16 | Victória.

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| J a c k |

 
Eu não consegui dormir direito como durante as duas últimas semanas. Não por conta do trabalho ou algo do tipo, mas por causa da Emma. Eu não gosto quando ela dorme triste e nem quando eu não durmo com ela. Isso não acontece há mais ou menos sete anos e eu não suporto mudar isso. A cama em que eu estava não era a mesma sem ela. Eu não podia agarrá-la ou consolá-la enquanto ela está triste. Eu não conseguia dormir sem ela ali e nem pensando que ela não estava bem. Então, agora, 12h, eu ainda estou na cama, olhando para o teto, querendo ligar para ela, mas não sabendo o que fazer. Da mesma forma, pego o celular sobre criado e disco seu número.
 
Jack? Sua voz é calma, diferente da de ontem.
 
— Oi, amor. Você está melhor? — Me sento, já em estado frenético.
 
Sim. Minha mãe dormiu aqui e ela e Anna dormiram comigo, mas eu não consegui dormir muito bem. Ela diz e ouço barulho de panelas no fundo.
 
— Por quê? — Franzo o cenho. — Você está tentando cozinhar de novo?
 
Não, é a minha mãe com a Anna. Eu estou apenas vendo TV. — Ela suspira. — Eu tinha muitas coisas na cabeça, só isso.
 
— Você tem certeza? — Pergunto.
 
 
Anna, não mexa aí! — Ela grita. — Não morda isso! É cebola! — Ela bufa. — Só um segundo, Jack." Ela diz.
 
 
Eu imagino a cena. Emma sentada no sofá com Hate deitado sobre a sua barriga e love enfiado em algum lugar da casa, enquanto Anna está mexendo nas coisas na cozinha. A Anna morde uma cebola e Emma revira os olhos, correndo até ela e tirando da boca dela. E só aí ela deixa a garotinha comer um doce porque ela irá chorar dizendo que a boca está ardendo e tem gosto ruim. Emma vai e dá chocolate para ela, então ela vai ficar elétrica e matar a Emma de cansaço. Isso acontece sempre e é engraçado. Ela já mordeu pimentão, pimenta, cebola e tudo desse tipo. E depois Anna corria pela casa ainda mais rápida que o habitual, rindo e gritando e Emma queria matá-la. Isso acontece ao menos uma vez na semana. Não durante as duas últimas.
 
Desculpa, ela fez aquilo de novo. — Emma diz simplesmente. — Ela já vai começar a correr.
 
— Eu sei que sim. — Rio. — Eu estou com saudades.
 

Você dormiu bem? Ela respira fundo.
 


— Eu não dormi.
 
Por quê? — Ela pergunta aparentando estar sem entender.
 
— Você não estava aqui e você foi dormir triste e estamos brigados. Eu não consigo parar de pensar nisso.
 
Não estou triste. — Ela desmente. — E eu ainda não acredito que mandou a Milla vir me vigiar.
 
— Não mandei. — Minto.
 
Eu sei que mandou. Eu sei que ela está revirando os olhos. Consigo ouvir Anna no fundo dizer:
 
É o papai? — Ela grita.
 
Sim. Quer falar com ele? — Emma diz.
 
Quero, quero! — Minha menina ri. — Oi, papai. Eu estou com saudades de você. Você não pode voltar hoje pra gente brincar? Se você voltar hoje, não precisa trazer meu dinossauro. Ela diz com a voz muito alterada.
 
— Eu não posso, meu amor. Eu volto em poucos dias. — Pergunto, rindo pelas suas palavras.
 
Mas é muito tempo. — Ela resmunga.
 
— Eu sei. Eu também estou com saudades de você e da mamãe. Cuide dela por mim, ok? Eu tenho que ir. — Digo, olhando para o relógio.
 
Tá bom, papai. Eu te amo. — Ela diz gentilmente.
 
— Eu também te amo, filha. Diga para mamãe que eu também a amo.
 
Tchau, papai.
 
— Tchau, querida.
 

(...)

 
— Você está atrasado. — É a primeira coisa que Will diz assim que chego ao saguão.
 
— Eu sei, desculpa. — Digo, arrumando minha gravata. Eu não sei fazer muito bem.
 
— Você está péssimo. Dormiu? — Ele arqueia as sobrancelhas.
 
— Claro que não. — Rio.
 
— Ok, isso não é da minha conta. Só seja simpático e nos arrume acordos. —  Ele diz.
 
— Ok. — Dou os ombros. Eu já me costousmei com isso. Nada de família no trabalho.
 

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora