14 | Viagem.

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DUAS SEMANAS DEPOIS

| J a c k |

 
Emma esteve furiosa a semana inteira e com toda razão. Ela não chegou perto de mim, muito menos demonstrou qualquer tipo de afeição. Dormiu no quarto da Anna porque não queria que eu dormisse no sofá, ainda que eu tenha insistido. Não fazemos sexo há umas duas semanas e esse é o tempo recorde de nossas vidas juntos depois de termos transado pela primeira vez. Eu odeio o fato dela estar tão irritada comigo, mas eu não a julgo; eu mereço. Eu sei que eu fui um idiota e eu nunca deveria ter dado mais atenção ao trabalho que às duas, só não havia parado para pensar antes. Elas são tudo o que eu tenho e eu sou um idiota por não apreciar isso à cada momento.

Eu sinto saudades da Emma falar comigo como falava há duas semanas atrás. Ela chegava em casa, me ajudava a pôr a mesa, brincava com a Anna no tapete da sala, enquanto Hate corria atrás do Love. Nós ríamos durante o jantar e eu ou ela ajudávamos Anna a comer. Ambos lavavámos a louça enquanto a pequena assistia desenho ou falava com a gente sentada sobre a ilha da cozinha. Todos íamos dormir bem. Anna dormia com Hate e Love ao seu lado e eu e Emma juntos, mas durante esse tempo, ela chega em casa, brinca com Anna, janta, prefere lavar a louça sozinha ou me deixar lavar sozinho, se deita para dormir no mesmo horário que Anna.
 
Infelizmente, hoje eu tenho que viajar. Vou para negociação de dias em Chicago juntamente ao Will e outros sócios e investidores da James. Ele pediu para que eu fosse com ele, visto que fui promovido há duas semanas. Ironicamente, mesma semana que tudo desandou. Talvez seja muito trabalho para mim.
 
— Eu te amo, querida. — Abraço Anna com força. — Eu irei voltar num piscar de olhos e você nem irá sentir. — Beijo sua bochecha.
 
— Não quero que vá, papai. — Ela faz bico e eu quase digo que irei ficar.
 
— Mas eu tenho que ir. Pense: Hoje é sexta e eu volto terça. Vamos contar quantos dias? — Sorrio.
 
— Vamos, vamos. — Ela bate palmas. — Sábado, domingo, segunda... — Ela conta com os dedos. — Só três dias, papai.
 
— Isso, meu amor. Apenas três dias.—  Beijo sua testa. — Pode me ligar e vamos passar horas no telefone. Peça para a mamãe fazer chamada de vídeo para eu poder ver o rostinho dessa princesa dos dragões. — Toco seu nariz e ela ri. — Você quer que eu traga algo para você?
 
— Um grande dinossauro verde! — Ela faz uma cara espontânea e mexe as mãos no ar.
 
— Ok, eu irei trazer o maior dinossauro verde. — Sorrio para a minha garotinha e beijo sua testa novamente. — Eu te amo, ok, querida?
 
— Ok, papai. Eu também te amo. — Ela beija meu nariz e a ponho no chão. Anna corre atrás de Hate.
 
Emma ainda está parada, apoiada na parede. Ela estava esperando eu dejxar Anna para poder rever as fichas dos pacientes.
 
— Eu não quero ir embora sem falar com você. — Suspiro.
 
— Ok. Estou falando.
 
— Emma...
 
— O que foi? — Ela revira os olhos.
 
Caminho até ela calmamente e pouso minhas mãos em sua cintura, puxando-a para mim. Seu semblante ainda é irritante, mas eu não consigo odiá-la. Aproximo meu rosto do seu e beijo seus lábios. Um beijo calmo, mas eletrizante. Eu não a beijo há bastante tempo. Eu sinto falta dos lábios dela.
 
— Eu te amo, Emma. Quando eu voltar nós precisamos conversar. Eu... eu não aguento mais essa distância. — Digo, a centímetros do seus belo rosto. — Você sempre diz que tudo se resolve com conversa e tem um diploma que comprova isso.
 
— Ok. Boa viagem. Se não trouxe o dinossauro dela, corto seu pau. — Ela se afasta, virando de costas e subindo as escadas. — Ah... eu... eu te odeio, Hayes.— Abre um meio sorriso lindo,
 
— Eu também te amo, James. — Sorrio. Ela me devolve o lindo sorriso.
 

(...)

 
— Eu vou descansar. A viagem foi longa. — Digo para Will, que assente.
 
— Ok. Amanhã, às duas no saguão, ok?— Ele avisa.
 
Consigo encontrar meu quarto. É legal, mas não tem ninguém. É solitário. Eu queria que Anna e Emma estivessem aqui. Anna gritando, Emma esbarrando nas coisas... eu definitivamente não sou nada sem elas. Nada mesmo.
Tomo um banho, pensando na Emma, lembrando dos nosso banhos juntos e nossas conversas no chuveiro.
Meu celular vibra sobre o criado e vejo que é uma ligação. Emma.
 
— Oi, amor. — Digo, sorrindo.
 
Sou eu, papai. A voz doce de Anna se faz ouvir.
 
— Olá, querida. — Sorrio, deitando-me na cama.
 
Mamãe está chorando. Sua voz ressoa triste.
 
— O quê? Passe para ela. — Peço.
 
Eu coloquei no seu número como você ensinou. — Ela diz docemente.
 
— Isso, meu amor. Você é uma menina inteligente. Deixe-me falar com a mamãe.
 
Ouço a voz da Emma no fundo, assegurando que está tudo bem para Anna.
 
Está tudo bem. Ela não deveria ter te ligado. — Emma pigarreia.
 
— O que houve? Por que está chorando? — Pergunto em agonia.
 
Não houve nada. Eu estou bem. — Ela assegura com a voz embargada.
 
— Eu vou pegar o avião de volta agora se você não me disser o que houve, Emma. — Ameaço e não estou flertando.

Eu vi... uma foto da Anna comigo, quando estávamos no colégio. Noite do baile e eu desabei e depois eu vi uma nossa e eu desabei ainda mais. — Ela tosse.
 
— Por que desabou vendo uma foto nossa? — Pergunto, intrigado.
 
Porque... não importa. — Ela bufa.
 
— Importa, Emma. Vamos lá, diga. — Eu imploro.
 
Porque não somos os mesmos de antes. — Ela respira fundo. — E eu... eu... Jack, eu estou... — Minha esposa tenta dizer, mas se engasga com as palavras.
 
— Precisa me dizer.
 
Eu... cansada. Estou cansada. Ela diz. Não consigo sentir convicção na sua voz.
 
— De nós? — Meu coração aperta.
 
Não. De tudo. — Ela respira fundo. — Eu só sinto falta dela.
 
— Eu sei, meu amor. Eu sinto muito. —  Respiro fundo. Eu quero abraçá-la. Não suporto ver minha garota assim.
 
Eu vou dormir, Jack. Boa noite. Ela suspira.
 
— Eu te amo, meu amor. Eu queria estar com você agora. Eu te amo muito, Emma. Estou com saudades. — Consigo dizer
 
Eu também. Eu te amo. Ela diz, com sentimento, finalmente. — Vou ficar bem. Eu prometo. Foi só uma recaída.
 
Quando Emma desligou, eu liguei para Milla. Implorei para que ela fosse até lá em casa e dormisse lá. Eu deveria confiar nela, mas em questão à sua irmã, eu não consigo. Emma não consegue pensar quando se trata da morte de Anna e eu não suportaria que algo acontecesse. Eu sei que ela não faria nada com a nossa menina em casa, mas não a quero mal. Quero Emma bem e não estamos no momento mais estável, então eu sei se consigo ajudá-la. Mas é tudo o que eu quero. Eu dependo da felicidade de duas pessoas no mundo: Emma e Anna.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora