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~~ ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS ~~

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Este capítulo não é inteiramente "especial". Chamei-o assim pois não tinha planeado fazer isto, só mesmo por ser o dia dos namorados já que esta personagem tem um hobbie relacionado

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~~ Jane ~~

O sol já tinha desaparecido arrastando o calor do dia com ele. Era a vez das estrelas iluminarem o ar sombrio da noite e encantarem a escuridão deixada pelo sol. Já era noite cerrada e eu ainda estava de pé a aventurar-me pelas ruas vazias do bairro. As horas que passei enquanto o sol ainda iluminava os recantos do mundo voaram num abrir e fechar de olhos, tal como no dia anterior e noo anterior a esse. Até mesmo uma pessoa extremamente positiva deixa-se afetar por esta rotina estafante. A minha salvação é precisamente esta altura. Digo adeus ao meu mundo diurno e olá a outro mundo oposto; o noturno. Posso contar com este mundo para colocar-me de volta ao meu "eu" de costume. É esta uma das razões porque continuo a fazer o que faço todos os dias.

- Jane! - Eu reconheci esta voz num instante. Olhei para o lado e lá estava ele com a cabeça de fora da janela do carro e sorridente. - Tudo bem contigo?

- Boa noite, senhor Chris. - Sorri e aproximei-me da janela do carro. - O que faz por estes lados a estas horas da noite, senhor? - Ele dá uma leve risada.

- Era suposto ser eu a perguntar a ti isso. - Ele abre a porta do meu lado e bate no assento ao seu lado. - Entra. - Fiquei a olhar para o assento e para ele por uns instantes curtos. - Entra logo Jane.

- Sim senhor. Não precisa insistir tanto. - Ri de leve e entrei no carro fechando a porta de seguida. - Mas sabe que não era necessário dar-me boleia, senhor.

- Não venhas com coisas, Jane. - Ele não tirou os olhos da estrada nem por um instante concentrando-se a chegar ao seu destino rápido e seguro. - É sempre a mesma história contigo. Uma mulher como tu não se pode dar ao luxo de passear na rua às tantas da noite. - Ajeitei os óculos um pouco envergonhada. - Já conversámos sobre isto mas tu continuas a vir a pé sozinha e às escuras. Sabes o quanto és teimosa?!

Olhei para ele e corei de leve ao ver os seus olhos esverdeados centrados em mim e não na estrada. Não foi por muito tempo, mas foi o suficiente para ter efeito. Depois daquilo foi um silêncio desconfortável entre nós. Ele suspirou e eu tossi forçado.

- Então, porque está a voltar agora para a mansão, senhor Chris? - Perguntei para aliviar aquela pressão sufocante.

- Uma reunião de negócios. Acabou por demorar mais tempo que pensava e acabei por chegar apenas agora. E logo que tinha planeado aquilo... - Murmurou a última parte. Aquele comentário chamou-me à atenção.

- Mas o seu aspeto não parece próprio para uma reunião de negócios, senhor.

Chris era um homem de negócios e costumava ir de camisa, calça de ganga e sapato casual num dia normal de emprego mas, quando tinha uma reunião ou ia receber alguém de fora, ele ia sempre de fato e gravata. Para todos os casos, ele tinha sempre um ou dois fatos guardados num armário no seu escritório caso alguém fizesse uma surpresa. O que era fora do costume era ele vir de uma reunião de camisa desabotoada e sem gravata e casaco. Até o cabelo estava bagunçado o que era ainda mais chocante naquela situação toda. A minha suspeita é que esta "reunião" de que ele fala não seja de negócios normais, se é que me faço entender.

- Ah, isso. - Olhou de relance para o que usava. - Eu estou com alguma pressa então tirei o casaco e a gravata e pus-me à vontade. - Ajeitei os óculos olhando-o de alto a baixo. Sorri maliciosamente e olhei de novo para a estrada. - Eu vi esse teu olhar que tanto gostas de fazer. - Olhou-me pelo canto do olho. - Não comeces a pensar noutras coisas está bem? - Apenas sorri como de costume e ajeitei os óculos e pude ouvir um suspiro de Chris no mesmo instante.

Pouco depois, o portão da mansão já estava à nossa frente. Chris levou o carro para dentro e estacionou-o na garagem juntamente com os outros carros. Saímos do carro e fomos para a entrada da casa. Chris ia ajeitando o cabelo pelo caminho e conversávamos um pouco. Já em frente às portas brancas, Chris sorriu para mim e falou.

- Então separamo-nos aqui. Eu vou tratar dos meus assuntos e tu dos teus. - Acenei e sorri de leve. Ele abriu a porta e deixou-me passar primeiro. - Então boa noite, Jane.

- Boa noite, senhor Chris. - Ele foi para as escadas e eu ia procurar Yuna no primeiro piso quando lembrei-me de uma pergunta. Voltei para trás para as escadas. - Senhor Chris, desculpe mas qual... - Calei-me no momento.

Chris estava parado no topo das escadas a falar com uma empregada que não tinha visto antes. Deve ser a substituta da Tânia. Ela até que era bonita mas o seu rosto tinha uma expressão de irritação para com o homem à sua frente. Para meu espanto, Chris empurra-a contra a parede atrás dela e prende-a aí mesmo. Observei todos os pormenores desde a expressão da novata às caricias do Chris. Para a cereja no topo do bolo estava o sorriso malicioso no rosto de Chris. Conto pelos dedos as vezes que vi aquele sorriso nos seus lábios. Subi as escadas quando eles foram para o corredor e oiço uma porta a fechar-se. Eu não vi onde eles entraram mas as hipóteses não eram muito inocentes. Fosse a que fosse, qualquer uma delas leva à mesma ideia. Ajeitei os óculos e sorri maliciosamente.

- Interessante... Muito interessante... - Continuei a subir as escadas e espreitei para o corredor. Claro, estava vazio. Sorri e sentei-me nas escadas encostada à parede. - "Eu estou com alguma pressa" foi o que ele disse. Realmente muito interessante.

Olhava para o chão e pensava no que tinha acabado de assistir. Fechei os olhos e continuei a rever aquelas imagens que não saiam da minha cabeça. Começo a imaginar vários ramos de possibilidades. Aquele sorriso de Chris encaminhou-me para uns determinados caminhos nada inocentes.

Chris era um homem direito e respeitável de dia, no seu emprego, e à noite, quando chegava a casa, atirava-se a uma criada que trabalhava para ele e ela satisfazia-o como ele queria. Alguns "brinquedos" vieram à minha mente. Uns cinquenta talvez. Muito sombrio até para o Chris. Também pensei e se esta fase pervertida dele fosse o seu "eu" verdadeiro e ele retirava a máscara apenas com ela. Algo fofo seria se a relação deles fosse proibida. Como por exemplo: ela era pobre, ele rico; ele estava destinado a gerir uma empresa e ela a limpar o chão; o destino deles liga-se juntamente com os seus pobres corações solitários; apesar de amarem-se perdidamente, a família do Chris e a própria sociedade não os deixava em paz. Um pouco Romeu e Julieta a mais, talvez. O que é mesmo engraçado é imaginar os dois em lugares do casal principal de contos de fadas como por exemplo a "Cinderela" ou "Branca de Neve". De qualquer maneira, seja o que for, a história dos dois vai ser linda e se não começar logo, um empurrãozinho não faz mal a ninguém.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora