Solidão

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Minha cabeça doía. Não aquela dorzinha normal de quem passou por um dia estressante, mas uma dor de cabeça digna de entrar para o livro dos recordes. E acordar às cinco da manhã não estava me ajudando em absolutamente nada. Pelo menos eu tinha achado um lugar para me sentar dentro do onibus. As pessoas até estavam parecendo mais simpáticas.

Ao descer, todo o resto do meu bom humor foi por água abaixo. Andar pelas ruas apinhadas do centro mexia com o meu humor de uma forma ruim e eu não estava gostando nem um pouco de ter que subir aquele morro. Ainda mais no frio que estava fazendo. Coloquei as mãos nos bolsos e comecei a caminhada diária até o escritório da Organização.

"Aquela podia ter sido minha única chance" Danubia resmungou também de mal-humor. Estávamos quebradas.

"Não me interessa" suspirei cansada "Se concentre nas longas horas que passaremos separando documentos e carimbando papéis, com essa dor de cabeça de Satã"

Ela riu um pouco e continuamos a andar. Minha mente estava concentrada em não lembrar da noite anterior, mas estava difícil.

A festa na casa de Luís tinha sido ótima e eu pela milésima vez tinha ficado chapada, tão chapada que se não fosse por Danúbia eu nem teria encontrado o caminho de casa. Dessa vez o purple drank tinha tido um efeito maior, já que as carreiras de cocaína também estavam a minha disposição.

"Vamos comemorar" eu subi em uma mesinha de centro que enfeitava a sala de televisão dele. Todos os três me olharam com uma careta, mas riram logo em seguida, todo mundo estava chapado mesmo. Então tudo parecia ou muito engraçado, ou muito triste. A música estava no último volume, mas tinha sido abaixada para que eu pudesse falar.

"Comemorar o que?" Danubia perguntou sorrindo

"Comemorar o fato de que agora, eu sou livre!" Vários gritinhos de viva foram dados em minha direção. Na minha cabeça anuviada, eu estava arrasando. Não percebi que estava somente afundando, cada vez mais num caminho sem volta. Na minha cabeça, tudo estava resolvido e eu podia matar alguém sem ir presa. Sem consequências, sem punições. Como o assassino do meu pai que ainda não estava preso...

Desci da mesinha e fui me sentar num sofá de canto que tinha sido arrastado para que o centro da sala ficasse maior.

"Tudo bem gatinha livre?" Carlos se sentou do meu lado pouco tempo depois, seu sorriso era enorme.

O encarei como um pedaço de carne. Mordi o lábio e sem dizer uma palavra avancei pra ele beijando-o loucamente. Pra quem ainda não sabe, a cocaína e a maconha aumentam os sensores de libido. Os meus, estavam quase explodindo.

Parecia que os dele também. Meu cabelo foi puxado de uma forma gostosa e eu gemi descaradamente. Quando as duas mãos desceram para meus seios, senti uma terceira mão no meu ombro.

"Não acredito que fez de novo" o olhar enevoado de Danubia era pra ser repreensivo, mas estava meio alegre

"Desculpe, eu... só precisava beijar alguma coisa" continuei mordendo meu lábio. Dessa vez com mais forca, já que agora, eu queria arrancar as roupas de Carlos e deixar que os hormônios seguissem seu curso. Ele me lançou um olhar ofendido por ter sido chamado de 'coisa' mas não disse nada.

"Então porque não fez isso com outra pessoa?" Ela perguntou, dessa vez meio com raiva.

Me levantei sentindo meu corpo tremer.

"Como quem por exemplo?" Arfei muito próxima dela. Seus olhos escuros eram gentis e sua boca rosada de sizzurp estava seca. Não haveria um mal se eu umedecesse ela um pouco. Então eu apenas me deixei levar

Enquanto eu gentilmente prendia os lábios de Danúbia entre os meus formando um beijo tímido, Carlos apalpava minha bunda e corria as mãos pelas minhas costas. Como quem quer evitar uma amostra grátis de sexo em público, ele ofereceu:

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