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A noite fria era bem clara com as horas mas há muito tempo que não via a mansão tão movimentada. Eu e Hannah conversávamos num canto da cozinha, o único sitio onde não atrapalhávamos o pessoal da cozinha e onde podíamos estar descansadas a conversar sem ter Yuna a berrar connosco. Não acredito no que vou dizer mas, sinto falta do Chris. Ao menos, quando ele estava cá, apenas ouvia os berros da Yuna quando ela irritava-se com ele ou com alguém do pessoal mais habituado a estes sermões, principalmente o chef. Pergunto-me porque escolhem sempre um chef tão esquisito com a sua comida.

- Hannah! Layla! Finalmente vos encontro! Até parece que se estavam a esconder de mim. - Ela suspirou enquanto nós as duas tentámos conter os risos e fomos atrás dela. - Preciso que vejam a lista de convidados mais uma vez. Quero ter a certeza de que há comida e lugar para todos. - Hannah correu logo atrás dessa tarefa o que me fez arrepender de não ser mais rápida do que ela.

- Maldição. - Quando se afastou sorriu vencedora por ter ficado com a tarefa mais fácil. - Oh tu...

- Layla. - Pus-me em forma e sorri como se nada fosse. - Preciso que vás ver do Terry. Ele foi para o jardim com o Kouki e tenho medo que ele suje o fato. Já que ele ouve-te tanto como a mim e eu ando ocupada com a festa...

- Não te preocupes. Eu falo com ele. - Ela sorriu e agradeceu.

- Antes que vás. Eu sei que tu e a Hannah estavam a tentar fugir mas sabem que eu preciso de vocês as duas agora. Não só são as que se esforçam mais como preciso de toda a ajuda possível. - Eu peço desculpas e depois de uma troca de palavras já estávamos as duas a rir. - Vai lá então que eu tenho que ir mudar-me.

E então fui. Dezembro não é um mês nada quente e sair à noite com um uniforme curtinho de criada não é a melhor ideia. Eu já tremia mesmo antes de virar a maçaneta da porta do pátio que dava ao jardim. Andei encolhida a esfregar os braços à procura dos dois rapazes pelo longo jardim até que vejo uma grande bola de pelo a correr em minha direção. Começo a esfregar o seu pelo enquanto ele andava aos pulinhos à minha volta.

- A minha mãe mandou-te não foi.

Terry estava bem aborrecido. E eu não digo isto por causa do tom de voz, expressão, braços cruzados ou postura. Apenas tenho um pressentimento que ele estava mesmo aborrecido. Bom talvez os outros pontos foram uma boa pista mas que importa.

- Então deves saber por que estou aqui. - Larguei o Kouki e começamos a andar pelo jardim. - A tua mãe apenas me disse para vir ter contigo. Nem foi preciso dizer mais nada para saber do que se tratava. - Esfregava os braços e vejo Terry a tirar o casaco do seu fato e a estendê-lo a mim. Fiquei parada a olhar para ele por uns instantes.

- Anda lá. Está frio e tu estás assim vestida tão atrevida. - Ele riu ainda mais quando lhe dei um leve soco. Agarrei o casaco de qualquer maneira.

- Em minha defesa, este sempre foi o meu uniforme. - Ele riu ainda mais. - E afinal, que atos de cavalheiro são esses? Podes ter crescido um pouco, mas não abuses. - Rimos os dois e parámos por uns instantes. Mesmo eu ter dito aquilo, o tamanho do casaco era o suficiente para proteger-me por aqueles minutos. - Agora a sério. A festa está quase a começar. Não me vais dizer que não queres ir a uma festa de borla, vais? - Ele cruzou os braços e virou-se de lado.

- Festa? Aquilo não é uma festa! É o mesmo evento para pessoas chiques que a minha mãe e tio fazem todos os anos. O evento de Natal dos Morrison... Que seca. - Abro as mãos como se tivesse um livro na mão e ajeito uns óculos invisíveis. - Mas que...

- Festa: dia de comemoração; gesto ou demonstração de um sentimento de ternura ou de afeto.*

- Mas que raio. Para quê a voz de snob e o dicionário imaginário?

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora