpa se você é uma puta. Além disso, você devia me agradecer por abrir seus olhos" fui até minha cadeira e me sentei, o computador já mostrava os gráficos do ultimo mês
"Você não precisa me ofender" ela disse surpresa "E eu agradeço por ontem, tive uma ideia" ela pareceu sorrir por um momento
"Que ideia?" Eu voltei a atenção para os gráficos
"Você vai ver quando chegar a hora" ela tornou em suspense
**********
Os dois últimos horários eram para ser ocupados pelo senhor Silva, mas as aulas de física ficaram vazias, já que não havia ninguém para substitui-lo. A diretora resolveu nos liberar mais cedo. Era quinta feira e eu estava um pouco triste porque não tinha o que fazer tão cedo em casa
"Que tal irmos a algum lugar?" Danubia sugeriu. Eu tinha certeza que ela estava esperando que eu dissesse que não poderia, mas simplesmente sorri e concordei
"Acho ótimo. Você nos acompanha senhor Ferraz?" Eu olhei para ele com um olhar que julguei ser apropriado. Por dentro eu estava em pânico, pois se a minha mãe soubesse que eu estava indo a qualquer outro lugar que não fosse a escola, ela provavelmente arrancaria meu escalpo
Ele me olhou sério. Parecia queimar por dentro
"Tenho uma ideia melhor" ele disse. De repente sorria malicioso
"Mostre-nos" Danubia disse um pouco impaciente
Meus ouvidos estavam sendo bombardeados. Luzes piscantes dançavam no teto espalhando-se em um caleidoscópio nas paredes e nas pessoas que se apertavam umas nas outras para dançar. Dois andares. O de cima (por onde entramos) era um bar. Nas quatro paredes enormes era possível ver garrafas de todas as bebidas imagináveis. Cadeiras em estofado preto estavam colocadas em volta dos balcões onde bartender's faziam seus malabares incríveis. Algumas das pessoas sentadas estavam se beijando, outras já tinham passado muito dessa fase. Eu estava um pouco assustada. Nunca tinha visto um lugar como aquele. Me aproximei ainda mais de Carlos e Danubia para não me perder
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doze Meses
Teen FictionO que acontece quando todos os princípios são abandonados? Quando tudo o que você acredita desmorona bem na sua frente? Os miolos de Anne estavam em conflito. Adolescente comum, ela se sente estranha com suas roupas e seu cabelo anelado. Acredita...