Os minutos seguintes foram de explicações e ordens de Yuna, uns leves sermões de Lorenzo quanto à fragilidade da comida, e mais uma pequena discussão entre eles os dois. Quando finalmente entenderam-se, nós as três, as únicas empregadas presentes, começámos a servir as bandejas prateadas com a comida. Levávamos todas um sorriso no rosto enquanto entravamos na sala de jantar e pousávamos as bandejas nos sítios planeados sobre a mesa. A entrada foi a primeira a aparecer na sala antes de Rachel ter-me chamado à sala. Com cinco tipos diferentes de entradas, aquela espécie de reunião parecia uma festa. Enquanto conversavam, nós ouvíamos as regras na cozinha e, como se estivesse tudo planeado, mal o tópico importante de que falavam foi retirado da conversa, nós aparecemos com os pratos principais. O prato principal de carne era de tal maneira elegante que parecia que acabara de sair de um restaurante de cinco estrelas. Os cozinheiros não brincam aqui.
Uma hora passou e uma garrafa de vinho já estava no lixo. Eu, Rachel e Hannah estávamos em pé à volta da mesa prontas para qualquer tarefa que surgisse. Elas estavam mais à ponta da mesa, perto dos convidados mais afastados de Chris enquanto eu estava ao lado direito dele, já que sou sua criada pessoal. A sobremesa já estava servida e todos devoravam-na lentamente apreciando a clássica sobremesa italiana , o tiramisu. Quando Chris deu a última colherada na sobremesa, ele afastou um pouco o prato, limpou a boca com o guardanapo e virou-se para os convidados.
- Bom, senhores. O almoço foi servido e apreciado, espero. - Todos os homens sorriem ou abanam a cabeça confirmando a sua apreciação. - Agora é altura de falarmos sobre negócios.
No mesmo instante, nós as três pegamos nos pratos limpos da sobremesa, nos talheres sujos, nos guardanapos, limpámos tudo o que estava sobre a mesa em poucos instantes e voltámos para as nossas posições.
- Signore Chris, devo dizer que estou impressionado. - Um homem de cabelo grisalho ajeita a sua gravata calando todos os que estavam presentes. - A sua propriedade é deverás invejável. A cozinha tem um gosto impecável aumentando a minha nostalgia da minha terra natal. E o seu pessoal... - Olhou para nós observando em poucos segundos todos os pormenores. - Molto bene, signore.
Este homem era o chefe da companhia italiana com a qual Chris está a negociar. Aqueles homens todos que vieram não passam de seus companheiros escolhidos por ele próprio. Não é por acaso que ele está ao lado direito de Chris na mesa.
- Fiquei realmente impressionado, signore. Não só demonstra a sua riqueza ao convidar-me a sua casa como inteligência ao planear este almoço italiano comparável a grandes restaurantes de Itália não parecer uma tentativa de comprar-me através do meu lado italiano. - Os dois dão uma pequena gargalhada. - Mas sim, vamos falar sobre negócios. - O homem faz um sinal com a mão e um dos convidados levanta-se e entrega-lhe uma pasta preta sentando-se de seguida.
- Layla. - Espantei-me ao ouvir o meu nome numa situação destas. Contudo, aproximei-me dele e curvei-me de leve.
- O que deseja, mestre.
- Podes ir buscar a minha pasta castanha ao pé da minha secretária, por favor. - Confirmei a ordem e ele sorri. Senti o meu coração a acelerar de leve, mas ignorei-o e sai da sala.
Até chegar ao piso de cima fui a andar mas, mal eles não me viam, acelerei o passo e fui para o seu escritório. Tinha que ser rápida mas cuidadosa e discreta. Achei-a rapidamente debaixo da secretária encostada aos pés da mesma. Agarrei e surpreendi-me com o peso. Fechei a porta do escritório e voltei para a sala de jantar. Entreguei-lhe a pasta e ele agradece juntamente com um sorriso. Recuo e estou de volta na minha posição. Chris abre a pasta e começa a vasculhar os vários arquivos que lá tem.
- Aqui está. - Ele retira apenas um arquivo da pasta e volta a fechá-la entregando-ma de novo. - Estive a fazer uma pesquisa sobre a sua empresa. - Um sobrolho erguido no rosto do homem bastou para perceber o que ele previa. Chris passou-lhe o arquivo que retirou da pasta e o homem abriu-o verificando todos os documentos lá dentro atentamente. - Tenho confiança de que ambos sairemos a sorrir com o resultado desta negociação.
Ao contrário da expressão do homem italiano, o rosto de Chris era decorado com um sorriso leve e o seu brilho de costume que irrita-me tanto. O homem olhou para os papeis, depois para Chris, de novo para os papeis verificando todo o conteúdo mais uma vez, e para Chris de novo. A sala ficou em silêncio até um curto riso quebrar o ambiente tenso. Todos olhavam para o homem de cabelos grisalhos com uma expressão de espanto, a oposta a ele. O único que não estava espantado era Chris que também deu umas gargalhadas. Os dois levantaram-se e foram a rir para a porta da entrada. O resto, confuso, ficou parado na sala de jantar a tentar compreender o que estava a acontecer.
Depois de nós as três ajudar-mos os acompanhantes do chefe da empresa e destes saírem, Rachel e Hannah foram acabar de limpar a sala de jantar enquanto eu ia ver de Chris que chamou-me. Encontrei-o à porta do portão ainda a falar com o chefe da empresa. Deram finalmente um aperto de mãos e despediram-se a sorrir. Só quando o carro afastou-se da mansão é que Chris volta para dentro encontrando-me à sua espera na entrada.
- As negociações correram bem, ao que parece. - Ele dá uma leve gargalhada. - Costuma ser sempre assim? - Perguntei enquanto entravamos.
- Este foi um caso especial. Afinal, a empresa dele esta a crescer não só em Itália como internacionalmente. Tinha que ganhar a sua confiança de alguma maneira. - Ele sorri para mim e faz um gesto com a mão. - Senhoras primeiro. - Senti o meu coração a dar um pulo desnecessário. Agradeci e entrei na mansão.
- E o que planeia fazer agora, mestre? - Mal o disse senti um arrependimento repentino. - Como fui esquecer-me de tal coisa? - Virei-me lentamente para trás e assustei-me ao ver o sorriso repleto de malicia no rosto de Chris. - Que fui eu dizer...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Criada de um Milionário
RomanceLayla Collins era uma simples jovem alegre com a sua vida. Mas um dia esta alegria é-lhe retirada das suas mãos inocentes e recebe mágoa e dor em troca. Desde então a vida só tem piorado pouco a pouco. A inocente Layla tinha desaparecido e uma nova...