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Quando dei por isso, já tinham passado algumas horas e estava perto da hora de almoçar. Eu sabia que tinha passado algum tempo, mas não tanto. Foi na altura em que Chris começou a receber mais chamadas que me chamou à atenção. Mesmo quando ele desligava, pouco depois estava a tocar outra vez. Chegou a um ponto de ele nem tentar desligar a chamada e começou a atender logo.

Enquanto ele tentava despachar o telefonema, eu comecei a aborrecer-me mais e, numa dessas alturas, com dois sacos na mão e cinco no chão, sentada num banco no meio do centro comercial, comecei a olhar em minha volta em busca de distração. Claro que quando os meus olhos pararam no relógio grande do centro, foi um bom susto que apanhei.

- Então, próxima loja: acessórios. - Suspirei ao sentir o cansaço a puxar-me para baixo, finalmente.

- Podemos antes ir deixar os sacos no carro? Ou estás mesmo a pensar em carregar mais dois nas mãos? 

Chris pensou por uns instantes mas acabou por aceitar a proposta com uma condição: irmos antes àquelas lojas e depois íamos ao carro. Acabei por aceitar e assim o fizemos. Depois de voltar do carro fomos para a secção da comida. Ele tinha mencionado um restaurante que conhecia que tinha boa comida a um preço razoável. O meu erro foi pensar na minha definição de preço razoável e não na dele. Quando vi o menu, ia tendo um colapso.

- Vamos gastar tanto dinheiro em apenas dois pratos?!

- Não. EU vou gastar ALGUM dinheiro em dois pratos, bebida e sobremesa. Queres entrada? - Estava chocada com o que ele dizia.

- NÃO! - Ele ri e chama o criado e faz o pedido. - Por que recebi o menu se foste tu que escolheste tudo? - Ele aproxima a sua mão da minha e caricia as costas dela devagar.

- Porque sabia que ias escolher uma salada e um copo de água, sem sobremesa. - Ele sorri ainda nas caricias com a minha mão. Já eu corava com a situação.

Ao olhar em redor, o restaurante tinha vários clientes e todos pareciam casais ou famílias. Não consegui parar de ver uma dessas situações sobre nós. Risos de crianças, beijos de ternura, momentos repletos de alegria, noites escaldantes. A minha mente estava bem ocupada, fiquemos por aí. Estava tão distraída a ver as características dele em pequenotes a correrem pelo jardim. Que imagem...

- Não te preocupes. Não escolhi nada muito caro. - Ele pisca o olho e faz-me despertar do transe.

- E... Estás a falar do quê? Eu, preocupada? - Ele ri com a minha distração.

- Apenas aprecia o almoço. Ou vou obrigar-te a jantar comigo às luzes das velas e das estrelas numa varanda com uma linda vista para o mar. Apenas tu, e eu.

Não importa como ou o que ele diga que a minha mente cria um cenário igualzinho e, maioria das vezes, nada bom. Mas quando ele dedica-se na descrição, quase de propósito para me provocar, a imagem é demasiado nítida e romântica para a minha reação ser apenas... Um leve corar. E como é de esperar, senti a cara quente. Levantei-me e fui à casa de banho. A sensação da água fresca contra a minha cara acalmou-me e voltei a ter mais alguma paciência para o aturar. O problema foi sair da casa de banho. Sabia que não podia recorrer sempre à ida à casa de banho.

- Podia ser pior. - Pensei para mim mesma, talvez a tentar convencer-me.

Voltei para a mesa pouco depois e o vinho já estava na mesa. No entanto, os copos ainda estavam vazios. Mal me sento, Chris abre a garrafa de vinho e põe a mesma quantidade nos nossos copos: um pouco abaixo do meio. Eu pego no copo e o cheiro entrou logo no meu nariz. Nunca tive meios para beber uma bebida tão cara como o vinho por isso achava o cheiro um pouco forte. Ele estica o copo e toco de leve com o meu e levamos-o à boca.

- Um bom vinho a um preço justo. - Comentou antes de levar o copo outra vez à boca.

- Se tu o dizes. - Pouso o copo com pouca motivação para voltar a beber.

Meia hora depois, os pratos chegaram. Dava para perceber a qualidade do restaurante pela apresentação deles. Não era como um restaurante de renome como aparece nas revistas de culinária, mas para um restaurante num centro comercial, tinha boa apresentação. O sabor era igualmente bom o que pareceu descontrair-me. A conversa surgiu de repente e quando damos por isso, uma hora passou e a sobremesa já vinha a caminho. Um batido de morango com gelado no topo veio mesmo a calhar. Para contradizer a classe nos pratos principais, a sobremesa parecia de um café da rua com a única diferença na qualidade superior. Não importava mesmo já que era uma delicia.

- De volta às lojas? - Andávamos às voltas no centro enquanto eu terminava o batido. - Podemos sempre ver o outro lado do centro. - Quase que me engasgava ao ouvir aquilo.

- Outro lado?! Já chega de compras! Não sou tua namorada para me afogares em roupas e presentes! - Continuei a andar a tentar acabar o resto do batido.

- Eu nunca disse que eras. - Ele pega no copo do batido e deita no lixo perto de nós. - Se queres tanto sê-lo, eu mostro-te o que faria se fosses. - Ele piscou o olho e agarrou a minha mão e, como um cão limitado pela trela, segui-o sem solução.

O tempo passou e, depois de meia hora de caminhada, chegámos a um grande jardim. As enormes árvores espalhadas pelo jardim, o caminho de pedra que ligava todas as pontas do mesmo, as pessoas que passeavam alegres fossem sozinhas ou acompanhadas. Quando ele disse aquilo, não esperava que ele me levasse para um sítio tão lindo como aquele. Sentámo-nos num banco de madeira em frente ao lago no centro do jardim. Em vez de conversarmos sobre o quão lindo era aquele cenário, ficámos por apenas apreciá-lo, em silêncio, com o piar dos pássaros de fundo e as vozes das pessoas que passavam perto de nós.

- Quando posso, tento vir cá com a Yuna e o Terry. Tem sido cada vez mais difícil com o trabalho entre outros. Ao menos posso trazer-te cá também. - O seu leve sorriso era mais amoroso que muitos outros que já o vi fazer. Como se não bastasse, ele pega na minha mão e põe um pequeno objeto na mesma e fecha-a. - O meu presente pessoal. O resto foi meio obrigação da minha irmã. - Abri a mão e corei dos pés à cabeça sentido o meu coração a bater contra o meu peito perto de sair dele. - É simples mas pensei que fosse desse género que gostasses.

Ele pegou no pequeno objeto e agarrou a minha mão. Com cuidado, colocou o anel no meu dedo e eu, feita tonta, apenas fiquei a olhar. Era um simples anel prateado com uma linha dourada ao longo do anel em diagonal, mas fazia tantas loucuras dentro de mim que parecia um anel com um diamante na ponta. Ele beija a minha mão e posso jurar que o meu coração não bateu por uns instantes. Mesmo com um anel que ele ofereceu no dedo, os meus olhos eram atraídos para os seus olhos esverdeados. Não posso acreditar que a minha imagem dele mudou tanto em apenas um mês.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora