50 | Amor?

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UM ANO DEPOIS.
   
| B e n |
 


   
Ponho a mochila nas costas e sigo o corredor em direção ao meu armário. Tiro os livros que vou precisar e respiro fundo enquanto ajeito minha camisa branca.

Todos já foram embora e a minha mãe deve estar preocupada por eu ainda não ter chegado em casa. Mas não é a minha maior preocupação agora. Eu realmente não estou em um momento de pensar na hora certa de chegar em casa ou em sequer chegar em casa. Eu nem quero ir para casa.
 
Ben! — Ouço a voz mais familiar pra mim a gritar meu nome assim que eu fecho o armário.

Não, não, não!
 
Eu ando em direção à saída do colégio, ignorando a voz, mas ele segura meu braço. Bufo e viro-me para olhar para ele.
 
— Não pode fugir de mim. — John diz quando solta meu braço.
 
— Não estou. — Minto.
 
Na verdade, eu estou.
 
— Sim, você está. Não pode fingir que nada aconteceu, cara. — Ele bufa.
 
— Tenho que ir para casa. — Empurro a porta da saída e acelero o passo pelo estacionamento quase que vazio.
 
— Minha tia me ligou perguntando por você e eu disse que você estava comigo. — Ele revira os olhos.
 
— Como sabia que eu estava aqui? —  Franzo o cenho, caminhando até o meu carro.
 
— Porque sempre que você está chateado, fica mais tempo aqui para não ter que ir pra casa e seus pais ficarem perguntando o porquê de você estar assim, visto que a sua mãe é psicologa e saca a porra toda na hora. — Ele revira os olhos. — Eu te conheço, Ben.
 
— Você deveria estar na faculdade.
 
— Eu mal consegui dormir, quem diria estudar ou prestar atenção em qualquer maldita aula.
 
— Ótimo, mas eu tenho que ir embora. — Suspiro.
 
— Você não vai embora até esclarecermos tudo isso. Você não pode fingir que não aconteceu. — John solta o ar pelo nariz.
 
— O quê? Deus, nós nos beijamos, mas foi só isso. Não passou disso e não irá passar disso. Foi sem querer. — Balanço a cabeça. — Não... Não confunda as coisas. — Bufo.
 
— Não precisa fingir que não sente nada. Eu sei o que você sente, caralho. — Ele grita.
 
— O que você sente? — Grito.
 
— Porra, você sabe. — John revira os olhos. — Você tem medo de gostar de mim. Você tem medo de assumir que gosta de mim. Tem medo do que as pessoas vão pensar, Benjamin. — John diz entredentes.
 
— Você diz como se eu fosse o único. Você tem tanto medo de assumir quem é, quanto eu. Não tem um pingo se coragem de dizer pro seu pai que é gay. — Reviro os olhos. — Você também tem vergonha de ser quem é. Não seja hipócrita, John!
 
— Foda-se. — Ele bufa. — Eu sei o que eu quero e eu não tenho medo disso se eu tiver você. Mas que merda, Benjamin. — Ele dá um soco no capô do meu carro.
 
— O quê? — Pergunto, franzindo o cenho.

Eu estou ouvindo bem?
 
— Olha, eu gosto de você. Eu gosto de você há muito tempo e eu até tentei gostar de outras pessoas, mas não dá. É você, eu simplesmente estou apaixonado por você, porra. — Ele suspira. Seus grandes olhos azuis focam nos meus. — Eu amo você, Ben. — Sua voz se torna apelativa. Preciso sair daqui agora.
 
— O quê? — Arregalo os olhos.
 
— Eu te amo, porra. É, é isso. Eu simplesmente te amo. — Ele revira os olhos.
 
— Me ama? Você não me ama. Pelo amor de Deus, John. — Bufo.
 
— Caralho, Benjamin. Eu desisto. Eu estou aqui admitindo que eu gosto de você e você simplesmente está se fodendo para isso. Então, adeus. Eu desisto, Ben. Seja feliz.
 
Eu não posso contestar quando ele só vai embora. Respiro fundo e hesito em ir atrás dele, mas eu não posso e não vou. Talvez eu goste do John e isso já faz um bom tempo, mas eu não quero me arriscar. As coisas já são confusas quando você é gay, imagine quão mais confusas ficariam se, por acaso, ficássemos juntos? O tio Tyler nem sequer sabe que John é gay porque ele tem medo de contar depois que a tia Abby morreu e agora ele quer simplesmente ter algo comigo? Isso não faz sentido.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora