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- Peter?! O que ele faz aqui?! - Olhei para Chris e assustei-me ao ver o seu olhar sério. Assim até que prefiro o pervertido...

- Senhor? - Hannah estranhou o tempo sem resposta.

- Ela está aqui. Diz ao homem que não tardará para vê-la.

Hannah confirmou a ordem e saiu. Ele virou-se para mim e agarrou-me pelas pernas. Para minha surpresa, ele pousou-me na cama e afastou-se. Pegou na minha roupa que deixei sobre o balcão da outra vez e entregou-ma à mão. 

- Veste-te. Não demores que tens alguém à tua espera. - Aquela frase fez-me tremer de medo. O tom da voz não ajudava nada. De qualquer maneira, aceitei a ordem e comecei a tirar as alças do uniforme quando reparei no olhar de Chris sobre mim pelo espelho. - Não sei qual é o teu problema. Já vi-te de lingerie, lembras-te? - Corei no instante. Tinha-me esquecido disso...

Respirei fundo e comecei a retirar o uniforme. Apesar de ele já ter-me visto de lingerie e de ter feito muitas outras coisas, o seu olhar sobre mim ainda era desconfortável, é claro. Bastou uns minutos e já estava pronta. Ajeitei a minha roupa e o uniforme. Ia levá-lo nos braços e entrega-lo a Yuna ou perguntar onde devia pô-lo.

- Podes deixá-lo ali, na terceira gaveta. - Apontou para a cómoda mais perto da janela. Eu não perguntei nada, mas também não questionei a sua ordem e coloquei-o lá. Surpreendi-me quando vi apenas roupa feminina ali. Várias ideias vieram-me à cabeça quando são interrompidas pela sua voz. - Precisas de ajuda? - Neguei e fechei a gaveta.

Fui em direção à porta quando me deparo com ele vestido com umas calças escuras, uma camisa social branca desabotoada com a gravata mal colocada e de sapatos clássicos. Ele tem qualquer coisa em mente e não é boa com certeza. Afinal, não estou a vê-lo a sair para qualquer sítio vestido daquela maneira. Bom, apenas se fosse para um bar ou algo do género, mas com a gravata naquele estado? Quando foi para a reunião ele fez bem, por isso, a gravata está assim com um certo objetivo o que assusta-me um pouco.

- Pronta? - Ele perguntou e eu acenei. Ele abriu a porta e deu-me passagem; um ato estranho vindo dele. Eu passei por ele e oiço a porta a fechar pouco depois. - Vamos então. - Mas o que está a acontecer? Agora ele está a sorrir, e não é malicioso!

Tentei ignorar aquele meu instinto que não parava de me alertar sobre aqueles atos do meu mestre; nem um olhar malicioso quanto mais uma provocação. Pelas poucas horas que passei com ele, diria que ele estava doente. De qualquer maneira, continuámos a andar. Poucos passos demos e já estávamos na porta da mansão. Estáva prestes a sair quando Yuna apareceu.

- Layla! - Ela sorriu e ia acelerada em minha direção. Abraçou-me e apertou-me de leve. - Queria falar mais contigo. - Largou-me optando por ficar apenas a segurar os meus ombros. - É engraçado falar contigo. E interessante.

- Mas só falámos de coisas simples. Como é que achaste isso interessante? - Ri de leve.

- Ah talvez tenhas razão. Mas uma coisa é certa: gosto de falar contigo. - Continuava a sorrir até que observou-me bem. - Vais embora agora, é? - Ia responder-lhe quando sou interrompida.

- Ah, desculpa por teres esperado por mim, Layla. Esqueci-me da carteira no quarto, não sei como. - Riu até que se apercebeu. - Oh, olá mana. - Sorriu para a mesma.

Os meus olhos ficaram presos naquele sorriso. Ele era tão diferente do anterior que deu antes de sairmos do seu quarto. Apesar de serem praticamente idênticos e, talvez, maioria não note, mas os sentimentos de amor e carinho transbordam deste simples brilho. Qualquer mulher de simples mentalidade derretia-se se visse o que eu estou a ver. Aquele seu vestuário de classe mas confortável, parceiro do cintilar dos seus dentes, eram as armas perfeitas para conquistar  um simples coração. Felizmente já conheci a sua faceta de perverso mimado...

- Chris! - Foi em direção a ele. Pensava que iam dar um abraço quando sou espantada com um agarrar de bochechas. - Mas que raio andas tu a fazer para estares vestido nesse estado?! Onde pensas ir nestas condições, playboy? - Oiço o riso dele apesar de Yuna estar a espremer-lhe a cara de tal forma que parecia ter a cara rechonchuda. - E ainda te ris!

- Sim!

- AH! E ainda admites!

- Sim! - Era tão engraçado como ele dizia.

- Chris! - Que luta de irmãos tão estranha.

Quando dei por mim, estavam os dois a rir agarrados um ao outro. Yuna não lhe apertava as bochechas e ele apenas ria juntamente com ela. Um ao lado do outro, são cá um par de irmãos. Os cabelos louros combinavam perfeitamente com o tom de pele, a estrutura do corpo era elegante dando-lhes mais classe, ambos eram lindos mas, de todas as suas características físicas que eles tinham, os olhos esverdeados eram o foco das atenções. Era impossível não ficar perdido naquele verde livre que cobre os seus olhos. Não me admirava se eles fossem o centro das atenções em qualquer sítio que fossem.

- Adiante, onde vão vocês os dois? - Yuna questionou depois de uma longa gargalhada.

- Eu vou só acompanhá-la ao portão. Um tal de Peter espera-a. Falando nisso, não podemos ficar a empatar tempo. - Ele ia abrir a porta quando é impedido por Yuna.

- E vais levá-la nesse estado? - Observa-o de alto a baixo. Ele faz-se de desentendido até aperceber-se do que ela falava.

- Haha estou só a brincar. - Esfregou a cabeça. - Não te preocupes que eu sei o que fazer. - Yuna não parecia muito convencida mas largou o seu braço e recuou.

- Então vão lá. Não queremos que o Peter fique especado a contar estrelas. - Ela sorriu e Chris abriu a porta.

- Vamos então. Já volto mana. - Foi ter com ela e beijou-a na testa. Até corei com um ato tão fofo vindo dele.

A porta abriu-se e nós saímos deixando Yuna para trás. A noite invadiu os meus olhos tanto como o nascer do sol. Apesar da escuridão que a noite trás, as estrelas iluminavam o céu que as luzes da rua não tocavam. O bairro mostra a sua classe com o tom da luz dos candeeiros. Era clara o suficiente para uma pessoa ver o que a rodeava a uns dez metros mas suave para que o céu estrelado seja visível. Era um encanto. Distraí-me por uns instantes com aquela visão tão bela. Só quando pousei os olhos em terra é que vi o braço de Peter a acenar do outro lado das grades negras.

- PETE! - Ia atira-me para cima do caminho de pedra entre as portas brancas da casa e o portão negro quando sinto um toque suave e caloroso na minha cintura.

- Isso aleija-me de certa forma. - Ele sussurra perto do meu ouvido. - Não vais trair-me, vais? - O tom sensual, a respiração sobre o meu pescoço, o sussurro a enfeitiçar o meu ouvido. Este sim eu conheço.

- Mestre. - Virei-me para ele e sorri. - Eu sou sua leal criada. Não se preocupe com tais coisas. - Ele olha atentamente para mim e depois sorri e eu apenas suspirei. - O sorriso não é o mesmo... - Foi aí que apercebi-me. Eu quero ver esse sorriso outra vez. Não para Yuna como da outra vez, mas para mim. - Não! Ele?! Apenas achei fofo já que ele é um autêntico perverso de nascença!

- Layla. - Oiço a voz do meu amado Peter e desperto no mesmo instante. Estava a uns meros metros dele. Nem reparei que andámos. Estava demasiado perdida em pensamentos. 

- Boa noite. - Chris falou mantendo-se ao meu lado. - Eu sou o dono desta casa, Christopher. Ouvi dizer que queria falar com uma criada da minha casa. Podia saber a razão? - A mão de Chris segurava a minha cintura talvez para mostrar que estava segura.

- Oh, boa noite. - Ele abaixa de leve a cabeça. - O meu nome é Peter e apenas queria falar com a Layla. - Ele sorri. Corei de leve e os meus lábios sorriram também inconscientemente.

- Apenas? - Ele direciona o seu olha para o carro encostado à beira da estrada. - Não tem outros objetivos? - Peter suspira um pouco embaraçado.

- Apanhou-me. Vim com o objetivo de levá-la de volta para a nossa casa. - No mesmo instante sinto a mão de Chris a apertar de leve a minha cintura. Tem calma Pete, sim? 

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora