Aviso: Escrevi esse capítulo chorando do início ao fim, então, boa sorte.
UM ANO DEPOIS
| E m m a |
- Mamãe, mamãe! - Meu pequeno Ben grita meu nome do jardim.
Largo meus pincéis e limpo minhas mãos sujas no macacão jeans já antes manchado de tinta. Sigo o corredor e desço as escadas. Empurro a porta de vidro para o jardim e vejo Ben sentado com Hate com a cabeça em seu colo e Ben acariciando seu pêlo.
- Sim, meu amor. - Digo, tirando meu cabelo do rosto. - Você está bem? Quer brincar?
- Eu acho que o Hate não está bem, mamãe. - Ele pisca seus olhos freneticamente. - Olha, ele está chorando.
Aproximo-me de ambos e me sento no chão. Noto que Hate está realmente chorando e isso me preocupa. Para um cão, ele é velho. Desde que o achamos naquela estrada, faz tem quinze anos, o que é o tempo normalmente estimado para a vida de um cão, tirando o fato de que não sabemos quantos anos ele já tinha quando o encontramos. A hipótese do que pode vir a ocorrer, dói.- Ele vai ficar bem, meu amor. Pode pegar meu celular lá dentro? Eu preciso ligar para o papai. - Abro um pequeno sorriso para o meu garotinho de sete anos.
- Mamãe, ele vai ficar bem? O Hate é velhinho, não é? Mas ele vai ficar bem, não vai? - Os olhos de Ben imploram por uma resposta positiva.
- Ele vai, Ben. - Afirmo, engolindo a seco. - Pega pra mim, por favor, querido. Está na sala de pintura. - Acaricio seu rosto.Ben corre para dentro de casa e eu me sento na grama verde. Tento puxar Hate para o meu colo com cuidado e o meu melhor amigo olha para mim com olhos pedintes. É como se ele estivesse querendo me dizer algo.
Hate ainda chora e temo que ele esteja sentindo alguma dor em demasia. Por isso, faço carinho nele. Acaricio todo o seu pelo negro com cuidado.Tenho um péssimo pressentimento.
- Aqui, mamãe. Papai já está na linha. - Ben diz, parecendo estar preocupado e me entrega o celular.
Ben se senta ao meu lado, agarrando minha cintura com uma mão e fazendo carinho em Hate com a outra.
- Jack, vem pra casa, por favor. - Imploro com a voz embargada.
- O que houve? - Ele parece preocupado.
- Eu acho que... Hate não está bem. - Tento deixar minha voz regular.
- Emma, você acha que...- Sua voz se quebra.
- Sim, querido. - Suspiro. - Vem, por favor.
- Eu estou indo, ok? Só fique calma. Por favor. Eu te amo, Emma. - Ele diz e eu desligo o celular.
- Ben, meu amor, eu e o papai vamos levar o Hate no veterinário bem rapidinho e você vai ficar com alguém, ok? A Ann deve chegar em algumas horas. - Sorrio.
- Hate vai embora, não vai, mamãe? O Hate é velhinho tipo o vovô Will e ele vai pro céu. - Ben inclina a cabeça para o lado.
- Eu não sei, querido. Vou fazer de tudo para deixar o Hate bem. - Beijo sua testa. - Mas você vai entender se não der, certo? - Seguro seu rosto com as minhas mãos.
- Vou, mamãe. As vezes as pessoas vão embora pra um lugar melhor, né?
- Sim, as vezes elas vão. - Abro um pequeno sorriso.(...)
Jack está dirigindo para o veterinário. Eu estou sentada no banco de trás com Hate em meu colo coberto por uma manta vermelha. É a favorita dele desde que comprei para a Anna quando ela tinha dois anos.
Deixei o Ben com Ethan e ele disse que buscaria Anna na aula.
- Vai ficar tudo bem, amigão. - Acaricio seu pêlo. - Você ainda vai viver mais mil anos, não vai? - Sussurro para ele.
- Chegamos, amor. - Jack diz quando para o carro. Ele olha para mim e solta um suspiro.
Jack sai do carro e abre a porta de trás. Ele pega Hate no colo e entrega-me a chave do carro para que eu tranque-o. O faço e sigo Jack para dentro da clínica veterinária da Lia. É, Lia é veterinária.
- Boa tarde. Em que posso ser útil? - A voz da recepcionista ecoa.
- Pode chamar a Lia? - Digo nervosamente. - Diga que é a Emma e que o Hate não está bem. Por favor, é urgente.
- Emma? - Ouço a voz de Lia atrás de mim. - O que houve com ele? - Ela pergunta sobre Hate.
- Ele está chorando. Acho que ele está sentindo dor. - Suspiro, tentando conter minha voz embargada.
- Você sabe se ele está comendo? Se está fazendo as necessidades direito? Reparou em como ele tem agido? - Ela pergunta calmamente enquanto puxa uma maca e Jack o põe sobre a mesma.
- Eu não sei. Ele só não está tão ativo, mas isso é a idade, não é? - Dou os ombros.
- Infelizmente, é. - Ela suspira.
- Ele não tem comido direito, também. Quando eu fui encher a vasilha de ração hoje de manhã, ainda estava cheia. Eu acho que ele nem comeu. - Jack diz.
- Olha, eu vou ser realista com vocês. Eu irei examiná-lo e ver o que está havendo, ok? Mas ele já tem a idade máxima de um cão normal e pelo o que vocês estão me dizendo, ele já está mostrando sinais bem claro disso. - Ela suspira. - Não dou esperanças.
Respiro fundo. Ok, vamos lá, Emma. Não desabe. Ele vai ficar bem, só acredite.
- Vão comer alguma coisa, tomar um café, voltem para casa para ficar com as crianças... sabe, não pensem em nada. Voltem em uma hora. - Ela põe a mão em meu ombro.
Inclino-me sobre a maca e acaricio o pelo de Hate calmamente. Ele ainda está chorando e eu quero tirar a dor dele, mesmo que não possa. Beijo entre seus olhos e sussurro:
- Eu te amo, ok, vira-lata? - Digo, segurando todas as lágrimas. - Não vai embora, por favor. Eu preciso de você aqui, fazendo todas as coisas que você sempre faz. Fazendo toda a bagunça, toda a palhaçada... Por favor, fica. - Imploro. - Só mais um pouco.
Uma lágrima cai dos seus olhos e uma cai do meu. Suspiro e tento abraçá-lo.
- Emma... - Jack sussurra.
Jack se inclina ao meu lado e faz o mesmo, fazendo carinho nele. Então Hate consegue deixar mais três lágrimas caírem, assim como Jack.
- Eu te amo, amigão. Obrigado. - Jack diz com um sorriso triste.
- Vamos, leve-o para dentro. - Lia diz para um cara ao seu lado. - Vou fazer de tudo, ok? Mas eu não prometo nada. - Ela diz, com lágrimas nos olhos.
Hate é levado, ainda olhando para nós. Jack me abraça forte e eu tento ser forte.
- Só precisamos ter fé. - Jack sussurra em meu cabelo.
- Sim. - Suspiro.
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The Love Lessons | Livro III
Teen FictionO terceiro livro da série "The Lessons" traz à tona o amor depois de todos os trágicos ocorridos na vida de Jack e Emma. Já encarando a face da realidade adulta, ambos enfrentarão as resposabilidades de uma vida independente após todas confusões oco...