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Mal entrámos na loja, os meus sentidos entraram em choque. Apesar de ser apenas uma loja de roupa, o ambiente tornava-a numa espécie de ala encantada. O aroma leve o suficiente para sentir-mos a sua presença a pairar pelas roupas expostas conseguia enganar o nariz dos perfumes fortes que certas mulheres usavam na loja. A luz que focava as roupas fazia questão que não perdêssemos uma peça de vista. Mesmo assim, as mulheres que há instantes olhavam com tanto interesse para a roupa olhavam agora para nós. Não sei por que razão mas tenho quase a certeza que não é para mim.

Chris segurou a minha mão e passeou-me pelos corredores da loja. Eu ainda estava perdida. Há algum tempo que não ia a uma loja desta qualidade. Para onde quer que eu olhasse, tudo parecia tão bonito. Havia umas peças um pouco estranhas mas Chris disse que a moda era assim mesmo.

- Talvez eu tenha um gosto estranho quanto à moda. - Comentei e oiço Chris a rir. - Que foi?

- Não tens um gosto estranho. Vejo-te a ir mais para o prático e barato do que para moderno e caro. - Ele mexe em algumas peças enquanto eu fico a olhar para ele a conversar.

- Não sei se isso é propriamente um elogio. - Olhei para as roupas que ele estava a escolher. - Não devia de ser eu a escolher a roupa?

- Sim e não. - Ele põe umas peças no saco e leva-me para outro corredor.

- Sim e não? Espanta-me.

- Sim pois a tua opinião está acima de todos. Não deves usar algo que te deixa desconfortável só porque os outros assim o querem. Também não te estou a ver a fazer isso. - E sorri antes de voltar para a roupa.

- Que espanto mesmo... - Suspiro e reparo cada vez mais nos olhares virados para aqui. - E o não?

- O não é simples. - Ele volta a por roupa no cesto e olha-me de alto a baixo. - Duvido que fosses escolher uma peça sequer daqui, mesmo que ela ficasse-te bem.

- Lá isso não tens razão. - Ele cruza os braços com um sorriso convencido. - Que foi agora?!

- Estás à vontade para guiar. - Ele sussurra. - Já que tens tanta experiência sobre o assunto.

Um concelho dou a qualquer mulher que vá às compras com um homem como ele: primeiro é melhor não ir sequer; segundo, se ele começar a armar-se me esperto mostrem, se o conseguirem, como uma mulher faz quando vai às compras. Para mim não foi uma boa ideia. Não é por nada que a Yuna é a fundadora de uma conhecida revista de moda.

Passaram alguns minutos e já estávamos no fim da loja, ao pé dos provadores. Estava com alguma confiança que tinha provado o que tinha dito, mas ao olhar para o cesto, reparei que tinha apenas acrescentado um par de calças e duas camisolas. Comparando com vinte peças de Chris, suponho que não tenha sido boa ideia não.

- Sempre escolheste alguma coisa. - Ele ri de leve e vai para a fila dos provadores. - Fica aqui. Não demoro nada. - E beija a minha testa.

Coro esquecendo-me do Christopher com quem costumo lidar. O pervertido mestre que me trata como uma escrava sexual todos os dias que me vê. Fora da sua zona privada, o Christopher carinhoso e atencioso era um derreter de corações. Apesar de ter as suas piadas privadas, ele continua a agarrar a mão, a sorrir e a conversar como um bom amigo. Sou incapaz de lidar com qualquer um deles no entanto. Parece um caso de bipolaridade quase agora que reparo.

- Paciência... - Suspiro perdida em pensamentos e lamentos que esqueço-me da plateia ao meu lado.

Pouco tempo passa até sentir os olhares penetrantes sobre as minhas costas. Olho pelo canto dos olhos para apenas ver todas as mulheres da fila a mandarem-me olhares frios. A loja era uma loja de roupa feminina por isso não é de espantar que elas olhassem para talvez o único homem na loja. MAS POR AMOR DE DEUS! Não era preciso ficarem a olhar para mim como se tivessem a amaldiçoarem-me!

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora