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Girei a maçaneta de todas as maneiras até me enervar e empurrar a porta. Suspirei e encostei-me à porta. Os meus nervos já estavam em alta e nunca esperei que uma simples porta me fosse irritar ainda mais. À minha frente, Chris ainda estava parado em pé sem dizer nada. Ele olhou para mim e depois para a porta.

- Sabes que basta girar a maçaneta, não é? - Nem acredito que ele disse aquilo...

- O que achas que eu tentei fazer, idiota?!

Ele vem em minha direção e tenta girar a maçaneta. Como era de esperar, a porta não se mexeu. Ele foi para a mesinha de cabeceira ao pé da sua cama e remexeu nas várias gavetas. Agora era eu que estava confusa com o que ele estava a fazer.

- Estás à procura do quê mesmo?

- Da chave da porta. A probabilidade de alguém nos ter trancado aqui dentro é maior do que ser um problema da porta. - Depois das curtas procuras pelas gavetas, ele suspira e deita-se na cama.

- Olá? Porque paraste? Não é como se isto se resolvesse sozinho. - Ele levanta a cabeça e olha sério para mim.

- A chave não está no sítio de costume. Isso só quer dizer uma coisa: alguém a tirou para não termos hipóteses de escapar daqui de dentro.

- Mas quem é que faria isso?! - Chris ri de leve.

- Não conheces a minha irmã, nem um bocado.

O tempo passou sem muita coisa acontecer dentro do quarto. Chris ficou deitado na cama a ler um livro enquanto eu ficava a observar a paisagem noturna pela janela. Passaram quatro horas, e ninguém deu pela nossa falta.

- E lá se foi o último convidado. Já se foram todos embora.

- Ainda aqui estás. Nem todos os convidados se foram embora.

Olhei para ele à espera de ver os olhos esverdeados dele. Mas esses ainda liam atentamente as páginas do livro. Suspiro completamente desanimada. Fui à casa de banho lavar a cara. Quando voltei, Chris continuava na mesma. Provavelmente nem reparou em mim.

- Porque não experimentaste usar o teu telemóvel?

- A Yuna ficou com a minha mala quando cheguei. Ela disse que a ia guardar no escritório dela pois não ia precisar dela. Quem me dera ter ficado com o telemóvel...

- Ela tinha isto planeado desde o início, hum?

- E porque não usaste o telefone fixo ao teu lado?

- Porque ninguém atende. Os convidados não iam atender o telefone da casa de outra pessoa, e as criadas provavelmente não ouviram.

- Mas podias ter insistido, não causava problema nenhum. Com certeza alguém ouviria a certa altura.

- Talvez, mas agora não adiante de nada. Pelas horas, é possível que todas tenham ido embora.

- Então a Yuna atende. - Chris pousa o livro na cabeça e suspira.

- Tu ainda não percebeste. Não adianta de nada. Só saímos daqui amanha de manhã. Aguenta apenas isso.

- Para ti é fácil falar. Já eu não quero passar uma noite contigo. - Ele olha para mim sério.

- E que motivos tens para isso?

- Óbvio. Enervas-me a tal ponto de não querer passar mais tempo contigo. Presos num quarto quatro horas já é demais.

- O tempo passou muito rapidamente. Não vejo porque reclamas.

- Argh! Estás a esforçar-te sequer?!

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora