37 | Sentiremos saudades, Hate.

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Aviso: Escrevi esse capítulo chorando do início ao fim, então, boa sorte.

UM ANO DEPOIS

| E m m a |


- Mamãe, mamãe! - Meu pequeno Ben grita meu nome do jardim.

Largo meus pincéis e limpo minhas mãos sujas no macacão jeans já antes manchado de tinta. Sigo o corredor e desço as escadas. Empurro a porta de vidro para o jardim e vejo Ben sentado com Hate com a cabeça em seu colo e Ben acariciando seu pêlo.

- Sim, meu amor. - Digo, tirando meu cabelo do rosto. - Você está bem? Quer brincar?

- Eu acho que o Hate não está bem, mamãe. - Ele pisca seus olhos freneticamente. - Olha, ele está chorando.

Aproximo-me de ambos e me sento no chão. Noto que Hate está realmente chorando e isso me preocupa. Para um cão, ele é velho. Desde que o achamos naquela estrada, faz tem quinze anos, o que é o tempo normalmente estimado para a vida de um cão, tirando o fato de que não sabemos quantos anos ele já tinha quando o encontramos. A hipótese do que pode vir a ocorrer, dói.

- Ele vai ficar bem, meu amor. Pode pegar meu celular lá dentro? Eu preciso ligar para o papai. - Abro um pequeno sorriso para o meu garotinho de sete anos.

- Mamãe, ele vai ficar bem? O Hate é velhinho, não é? Mas ele vai ficar bem, não vai? - Os olhos de Ben imploram por uma resposta positiva.

- Ele vai, Ben. - Afirmo, engolindo a seco. - Pega pra mim, por favor, querido. Está na sala de pintura. - Acaricio seu rosto.

Ben corre para dentro de casa e eu me sento na grama verde. Tento puxar Hate para o meu colo com cuidado e o meu melhor amigo olha para mim com olhos pedintes. É como se ele estivesse querendo me dizer algo.
Hate ainda chora e temo que ele esteja sentindo alguma dor em demasia. Por isso, faço carinho nele. Acaricio todo o seu pelo negro com cuidado.

Tenho um péssimo pressentimento.

- Aqui, mamãe. Papai já está na linha. - Ben diz, parecendo estar preocupado e me entrega o celular.

Ben se senta ao meu lado, agarrando minha cintura com uma mão e fazendo carinho em Hate com a outra.

- Jack, vem pra casa, por favor. - Imploro com a voz embargada.

- O que houve? - Ele parece preocupado.

- Eu acho que... Hate não está bem. - Tento deixar minha voz regular.

- Emma, você acha que...- Sua voz se quebra.

- Sim, querido. - Suspiro. - Vem, por favor.

- Eu estou indo, ok? Só fique calma. Por favor. Eu te amo, Emma. - Ele diz e eu desligo o celular.

- Ben, meu amor, eu e o papai vamos levar o Hate no veterinário bem rapidinho e você vai ficar com alguém, ok? A Ann deve chegar em algumas horas. - Sorrio.

- Hate vai embora, não vai, mamãe? O Hate é velhinho tipo o vovô Will e ele vai pro céu. - Ben inclina a cabeça para o lado.

- Eu não sei, querido. Vou fazer de tudo para deixar o Hate bem. - Beijo sua testa. - Mas você vai entender se não der, certo? - Seguro seu rosto com as minhas mãos.

- Vou, mamãe. As vezes as pessoas vão embora pra um lugar melhor, né?

- Sim, as vezes elas vão. - Abro um pequeno sorriso.

(...)

Jack está dirigindo para o veterinário. Eu estou sentada no banco de trás com Hate em meu colo coberto por uma manta vermelha. É a favorita dele desde que comprei para a Anna quando ela tinha dois anos.
Deixei o Ben com Ethan e ele disse que buscaria Anna na aula.

- Vai ficar tudo bem, amigão. - Acaricio seu pêlo. - Você ainda vai viver mais mil anos, não vai? - Sussurro para ele.

- Chegamos, amor. - Jack diz quando para o carro. Ele olha para mim e solta um suspiro.

Jack sai do carro e abre a porta de trás. Ele pega Hate no colo e entrega-me a chave do carro para que eu tranque-o. O faço e sigo Jack para dentro da clínica veterinária da Lia. É, Lia é veterinária.

- Boa tarde. Em que posso ser útil? - A voz da recepcionista ecoa.

- Pode chamar a Lia? - Digo nervosamente. - Diga que é a Emma e que o Hate não está bem. Por favor, é urgente.

- Emma? - Ouço a voz de Lia atrás de mim. - O que houve com ele? - Ela pergunta sobre Hate.

- Ele está chorando. Acho que ele está sentindo dor. - Suspiro, tentando conter minha voz embargada.

- Você sabe se ele está comendo? Se está fazendo as necessidades direito? Reparou em como ele tem agido? - Ela pergunta calmamente enquanto puxa uma maca e Jack o põe sobre a mesma.

- Eu não sei. Ele só não está tão ativo, mas isso é a idade, não é? - Dou os ombros.

- Infelizmente, é. - Ela suspira.

- Ele não tem comido direito, também. Quando eu fui encher a vasilha de ração hoje de manhã, ainda estava cheia. Eu acho que ele nem comeu. - Jack diz.

- Olha, eu vou ser realista com vocês. Eu irei examiná-lo e ver o que está havendo, ok? Mas ele já tem a idade máxima de um cão normal e pelo o que vocês estão me dizendo, ele já está mostrando sinais bem claro disso. - Ela suspira. - Não dou esperanças.

Respiro fundo. Ok, vamos lá, Emma. Não desabe. Ele vai ficar bem, só acredite.

- Vão comer alguma coisa, tomar um café, voltem para casa para ficar com as crianças... sabe, não pensem em nada. Voltem em uma hora. - Ela põe a mão em meu ombro.

Inclino-me sobre a maca e acaricio o pelo de Hate calmamente. Ele ainda está chorando e eu quero tirar a dor dele, mesmo que não possa. Beijo entre seus olhos e sussurro:

- Eu te amo, ok, vira-lata? - Digo, segurando todas as lágrimas. - Não vai embora, por favor. Eu preciso de você aqui, fazendo todas as coisas que você sempre faz. Fazendo toda a bagunça, toda a palhaçada... Por favor, fica. - Imploro. - Só mais um pouco.

Uma lágrima cai dos seus olhos e uma cai do meu. Suspiro e tento abraçá-lo.

- Emma... - Jack sussurra.

Jack se inclina ao meu lado e faz o mesmo, fazendo carinho nele. Então Hate consegue deixar mais três lágrimas caírem, assim como Jack.

- Eu te amo, amigão. Obrigado. - Jack diz com um sorriso triste.

- Vamos, leve-o para dentro. - Lia diz para um cara ao seu lado. - Vou fazer de tudo, ok? Mas eu não prometo nada. - Ela diz, com lágrimas nos olhos.

Hate é levado, ainda olhando para nós. Jack me abraça forte e eu tento ser forte.

- Só precisamos ter fé. - Jack sussurra em meu cabelo.

- Sim. - Suspiro.


The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora