~~ 5 ~~

20.5K 1K 42
                                    

Esperei pelo pior e rezei pelo melhor. Deus deve ter ouvido a minha prece pois mal eu aceitei a sua proposta, o que vai causar muitos problemas para mim, ele saiu de cima de mim. Saiu da cama e foi em direção ao armário grande na parede ao lado da cama. Enquanto ele retirava umas peças de roupa, eu fiquei a observá-lo talvez espantada pelo seu ato. Apenas retirei os meus olhos sobre ele quando ele retira a toalha que tapava metade das suas pernas e as outras partes que devem manter-se escondidas. Virei a cabeça para o outro lado com o rosto levemente corado. Uns minutos depois pude sentir os meus pulsos a ficarem menos pressionados o que levou a olhar rapidamente para eles. Ele estava a desatar o lençol em volta dos meus pulsos e uma súbita alegria surgiu e consumiu o meu corpo por completo. Estava finalmente livre daquele pervertido. Na realidade é apenas uma ilusão pois estou mais presa a ele do que uma amarra nas mãos...

- Não penses que estou a ser simpático contigo. – Disse após soltar-me da cama. Sentei-me sobre ela e massajei os pulsos encarnados da força que fiz para soltar-me. – Tu aceitas-te a minha oferta, por isso, agora és a minha escrava. – Não gostei nada de ouvir aquilo, mesmo sabendo que era um pouco verdade. – A minha palavra é absoluta e não vais recusar ou serás punida. Percebes-te? – Revirei a cara irritando-o. – Responde! Não te esqueças do que aceitaste. – Resmunguei baixo e logo respondi também num tom baixo.

- Percebi. – Como me odeio... - Tsh. – Resmunguei.

- "Percebi, mestre." Deve ser isso que querias dizer. – Subiu de novo para a cama e aproximou-se rapidamente de mim. – Certo? – Ele tinha de novo aquele sorriso malicioso coberto de pensamentos obscuros e todos sobre mim. Corroí-me por dentro até suspirar aceitando a minha derrota.

- Sim, mestre. – Disse de cabeça cabisbaixa, mas foi logo erguida obrigando-me a olhar para ele.

- Gosto da maneira como dizes "mestre". A partir de agora, vais tratar-me sempre por mestre. Até nos teus pensamentos e sonhos. – Sussurrou a última parte ao meu ouvido. Senti o meu coração a acelerar e o meu rosto a aquecer ao recordar-me das sensações que ele me deu há poucos instantes. No meu breve momento de fraqueza, ele beijou o meu rosto e colocou-se à minha frente. – Agora tenho que ir e volto bem tarde por isso espero que fiques cá até eu chegar. – Sorriu após dizer aquilo, um sorriso inocente como se nada do que fizemos tivesse acontecido. – Vais esperar pelo teu querido amo, não é? – Manteve o sorriso inocente como se quisesse dizer algo.

- Sim, mestre. – Respondi com raiva em cada palavra. Não demonstrei os níveis elevados de raiva no tom de voz ou seria ainda mais punida, e não quero pensar no que poderia acontecer. – Eu ficarei à sua espera até que o mestre chegue. – Mantive a brincadeira dele.

- Agradeço a tua lealdade mesmo sendo criada há poucas horas. – Sorriu e acariciou o meu rosto suavemente. – Eu prometo que serás recompensada. – Corei ao ouvir aquilo tão perto de mim com uma voz tão séria que nunca antes ouvi daquela boca. No entanto, esse momento foi arruinado quando ele ataca o meu pescoço com a velocidade de um vampiro. Mordi o lábio com o toque dos seus lábios húmidos sobre a pele do meu pescoço. – Gostava de puder passar mais tempo contigo. - Ainda podia sentir o seu bafo perto do meu pescoço.

Olhei-o de canto e surpreendi-me ao ver a sua expressão de irritação. Para minha maior surpresa, ele ataca o meu pescoço cravando de leve os seus dentes. Aquela estranha sensação de dor e leve prazer fez-me libertar um leve gemido. Depois da mordida, ele manteve os seus lábios presos à minha pele e, quando os tirou, deixou uma sensação quente para trás.

- Vou deixar-te esta marca para não te esqueceres de mim se te vier à cabeça tentá-lo.

Ele saiu de cima da cama logo depois de falar. Eu permaneci sentada sobre a cama com uma mão no pescoço sobre a zona marcada. Os meus olhos não largavam o seu corpo sendo atraídos para ele e assim fiquei, parada, a observar cada movimento que ele fazia. Vi cada passo que dava, tudo o que a sua mão alcançava, os gestos de pentear o cabelo com as mãos e a fazer o nó da gravata. Vi-o a vestir o casaco, a última peça do fato e a sair logo após calçar os clássicos sapatos pretos. Vi-o a sair sem dizer mais nada além daquilo após marcar-me como se fosse sua propriedade.

Passaram alguns minutos, minutos desperdiçados a olhar para a porta sem saber por quê. Eu ainda estava hipnotizada pelo seu toque. Não conseguia pensar plenamente nem reagir. Virei-me para um lado da cama e passei as minhas pernas para lá. Observei atentamente o chão à procura de algo para colocar nos pés, mas não havia nada. Sai da cama sem qualquer proteção nos pés e dirigi-me lentamente até ao espelho, o mesmo espelho que ele usou para fazer o nó da gravata e dar os retoques no cabelo. Aproximei-me e observei-o atentamente, da moldura detalhada mas simples em seu rebordo à imagem limpa que refletia. Finalmente, afastei a mão do meu pescoço e vi a marca de que ele falava. Conseguia ver uma leve marca dos seus dentes no meu pescoço, mas o que sobressaía mais era a mancha avermelhada no meio dela. Era tão vermelha, tão grande e tão estranha que parecia palpitar sobre a minha pele em busca de atenção.

- Realmente, assim pareço um animal do gado. – Suspirei ainda a ver bem aquela mancha na imagem refletida do espelho.

Cobri de novo aquela zona e afastei-me do espelho. Virei-me para trás, para a cama, e apanhei a roupa caída no chão. Ajeitei-a com algum cuidado e coloquei-a sobre uma cadeira perto de um parapeito que servia de banco com uma janela com uma vista incrível das ruas de alta classe, mas era tapada pelas cortinas. Voltei para ao pé da cama e retirei o meu uniforme em cima da cómoda e comecei a vesti-lo. Ao acabar de arranjar-me, olhei para o relógio digital no criado mudo do outro lado da cama que registava 13:07. Tanto tempo e só agora é que vesti o meu uniforme. Suspirei totalmente desanimada. Olhei em meu redor várias vezes, observei cada canto, cada curva, cada parede, cada forma daquele quarto e suspirei outra vez.

- Ao menos que faça alguma coisa de jeito por aqui... - Arregacei as mangas e foi aí que reparei que o uniforme não tinha mangas. – Lado positivo: não corro o risco de sujar as mangas se elas nem sequer existem. – Dito isto, fiz-me ao trabalho e comecei, de verdade, a fazer o serviço de uma criada.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora