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O silêncio no quarto podendo apenas escutar o som do relógio de fundo, um cheiro doce preso no meu nariz e calor a rodear-me completamente. Adoro acordar num ambiente tão calmo e sereno como este. Abro os olhos de leve e espreguiço-me sem fim até cair de novo na cama relaxada. Esfrego os olhos e olho para a janela à espera de ver o sol a brilhar, como de costume. Para meu espanto, a luz que chegava à janela vinha dos candeeiros espalhados pela rua. Olhei para o relógio a verificar as horas, mas os meus olhos ainda estavam mais a dormir.

- Não importa que horas sejam também. - Bocejei com apenas mais vontade de voltar para debaixo dos lençóis. - Soa-me bem voltar a dormir. Logo acordo daqui a umas horinhas.

Meti-me de novo na proteção dos lençóis e pus-me confortável. Para melhorar a situação, o cheiro aromático continuava a distrair o meu nariz. Era tão suave que não fazia impressão mesmo estando tão perto da fonte. Sem intenção segui o cheiro para o outro lado da cama. De olhos fechados, não me apercebi onde estava a meter-me. Nem a sensação de algo quente e firme a abraçar as minhas costas despertou o alarme.

- Hmmm...

Oiço um murmuro perto do meu ouvido. Felizmente os meus ouvidos estavam de guarda. Abro os olhos com receio da verdade, contudo, de nada valeu; a verdade era bem certa. Num instante para o outro, desperto sem mais nem menos. Por instinto tentei afastar-me mas o braço apertou-me mais. Corei até às orelhas ao ver o nosso estado. Levei a minha mão ao seu braço devagar e afastei-o com cuidado de mim. Suspirei ao ver nenhuma persistência. Levantei os lençóis com cuidado para não o despertar. Tanto trabalho para nada. Bastou por uma perna de fora da cama para a besta acordar. Que sensível, meu Deus.

- Bom dia. - Ele sorri ao ver-me bem acordada ao seu lado.

- Boa noite. - Corrigi-o. - Passa da meia noite e está completamente escuro tanto aqui dentro como lá fora. Não só adormeci, ao que parece, como estava a dormir na tua cama. E afinal porque estou assim?! Lembro-me bem de estar vestida da última vez que falei contigo. - Mesmo sendo óbvio que estou irritada, ele ainda tem coragem de rir descaradamente. Que irritante!

- Boa noite então. - Ele põe-se de lado para mim a sorrir numa pose um pouco atrevida. - Dormiste bem? - Faz um sorriso inocente.

- Pronto. Basta. Não estou com disposição nenhuma para aturá-lo. - Virei-me para a borda da cama pronta para sair quando sinto o meu braço a ser puxado. - O que pensas que estás a fazer... - Perguntei seco, como disse, sem qualquer motivação para isto.

- Ia perguntar-te o mesmo.

Ele larga o meu braço de seguida e ajeita-se na cama enquanto observa-me. Claro que suspeitei esta atitude dele, mas preferi as hipóteses de ir embora. Levantei-me e saí da cama sem conseguir evitar de não corar ao aperceber-me da situação mais uma vez. Tive o instinto de me tapar, mas de que adiantava. Só queria sair dali.

Olhei para certos cantos do quarto, para a ponta da cama, abri a gaveta da cómoda, mas em nenhum deles estava a minha roupa. Os meus olhos foram parar sobre Chris que encolheu os ombros fazendo-se de desentendido. Preparei-me para vasculhar o quarto pela minha roupa. Não há nenhum problema, afinal, eu é que vou limpar no fim.

- Pensei que o objetivo de uma criada era limpar, não o que estás a fazer. - Comentou ao ver-me a vasculhar em todas os cantos da cómoda e do roupeiro.

- E eu pensei que um mestre serve para pagar e dar ordens, não assediar as empregadas constantemente. - O cuidado que costumo ter ainda estava por aparecer depois de acordar. Sem qualquer controlo, o que quero dizer simplesmente sai da minha boca. - Diz-me só onde está a minha roupa. - Esperei por uma resposta, mas bastou uns segundos para perceber que não receberia uma. - Não estou para brincadeiras, Christopher. Onde está a minha roupa?! 

Foi a primeira vez que chamei-o pelo nome. Estava decidida a ter o que queria, mas Chris também estava. O olhar que me lançou fez-me arrepiar e arrepender não ter melhor controlo. Ele levanta-se e vem em minha direção. Num abrir e fechar de olhos já estava sobre o seu comando com a cama nas minhas costas, as mãos presas em cima da minha cabeça e um olhar superior sobre mim.

- Numa coisa tens razão. - Aproxima-se do meu ouvido e sussurra. - Eu sou o teu mestre. - E morde de leve o meu ouvido.

Sinto a o seu bafo a descer lentamente pelo meu pescoço. Uma mão pressionava os meus pulsos sobre a cama para nem sequer pensar numa fuga enquanto a outra dedicava-se a explorar o meu corpo desprotegido. Esta situação não passa de um grande déjà vu é o que é.

- Com que então sentes-te ameaçada, hum? Interessante... - A respiração tão perto da minha pele enquanto falava provocava um irritante arrepio. - Não me vou esquecer dessa.

- Até parece que pensas que estás a ser querido ou amoroso comigo... - Encolhi-me com o toque frio da sua mão contra a minha anca.

Com o passar do tempo, a combinação de sensações sobre o meu corpo despido começou a fazer o efeito de costume. A minha cabeça começou a pensar cada vez menos e a concentrar-se mais nos toques suaves das mãos de Chris em volta do meu corpo; o que só piorava a minha posição. A minha respiração começou a acelerar de leve e sentia a cara a aquecer. A este ponto, os meus braços já não estavam presos, mas de que adiantava estar livre se não tenho cabeça para fugir das mãos da besta.

O peso do corpo de Chris sobre o meu, a pressão da sua respiração sobre o meu corpo, o bafo quente contra a minha pele e o toque húmido dos seus lábios para completar. Tudo isto e mais deixavam o meu corpo num transe excitante. Nunca odiei tanto o meu corpo. Por vezes, perguntava-me a razão de Chris ter tanta reputação quanto a mulheres. Assim, não me admira mesmo nada. Uma delícia para os olhos, um estimulante para o coração, um doce em toques e uma tentação nos momentos íntimos. Não é de espantar todas as histórias que ouvi e li quanto a ele. Ele daria um excelente amante se não fosse este lado pervertido dele que pareço atrair constantemente.

Deixando as ilusões no mundo dos sonhos, a minha atenção voltou-se de novo para Chris. Os seus lábios pareciam muito focados num sítio no meu peito. Apesar de estar meio zonza com aquela atividade toda, conseguia sentir as alças do meu sutiã a descerem devagar e os beijos de "ternura" de Chris a aproximarem-se do seio. Contudo, o meu corpo estava demasiado tentado para parar a ação e preferiu continuar a sofrer. Até que sinto uma mão nas minhas costas e, num instante, deixo de sentir o aperto e segurança do meu sutiã.

Os meus sentidos despertam de um momento para o outro e as minhas mãos livres foram diretas à cara de Chris. Um soco rápido e inesperado deitou-o abaixo. Aproveitei a chance e tentei fugir após apertar o sutiã. Quem me dera ter tido mais força. A força da mão de Chris a apertar o meu pulso não era tão agradável como dantes... 

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora