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O meu olhar manteve-se preso à porta martelada por Yuna. Distraí-me de tudo o resto até mesmo da presença do homem em cima de mim. Apenas lembrei-me de tudo quando ele aparece, em pé, no meu campo de visão a ir em direção à porta. Imagens do que estava a acontecer antes surgem repetidamente na minha cabeça e tento sair de cima da cama. Só então reparei no lençol a prender os meus pulsos à cama. Agitei e agitei, mas não conseguia soltar-me. Olhei de novo para a porta assustada ao ouvir ela a abrir-se.

- Christopher! - Yuna reclamou, contudo, não conseguia vê-la. - Tens a noção da quantidade de vezes que eu bati à porta? - Escutava a conversa totalmente paralisada podendo ver apenas as costas do homem loiro e um pouco do pé de Yuna, penso. - Espero que tenhas uma boa explicação para não teres aberto a porta no início.

- Desculpa, maninha. - O meu coração saltou uma batida. Eu ouvi bem? - Acabei de tomar banho e ainda não tive possibilidade de trocar de roupa. Peço desculpa. - O tom de voz, a fala, esse homem que estava a falar não parecia nada aquele que eu conheci e que estava a assediar-me.

- Que raio de irmão eu tenho... - Ela suspirou e eu encolhi. O meu coração batia tão rápido como dantes. Eu não queria acreditar no que estava a ouvir. - Eu queria apresentar-te à nova criada.

- Nova criada? Já contrataram uma? - Apoiou-se na parede mantendo um braço seguro à porta impedindo Yuna de ver melhor o quarto. - A outra saiu à poucas semanas. - Logo pude vê-lo a ser acertado por um soco no ombro, contudo, de leve.

- Não fales assim das tuas criadas. - Yuna continuava a reclamar com ele. - Adiante, esta nova criada é bem jovem e é muito diferente das que costumas receber. Não a julgues como uma das amiguinhas do pai, peço-te.

- Sim, sim. - Respondeu revirando a cara. - Eu vou trata-la com todo o carinho.

- Tratar com carinho? Como?! Da mesma maneira que eu?! Espera... - Comecei a ser invadida por pensamentos atrás de pensamentos. Felizmente, eles foram interrompidos com a voz dele.

- E como é que se chama essa criada especial? - Disse num tom pouco interessado.

- Christopher! - Mais uma vez, ela reclamou alguma coisa baixo. - Ela chama-se Layla e é tua criada pessoal. - O meu coração parou, comecei a suar frio, imagens de um futuro próximo apareciam na minha mente. ELE É O MEU MESTRE?! - Tenho pena dela pensando bem.

- Lá estás tu. Até parece que sou um terror. - Tu és... A dolorosa realidade era cada vez mais dolorosa. - Não te preocupes. Eu vou tratar dela como nunca tratei outra criada. - Ele abraçou Yuna e fechou a porta do quarto. - Agora voltando à brincadeira.

Ele virou-se para a cama e dirigiu-se à mesma devagar com o rosto coberto de malícia. Eu ainda estava em choque da notícia que nem mandar uma boca consegui. Senti a cama a abanar com o peso do corpo dele sobre ela. Ele gatinhou sobre ela na mesma velocidade até ficar mais uma vez sobre mim. Mais uma vez, os seus olhos exploraram o meu corpo desprotegido e, mais uma vez, deliciava-se e comia-me com os olhos.

- Bom, para isto não ser assim tão estranho, era melhor sabermos ao menos o nome de cada um. - Ele sorri inocente como se eu acreditasse que ele era assim. - O meu nome é Christopher e aquela era a minha irmã como deves ter apercebido. Também não é muito importante. Agora é a tua vez. - Aproximou-se do meu rosto e eu apenas pude morder de leve o lábio de irritação.

- E por que devo eu dar-te esse privilégio? - Finalmente respondi. No mesmo instante senti algo pressionar contra a minha parte sensível fazendo-me libertar um som. Logo pude ver o risinho dele estampado no seu rosto.

- Acho que fiz-me entender. - Manteve o riso matreiro. Reclamei e revirei a cara sabendo o que aconteceria mal eu lhe respondesse.

- Layla. - Disse rápido talvez na esperança de que ele não percebe-se bem mas essa esperança morreu mal ouvi uma leve gargalhada vinda dele.

- Mas que interessante. - Continuou a rir fazendo pausas durante a fala. - Não podia pedir por melhor.

Ele aproximou-se ainda mais de mim ficando com o seu rosto a poucos centímetros do meu. Encolhi-me quando ele aproximou-se um pouco mais mas, para meu alivio, ele foi para o meu pescoço beijando o mesmo. Mordi o lábio ao sentir mais uma vez aquela sensação que apenas ele me ofereceu na minha vida. Nunca senti tal coisa além de agora o que irritava-me ainda mais.

- Tu deves ter ouvido a conversa entre mim e a minha irmã. - Pousou mais alguns beijos no meu pescoço antes de retomar. - Tu sabes que és a minha criada pessoal, certo? - As suas caricias foram subindo pelo meu pescoço até ao meu ouvindo onde sussurrou sensualmente. - As minhas ordens são absolutas para ti. - Depositou mais um beijo e mordeu de uma forma tão sensual a minha orelha que causou mais um arrepio pelo meu corpo inteiro. - Vai ser uma aventura em grande. - Sorriu e colocou o seu rosto à frente do meu de novo obrigando-me a olhar para ele. - Vais adorar tanto que vais implorar para eu fazer-te de novo e de novo. - Os seus lábios aproximaram-se da minha cara ainda mais ficando a poucos milímetros de distância dos meus até que ele sussurrou. - Ou então não.

Fui domada pela raiva naquele mesmo instante e empurrei-o para o lado da cama com as pernas que não estavam presas. Ele desequilibrou-se mas, infelizmente, nem sequer saiu da cama, apenas saiu de cima de mim. Abanei-me por todos os lados tentando-me soltar daquele lençol maldito que prendia os meus pulsos mas nada aconteceu de diferente. Eu continuava presa e ele voltou para cima de mim.

- Layla, certo? - Grunhi baixo odiando-o do fundo do coração. - Eu faço-te a seguinte proposta. Pelo que posso ver, não vais aceitar as minhas ordens assim tão facilmente mas, ao teres ficado calada quando a minha irmã veio e, já a conhecendo reconhecerias a voz, demonstra que queres manter o trabalho. Então, o que eu concluo é: tens dignidade o suficiente para não aceitares os comandos de um estranho mas precisas de dinheiro. - Esta conversa toda estava a assustar-me. Tenho medo do que ele pode querer com isto tudo. - Se eu aumentar o teu ordenado, cumpres as minhas ordens? - Eu ia responder de seguida mas hesitei. Eu odiava isso mas ele tinha razão; eu preciso urgentemente de dinheiro. No entanto era demasiado confiante para dizer algo. - Não recusaste por isso estás a pensar. - Riu um pouco. - Tu deves receber por volta de 400 como uma criada normal por isso eu aumento-te para mil euros. O que achas disso?

A minha mente ficou em branco mal ouvi aquilo. Era muito provável que fosse essa a intenção mas, por muito que eu não quisesse nada fazer aquilo, tenho uma vida e preocupações também. O meu irmão trabalha mas o que recebe mal chega para tudo. Por muito mau estado que esteja a casa, nós pagamos para lá estar e não é pouco comparando com o trabalho árduo que fazemos e o estado que a nossa vida está. O nosso pai não está cá para nos ajudar e a nossa mãe não pode fazer nada por muito que queira. Apenas os seus medicamentos sugam mais de metade do dinheiro que ganhamos. Mil euros calhava mesmo bem... Respirei bem fundo e procurei dentro de mim a coragem suficiente para dizer aquelas palavras que custavam tanto dizer, pelo menos para mim.

- Eu... - Fiz uma longa pausa. - Aceito. - Uma dor aguda vinca o meu peito e queima-o até deixá-lo em cinzas. Não conseguia acreditar no que estava a dizer.

- Ainda bem que aceitaste. - Lá por ter aceitado, não quer dizer que deixei de odiá-lo. Pelo contrário, odeio ainda mais por isso mesmo. - Não queria que a diversão acabasse aqui. - Sorriu e aproximou-se do meu rosto mais uma vez. - É um prazer ter-te ao meu lado... Minha linda criada. - Sorriu malicioso e beijou o meu rosto. Este é o meu fim, de vez.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora