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A minha despedida de Chris foi muito amarga, sem dúvidas. Depois de ele ir embora, tive receio do que viria no futuro. Um mês é muito tempo para pensar.

Depois de dormir sobre o assunto, na manhã seguinte, vieram muitos arrependimentos. Eu sou criada dele e estou completamente dependente dele. Segundo o suposto contrato, eu recebia 1000€ em troca da minha total submissão a ele. Talvez foi uma má ideia ter aceitado este emprego.

De volta ao trabalho, mesmo sabendo que ele não estava lá, sentia uma grande vontade de apenas voltar-me para trás e fugir. Mas acabei por ir na mesma. Hesitei a bater à porta. Ver o sorriso de Rachel pela manhã acalmou-me.

Como de costume, só lá estava eu, Hannah e Rachel. A Hannah ajudava Yuna com algumas tarefas enquanto Rachel ficava na cozinha a falar com ajudante de cozinha. Já eu fui direta ao quarto de Chris. Assusto-me ao ver a figura de alguém no centro do quarto. Respiro de alívio ao ver Daphne a arranjar alguma roupa dela.

- Bom dia, Layla.

- Bom dia, senhora Daphne. - Ela ri assustando-me. - Tenho a certeza que não disse nenhuma piada...

- Ninguém está aqui para julgar a tua formalidade. - Ela aproxima-se de mim com um estranho sorriso alegre no rosto. - Trata-me por Daphne. Parece estranho tratares alguém com poucos anos de diferença de ti por senhora quando não temos nenhuma relação dessas.

- Eu trato-a por senhora devido à sua relação com o meu mestre, não devido à nossa relação.

- Ainda melhor. A minha relação com o Christopher é tão simples como amigos de longa data.

- Desculpe os modos, mas isso é impossível. Amigos de longa data não se beijam ou passam noites juntos na mesma cama. - Ela ri embaraçada.

- Pois, eu fui meio que enganada. Nós tivemos o nosso passado e quando nos encontramos tanto tempo depois, os sentimentos deixados para trás reapareceram. Eu apenas não sabia que ele já me tinha deixado no passado. - Ela suspira e senta-se no parapeito da janela. - Devia ter previsto...

O olhar dela era distante e triste enquanto observava algo tão lindo como o sol da manhã num belo dia de inverno. O ódio de estranhas origens que eu tinha por ela pareceu injusto naquela altura. Dei meia volta e preparei-me para sair, até ela chamar-me.

- Não tens que ir embora, Layla. És a criada dele. Não creio que haja problema em saberes um pouco da vida do teu mestre. - Ela bate na almofada à frente dela. Eu sigo o pedido e sento-me. - Ele contou-me tudo ontem, antes de ir embora. Fiquei tão irritada ao perceber que fui enganada tão facilmente. E de pensar que... - Ela olha para mim e muda de ideias em contar os momentos íntimos que passaram. - Tu apareceste quando eu sai do quarto. Eu devo ter-te lançado um olhar odioso.

- Estou a ver que também julguei-a errado. Ela apenas já estava irritada, mas não comigo. - Dou um leve riso. - Nem me apercebi disso.

- Ainda bem. - Ela suspira. - Agora que estamos entendidas; amigas? - Ela estende a mão e eu fico a pensar por uns instantes.

- Se este é o estado da relação deles, não vejo o problema. - Aperto a mão dela aceitando o pedido de amizade.

Depois daquele estranho momento, conversamos um pouco mais para aliviar alguma da tensão que ainda havia entre nós. Daphne acabou por ficar no quarto a atender alguns telefonemas enquanto eu fui tratar das minhas tarefas.

Naquela altura, quando tracei amizade com a Daphne, nunca pensei que isso fosse mudar tanto a minha vida dentro da mansão.

Primeiro, foi um alívio enorme deitar a tensão toda e a troca de raios entre nós. Sem esses dramas por perto, foi mais fácil estar na mesma casa que ela. Segundo, depois de vincar confiança, foi bom poder desabafar a pressão acumulada graças ao Chris. Trocámos histórias e ambas ficámos a conhecer mais sobre ele. Terceiro, ela não é uma má amiga. Consigo falar com ela sobre assuntos como o Chris e sei que posso confiar nela. Por fim, comecei a passar várias horas com ela e já fomos às compras entre outros juntas. Quem diria.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora