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- Ah, praia. - Respirei fundo.

Por vários motivos ao longo da minha vida, tive muitas poucas oportunidades de ir à praia. Depois da nossa mãe ficar no hospital, eu e o Pete focámo-nos em arranjar dinheiro para nos sustentar e ajudar nas contas do hospital. Ainda hoje temos dificuldade, por isso nunca fomos de descontrair.

- Vamos, Layla. Sei a zona perfeita para ficarmos.

Nunca estive naquela praia, por isso limitei-me em seguir a Yuna e observar o meu redor. Maioria das pessoas eram banhistas, como era de esperar. Ou eram famílias ou grupos de amigos, uns vieram para se divertir enquanto outros dedicavam-se mais ao bronze que a outra coisa. O que achei de mais interessante era a quantidade de pessoas que caminhavam ou corriam pelo passeio ao longo da beira da praia.

- Ficamos aqui. Deixa aí as tuas coisas e começa a despir-te. Quero ver o bikini que trouxeste. - A cara de Yuna parecia mais de um pervertido que de uma amiga.

- Tem calma, Yuna. E não me julgues. Nem fui eu que o comprei.

Tiro o top e os calções e guardei-os na minha mala. Conseguia sentir o olhar atrevido da Yuna, o que me deixava extremamente desconfortável. Estou habituada ao do Chris, não ao dela.

- Layla! Que linda! - Corei e encolhi-me um pouco embaraçada. - Não fiques tímida agora. Wow! Subestimei-te. A minha imagem era de um bem simples. - Disse desiludida ao voltar a ver essa imagem.

- Eu só tinha este em casa. Não tive outra escolha se não até levava um mais simples.

- Deves estar a gozar. Este é perfeito. Ficaria melhor em mim, mas fica-te bem.

- Peço desculpa não conseguir ficar ao mesmo nível que a menina modelo. - Digo cheia de sarcasmo.

- Sabes, eu não sou modelo. Pousei algumas vezes e tirei umas fotografias, mas sou completamente virada para a minha própria empresa.

- Oh sim, o Chris tinha mencionado uma vez ou outra. És a criadora e editora da revista de moda Andy's.

- É verdade. Não é propriamente fácil, mas eu sempre tive uma paixão pela moda.

- Sendo uma editora de uma revista de moda, explica muita coisa.

- Por isso vê se aproveitas o meu conhecimento de moda e aprecias a minha opinião. - Ela piscou o olho.

Enquanto Yuna arrumava as suas coisas, eu aproveitei e comecei a por o protetor solar. Quando acabei, Yuna já estava deitada na espreguiçadeira.

- Pensava que vínhamos à praia. - Ela levantou os óculos e olhou para mim.

- Não me digas que ainda não te apercebeste que estamos na praia.

- NÃO! Apenas pensei que fossemos à água.

- Oh, tu és dessas. Para mim ir à praia é apanhar banho de sol. Gosto de ir à água, claro. Mas prefiro ficar deitada, descansada, na esplanada. - Ela voltou a relaxar na espreguiçadeira.

- Eu apanhei sol o suficiente no cruzeiro com o Christopher. Se me convidaste a vir à praia, vamos à água, agora.

Yuna levanta outra vez os óculos e dá um longo suspiro. Levanta-se e deixa os óculos em cima da espreguiçadeira.

- O que eu faço por ti, amiga. - Começo a rir.

Agarro a mão dela e puxo-a até à água. Dei um mergulho rápido e dei um pequeno berro. A água estava mesmo fria. Já Yuna foi molhando-se pouco a pouco.

Por uns minutos distraí-me e perco a Yuna de vista. Assustei-me com alguém a surgir ao meu lado de repente. Respiro de alívio ao ver o sorriso da Yuna. E oh meu deus, como ela é linda. Ainda não consigo acreditar que ela é solteira, mesmo sendo mãe.

Uns longos minutos dentro de água, Yuna voltou para a areia. Enquanto eu pensava que ela ia ficar a dormir na espreguiçadeira, Yuna continuou o seu plano maléfico. Pegou no telemóvel e fez a chamada.

- Oi, Chris. Ainda andas pela praia?

- "Lá perto, sim. Estou só a beber um café num café perto da praia. Porque? O que queres que eu faça?"

- Que maldade. Pensares logo que eu quero pedir-te um favor.

- "Por favor, Yuna. Confessa logo." - Ela amua um pouco antes de responder-lhe.

- Bom, fiz uma pausa pela praia, mas esqueci-me da carteira. Sabes como eu bebo sempre um batido na praia. - Ela ouve o suspiro de Chris e sorri logo.

- "Eu passo por aí então. Onde estás?"

- Vai para a bancada dos batidos. Quando chegares dá-me um toque que eu vou lá ter.

- "Ok. Então até já."

- Adeus. - Terminou a chamada e voltou a descontrair na espreguiçadeira. - Ponto dois, feito.

Passaram alguns minutos e eu voltei para a espreguiçadeira. Deite-me e olhei para Yuna que parecia estar a dormir. Estava deita de barriga para cima com os óculos de sol postos o que tornava difícil perceber se ela estava mesmo a dormir ou não. Acabei por ignorar e tentei descansar também.

- Hey, Layla. - Assustei-me e levantei-me logo. - Que reação foi essa?

- Não sabia que estavas acordada... - Yuna desvia os óculos e fica a olhar para mim com aquela cara que me acha louca.

- Bom, eu estava a pensar em ir comprar um batido. É meu costume beber um outro sempre que vou à praia. Queres ir?

- Parece-me bem. Acabei de chegar da água, no entanto.

- Oh não faz mal. Descansa um pouco que já lá vamos.

Voltei a deitar-me e, tal como ela tinha pedido, descansei um pouco. Só não sabia como isso tudo estava no plano dela. Enquanto eu dormia, Yuna ficava a rever o seu plano na cabeça.

- Layla. - Acordo e vejo Yuna ao meu lado. - Adormeceste mesmo. - Riu e começou a remexer na sua mala. - Já passou algum tempo e já estás seca. Batido? - Ela abanou a carteira na mão.

- Vamos lá então. - Espreguicei-me e vesti os calções.

Pelo caminho conversámos sem parar. Os temas foram variando desde a praia e o tempo a partes pessoais e momentos passados. Descobri que o nome da revista dela é dedicada ao marido que morreu há uns sete anos. Andy era como ela o tratava. Foi um momento triste e fofo, uma estranha combinação.

Na bancada, a fila era grande, como era de esperar. Já estávamos à espera há alguns minutos e ainda havia várias pessoas à nossa frente. Foi aborrecido aparecerem alguns rapazes a meterem-se connosco durante poucos minutos. Se havia dúvidas do encanto da Yuna, agora já não.

Quando finalmente eramos a seguir, Yuna decide ir embora para a casa de banho. Foi muito estranho e até preferia que tivesse ido antes que evitava aturar tantos rapazes idiotas desesperados. Ao menos ela disse-me o que queria.

Depois de fazer o pedido, sentei-me numa mesa que estava livre na explana a poucos passos do interior. A Yuna conseguiria ver-me quando saísse, e isso era perfeito. Distraí-me a olhar para o horizonte e não reparei no homem a sentar-se à minha frente.

- É lindo, não é?

- Quase que define a palavra perfeito. - Foi pouco depois que me apercebi. Virei-me e surpreendi-me ao vê-lo sentado à minha frente. - O que pensas que estás a fazer?

- Podia perguntar-te o mesmo. - Ele prende os óculos de sol na cabeça e encosta-se na cadeira. - Podia dizer que até que era previsível a minha irmã planear algo como isto.

- Do que estás a falar, Chris? - Ele ri de leve.

- Não sei porquê, mas vejo isso como fofo e não ignorância. Antes chegava a pensar porque é que fazia isso. - Suspiro já cansada de estar com ele.

- Podias ir-te embora? Estou à espera da Yuna, e não de ti.

- Desculpa, mas duvido que ela apareça enquanto eu estiver aqui.

O sorriso convencido que vi tantas vezes na cara dele estava a ser irritante de novo. Já começava a sentir os nervos a quebrarem e a raiva a aumentar com cada palavra que saia da boca dele. Mas isso era bom. Enquanto estiver com esses sentimentos, o meu coração não estraga tudo.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora