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De volta ao nosso quarto, bato à porta. Eu não tinha a chave por isso tinha que esperar que Chris abrisse a porta. Não oiço qualquer resposta então volto a bater. Daphne olha para as horas e suspira.

- Bom, eu despeço-me aqui. Tenho assuntos a tratar. Vemo-nos outro dia. - Despedimo-nos com um beijo e ela segue caminho. Pouco depois, Chris abre a porta.

- Já de volta? - O meu animo morreu com algo tão simples.

- Desculpa se não fiquei mais tempo fora. Pensei que não conseguias sobreviver muito tempo sem mim por perto. Por isso vim logo depois do fim da visita guiada.

- Deves ter-te esquecido que só trabalhas para mim há meio ano. Não só passo várias semanas fora de casa sozinho todo o ano, como não dependo de ti para sobreviver. - Ele volta para a cama e abre o portátil que estava sobre a cama.

- Não posso negar maioria do que disseste, no entanto... Não dependes de mim? Devo estar a imaginar coisas então.

Pouso a pequena mala na cómoda e viro-me para ele de braços cruzados. Irrito-me ainda mais ao ver a ignorância que ele me dava. Suspiro ainda irritada e espero. Alguns segundos de silêncio depois, Chris olha finalmente para mim. Ele tentou conter o riso ao ver a minha pose de zangada.

- Desculpa. Estavas a dizer? - Ele pousa o portátil na cama ao seu lado e presta atenção a mim com um sorriso ainda no rosto.

- Podes ter anos de experiência de solidão fora de casa e mais criadas ao teu serviço além de mim. Mas, pelas histórias que a tua irmã e a Daphne me contaram, eu sou das criadas que mais durou ao teu lado.

- O que queres dizer com isso? - O sorriso dele tinha desaparecido estando mais sério.

- Ao que parece, as criadas novas que eram repostas em zonas em que tu eras o chefe, fugiam a sete pés algum tempo depois. Acho que o recorde foi demitir-se no próprio dia, e dois meses depois porque estiveste um mês e meio numa viagem. - Começo a rir. - Sei bem qual é a razão.

- Se me recordo... - Volto a atenção para Chris que passou de alegre para sério e agora convencido. - Tu ainda estás cá por causa do nosso contrato que mais nenhuma outra criada teve. - Ele sorri convencido. Afinal, sabia que tinha razão.

- Sabes que mais... - Cerro as mãos com pouca paciência para falar com o pouco de respeito que tenho por ele. - Tens razão. Se não fosse esse contrato, nunca teria aceito trabalhar para um pervertido que não só me assediou mal nos conhecemos como chamou-me de prostituta! - Volto a pegar na bolsa e vou para a porta com uma certa pressa fechando-a com força depois de sair. - Idiota!

- Idiota... - Murmurou. - Se te arrependes tanto de aceitar o contrato, porque não cancelas? Precisas assim tanto do dinheiro...?

Com a raiva a queimar tudo dentro de mim, tive que gastar energia de alguma forma. Comecei a vaguear pelo navio sem destino algum a murmurar algumas maldições acumuladas dentro de mim. Quando dou por mim, estou sentada no bar, com um shot à minha frente. Olho para o copo sem qualquer memória de tê-lo pedido.

- Layla! - Olho para trás e vejo o casal a vir em minha direção.

- Alexa. Damian. O que fazem por aqui?

- Íamos ver uma banda que já atuou. - Damian sorriu e Alexa sentou-se ao meu lado.

- Estás sozinha? - Acenei e ela sorriu pedindo umas bebidas ao bartender. - Nós estávamos prestes a ir embora e não tínhamos grandes planos. Ainda bem que te vi aqui.

O bartender aparece outra vez com a bebida da Alexa e mais um shot. A Alexa dá a cerveja ao Damian e pega no copo bebendo-o num só gole e pousa o copo na mesa com força. O bartender volta a servir o copo dela logo de seguida. Ela olha para mim e para o meu copo.

- Não bebes? - Olho para o meu copo e prevejo um grande arrependimento.

- Claro. - Pego no copo e faço o mesmo que ela. O ardor na garganta que se seguiu era novo para mim.

- É mesmo assim! Bartender! Mais um para aqui!

Meia hora depois, Chris ainda estava no quarto a concluir o trabalho no portátil. Depois daquilo, ele já podia descontrair e deixar-se levar pelas férias. Mal ele fechou o portátil, ele ouve alguém a bater à porta. Ele pousa o portátil na mesa do centro do quarto e vai abrir a porta.

- Layla?! - O choque de ver-me inconsciente nas costas de um estranho não era algo que ele esperava ver do outro lado da porta.

- Agh ainda bem que acertamos no quarto. - Alexa respira aliviada e deixa Damian passar à sua frente. - Nós encontrámo-la no bar na sala de concertos. Ela já tinha um shot de whiskey, por isso não esperei que ela fosse sensível à bebida.

Chris vai ter com Damian e pega em mim colocando-me nos seus braços com a cabeça encostada no seu ombro. Alexa continuou a pedir desculpa até que Chris "expulsou-a" para que ela parasse de se lamentar por me ter incentivado a beber.

- Layla... - Ele repete mais algumas vezes até eu murmurar algo. - Agarra-te a mim. - Com a menor consciência que alguma vez tive na vida, assim o fiz. - Linda menina. - Ele carrega-me até à cama e senta-se comigo ainda no seu colo. - Estás maldisposta? Com vontade de vomitar?

- Não... - Nego com a cabeça ainda de olhos fechados.

- Então deita-te. Tens que deixar o álcool sair do teu corpo. - Ele ajuda-me a deitar e fica em pé ao meu lado. - Quero ver o estado que vais ficar quando acordares. - Sem conseguir conter, ele dá algumas risadas ao imaginar a grande ressaca que vou apanhar.

- Chris...? - Murmuro chamando-o à atenção.

- Queres alguma coisa? Algum problema?

- Sim... - Ele aproxima-se de mim para ouvir-me melhor. - Ainda estás vestido. - Ele cora com o comentário inesperado.

- O quê?!

Num movimento rápido, agarro-me a ele e puxo-o para cima de mim. No entanto, ele tinha bastante mais força que uma bêbada fraca. Acabei por ficar agarrada ao pescoço dele quando ele colocou as mãos sobre a cama impedindo-o de cair.

- Layla, estás bêbada. Não sabes o que estás a dizer.

- Sei sim. Sei que estás aqui, eu também, num quarto, sozinhos. - Faço beicinho sacando umas risadas de Chris que tanto tentou conte-las.

- Vai antes dormir. Umas boas horas de sono vão te fazer bem. - Ele quebra o meu abraço ao pescoço dele e afasta-se de mim.

- MAU. - Cruzo os braços e viro-me de costas para ele ainda a fazer beicinho.

- Por que razão o teu "eu" bêbado é tão infantil? - Ele suspira. - Eu vou tomar conta de ti. Vou ficar aqui ao teu lado, está bem?

- Hmp. - Reclamo ainda decidida na injustiça que estava a receber.

- O que queres que eu faça...? - Chris suspira derrotado. - Fui vencido por uma Layla bêbada infantil... Agora não lhe posso mesmo contar sobre isto.

- Beijo. - Ele é apanhado de surpresa pensando até que ouviu mal. - Beijo! - Ele suspira ao confirmar o pedido.

- Não posso negar um pedido de um beijo a mulher, certo? - Ele pensa.

Chris sobe para a cama e aproxima-se de mim preparando-se para beijar a minha cara. Ao ver, pelo canto do olho, o rosto dele perto do meu, eu viro-me e acabamos por trocar um beijo nos lábios. Chris afasta-se no instante pois não era isso que ele tinha planeado.

- Maldita... - Ele murmura ao ver o meu sorriso de vitória. - Esta foi a tua verdadeira intenção, estou a ver.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora