A investigação sobre o que tinha ocorrido ao papai estava parada. Eles não tinham sequer uma pista sobre o que estava acontecendo. Eu me sentia mal por isso, ele merecia justiça, era uma boa pessoa que tinha cometido um erro para mim até compreensível. Balancei a cabeça. Qualquer quer fosse o culpado, iria ser encontrado e julgado algum dia, eu só esperava que fosse rápido.
Era sexta-feira. Eu estava nervosa. Mal me concentrei na minha aula de inglês (que por sinal estava um tédio). Voltei para casa e comi dois pães com molho de carne que minha irmã tinha feito.
"Finalmente arrumei um trabalho." Zara disse enquanto se juntava a mim na cozinha
"E o que é?" Perguntei querendo avaliar se mamãe não ia surtar ao saber
"Vou ser acompanhante de uma senhora de mais ou menos uns sessenta anos. Ela tem muito dinheiro e segundo ela própria, não quer mais ficar em um asilo esperando que a morte lhe pegue" ela riu um pouco
"Vai trabalhar até tarde?" Perguntei ainda avaliando. Cuidar de uma pessoa velha até que não era tão mal e não tanto envolvia esforço físico, talvez mamãe aprovasse, afinal
"Não sei ainda, talvez sim, mas pelo dinheiro que ela está pagando, eu até dormiria por lá" ela deu uma mordida enorme no pão
"Se contenha Zara, esqueceu que é você quem sempre quer agradar a mamãe? Cuidado para não desaponta-la." Debochei e ela me olhou séria
"Eu não vou desapontar a mamãe, ela precisa do dinheiro agora que o papai morreu"
Suspirei. Ele fazia mais falta do que eu podia contar
"Tem razão, é por um bom motivo" peguei meu pão e o copo de suco de uva e fui para o meu quarto. Já estava quase na hora de "estudar" com Danubia.
Eu me sentia absolutamente estranha. Nunca tinha matado uma aula e não sabia o que devia esperar. Muitas vezes, eu já tinha visto pessoas da minha sala se darem mal por fazer uma coisa daquelas, eu esperava que minha sorte fosse melhor.
**********
Sete da noite. Eu estava muito bem vestida. Um salto alto preto estava escondido dentro da minha bolsa. Ele combinaria lindamente com minha blusa cinza sem mangas e minha jaqueta preta de couro. Acho que minhas calças azul marinho estavam assentando bem com o resto. A única coisa ruim de todo o meu look, era a minha tpm! Como eu estava inchada!
Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e ele caiu pelas minhas costas, maravilhoso. O que um aplique não fazia pelos mortais!
Uma buzina ressoava lá fora. Minha mãe abriu a porta do quarto bruscamente me fazendo quase errar o delineador. Ainda bem que ela não tinha feito nenhuma pergunta sobre o horário do suposto estudo com Danubia
"Você quer que eu receba a sua amiguinha?" Ela estava sendo muito irônica
"Já estou indo" me apressei em terminar. Eu não queria um barraco antes de colocar os pés pra fora de casa
Ela estava encostada no carro e parecia uma visão do paraíso em forma de gente. Tinha os cabelos soltos na altura da cintura e sua blusa nada mais era do que um top preto, mostrando sua barriga esculpida pela academia que eu sabia que ela estava frequentando. Ela também estava de jaqueta, porém, marrom e toda aberta. Na costela havia um apanhador de sonhos enorme já cicatrizado, mas recém-feito. A saia que ela usava era feita de couro e as botas de cano altíssimos.
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Doze Meses
Teen FictionO que acontece quando todos os princípios são abandonados? Quando tudo o que você acredita desmorona bem na sua frente? Os miolos de Anne estavam em conflito. Adolescente comum, ela se sente estranha com suas roupas e seu cabelo anelado. Acredita...