46| Henry.

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UM ANO DEPOIS.

| E m m a |
 
 
 
J

ack beija a minha testa e faz uma piada idiota com o meu vestido rosa, mas que termina sempre dizendo em como quer tirá-lo. Depois ele me elogia e põe meu cabelo atrás da orelha.

John e Ben estão conversando em um canto e Loren está correndo atrás do seu cachorro de forma engraçada enquanto Becky a avisa para tomar cuidado e não cair. Max e Anna pulam na cama elástica como se fossem crianças, rindo. Parecem felizes como nunca, em um relacionamento sólido e alegre. As outras crianças estão na piscina.

Hoje é aniversário das gêmeas de Lia a Ethan. Elas estão grandes e bonitas e adoram uma grande festa.

— Emma. — Uma voz suave chama a minha atenção e eu me viro.

É o Henry.

Com o passar do tempo, Henry se tornou um adulto. Agora ele tem vinte e cinco anos, um casamento marcado com Lily e um bom emprego como escritor e professor de história uma faculdade. Sim, Henry é escritor e um dos bons. Tenho orgulho dele, mesmo que as coisas ainda não tenham sido devidamente resolvidas entre nós. Ele agora é um homem adulto, maduro e lindo. Eu queria que as coisas entre nós tivessem sido diferentes, e eu realmente tentei mudar isso, mas nem sempre o esforço é o suficiente para algumas pessoas.

— Oi. — Sorrio.

Jack aperta minha mão como quem diz que está pronto para me proteger. Ele sempre está.

— Posso conversar com você, Emma? —  Ele abre um pequeno sorriso.

— Sim, claro. — Assinto. — Você pode ir infernizar a vida do Max ou do John por algum momento em um ataque de ciúmes por conta dos seus filhos? —  Sorrio para Jack.

— É uma boa ideia. — Ele sorri e beija minha testa mais uma vez. — Qualquer coisa, estarei dando uma de pai ciumento logo ali. — Ele ponta para o lugar onde Ben e John conversam.

Eu sei que Ben tem treze anos e John dezesseis, mas desde que John e Ben se tornaram amigos, eu senti que era algo diferente entre eles. Não só como amigos, vocês sabem. A forma como os dois se olham diz bastante a respeito do que sentem, mas têm medo de assumir. Eu gostaria que Ben se soltasse mais em questão a isso, mesmo que talvez eu esteja sendo equivocada, mas eu sou mãe. Sinto essas coisas.

— Ok. Eu te amo. — Sorrio.

— Eu te amo.

Jack se afasta e o observo caminhar e se sentar entre John e Ben.

— Pode ser lá dentro? — Henry indaga.

— Sim, vamos lá. — Sorrio.

Eu perdi vinte anos da vida dele e espero que ele esteja querendo me dizer que não quer que eu perca mais nenhum. Ainda que seja uma mulher cheia de expectativas, temo que ele queira que eu nunca mais esteja por perto.
Sento-me no balcão da cozinha da casa de Lia e Ethan. Henry respira fundo e começa:

— Quero pedir perdão. — Ele olha para mim com seus olhos claros. — Por tudo.

— Você não tem que pedir perdão, Henry. — Abro um sorriso compreensivo. — Nada disso foi sua culpa.

— Ontem eu descobri que ela morreu. — Ele diz e fecha os olhos por momento.

Sofia morreu.

— Eu... eu sinto muito. — Digo.

— Não sinta. — Ele sorri. — Eu soube as coisas ruins que minha mãe fazia com você, mas eu simplesmente não consegui acreditar. Ela era um pouco ela, mas eu não conseguia absorver que a minha mãe fazia coisas ruins com você, Emma. — Ele suspira.

— Quando a minha mãe foi embora, eu só tinha um ano. Eu não tenho nenhuma memória dela. Ela só foi embora, Henry. Ela nos deixou e foi viver a vida que queria e que não nos abrangia. Eu me culpei, mas culpa não era minha. Eu não fiz nada, só era um bebê. E eu não te culpo por ter me culpado. Você precisava culpar alguém para não se culpar. — Eu dou os ombros. — Eu só queria ter sido uma irmã melhor pra você, porque eu perdi tanta gente na minha vida... nós perdemos nossas mães, perdemos nossa irmã... nada foi fácil, certo? Você não precisa me pedir perdão. — Sorrio.

— Mas eu quero. Eu esperei vinte anos pra poder te dizer que eu sinto muito pelo o que eu fiz e pelo o que ela fez. A maioria das memórias boas da minha infância são com você, porque você era uma boa irmã. Tenho certeza que se eu tivesse te perdoado antes, as boas lembranças desses últimos anos seriam com você. — Ele sorri. — E mesmo assim, você está dizendo que desculpas não são necessárias. Isso só prova que você ainda é a mesma Emma, só um pouco mais velha. — Ele diz e eu rio.

— Daqui para frente temos novas memórias para criar. — Desço do balcão. — Mesmo depois das coisas ruins que aconteceram com você, você se tornou um homem forte, inteligente e doce. Tenho orgulho de você, Henry. Muito orgulho. E eu sei que Sofia e Anna teriam se estivessem aqui. — Digo e eu nem notei que estava chorando até sentir as lágrimas pingando.

— Eu te amo, Emma. — Ele diz e me abraça forte. Eu retribuo o abraço com saudade.

— Eu também te amo, Henry.  — Digo com a voz abafada.

— Mesmo tendo perdido Sofia e Anna, ganhei Tyler e Milla. Eles são bons demais para ser verdade. — Ele sorri.

— Eu sei. Ganhamos uma mãe e um irmão de volta. — Sorrio.

— Não sei o que seria de mim sem ela. Foi uma mãe melhor que a que eu já tinha.

— Eu te entendo. — Rio.

— Aliás, eu também tenho orgulho de você. Eu não pensei que você e Jack fossem durar tanto... não depois de tudo o que eu lembro. Ele era bem irritante, mas mudou para melhor. — Ele aponta para Jack.

— Ele continua irritante, mas eu amo aquele idiota. Não me pergunte como, mas eu amo. — Rio, avaliando a figura dele que perturba Loren puxando seu cabelo.

Ela é bem pequena para a idade, que corresponde a mesma que Ben.

— E você é boa no que faz e tem dois filhos. Emma James tem filhos. Eu nunca imaginei isso. — Ele diz e eu rio.

— Eles são lindos. Prepare-se, porque eu consigo ver a Lily grávida. — Sorrio.

— Ela já está. — Henry sussurra. — De doze semanas.

— Meu Deus! Isso é sério? Eu serei tia mais uma vez? — Grito.

— Não grite. Ainda não contamos para ninguém. — Ele ri.

— Desculpa! Eu queria tanto outro bebê para cuidar, mas que não chorasse... acho que fiquei traumatizada depois do Benji. — Eu rio.

— Bem, eu já sou tio de três crianças. Sua vez.— Ele gargalha.

— Eu sou tia de seis crianças. Dores de cabeça infinitas. — Suspiro ao lembrar da pequena.

— Obrigado, Emma. Eu fico feliz por estarmos bem novamente. — Ele diz e beija minha testa. — Tenho que ir procurar a Lily.

Henry se afasta e eu sorrio. Eu estou tão feliz por tudo ter dado certo no final. As vezes só precisamos de paciência e mesmo que eu não seja a pessoa mais adequada para falar disso, eu tive e agora estou aqui, tendo meu irmão de volta.

— Mãe, vamos pra piscina! — Ben grita e pula na mesma.

— Oh, não, querido. — Recuso.

Mesmo assim, Jack vem até mim, dentro dá cozinha, me pega no colo e joga ambos os nossos corpos dentro da piscina. As crianças resmungam e ele ri da minha cara quando volta à superfície.

— Seu idiota! — Grito, jogando água na sua cara.

— O idiota que você ama. — Ele diz e me beija calmamente.

As crianças da piscina e todo o restante que está no jardim resmungam em uníssono e eu e Jack rimos da reação. Temos uma grande irritante família amável.

Nada poderia estar melhor.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora