54 | Amber.

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SEIS MESES DEPOIS.

| E m m a |

 
Eu ando de um lado para o outro sem cessar. Minha ansiedade está atacando novamente e creio que, em todos os meus 41 anos de vida, eu nunca fiquei tão ansiosa e nervosa como estou agora. É provável que sim, mas agora o sentimento parece mais que ampliado por se tratar da minha filha. Minha menina.
Jack está sentado em uma cadeira no canto da sala de espera, me avaliando andar de um lado para o outro. Ele tem o semblante calmo e, mesmo que esteja com um maldito sorriso irritante no rosto, só pelo fato de ele estar tremendo a perna inevitavelmente de forma rápida, me mostra que ele está quase tão nervoso que eu.

Bella e Louise, as gêmeas de Ethan e Lia, estão conversando no canto da sala. Loren está arrumando o cabelo bagunçado da Angie de quem veio correndo para cá do trabalho.
Nina suspira abraçada à Natalie e Adam está afagando as costas da namorada nervosa. Os dois são fofos e fico feliz que ela esteja muito melhor, ainda que ele não a tenha curado suas doenças — o que sabíamos que era improvável —, a ajudou a progredir absurdamente.
O restante do pessoal está só sentado, conversando para quebrar a tensão.
 
— Mãe, você deveria se acalmar. — Ben tenta me ajudar, mas eu não consigo.

Eu simplesmente sorrio e assinto, mas isso não muda muita coisa: eu prossigo andando de um lado para o outro como uma louca.
 
Ben está de mãos dadas com John.
Ben e ele estão namorando há algum tempo. Tyler está aceitando e tem que aceitar. Eu, Jack e minha mãe conversamos com ele por algum tempo, abrindo os seus olhos para a vida de Ty e seu filho. Mostrando o quão ruim seria se ele não aceitasse e deixasse John com esse peso de culpa nas costas. E por Tyler adorar Benjamin, ele considerou. Ele não toca nesse assunto dentro de casa e prefere que não falem muito, mas ele disse que não se importa do filho ser dessa forma. Não mais. O que importa é que Benjamin e John se amam. É um amor bonito de se ver e eu acho isso incrível, então farei de tudo para que ninguém o atrapalhe. Não quero só meu filho feliz, tanto quanto John. Tecnicamente, ele é meu sobrinho. Quero que John e Ben sejam felizes. Só isso.
 
 
— Tia, a senhora deveria se sentar. — John sugere docemente.
 
— Eu não consigo. — Passo as mãos pelos cabelos castanhos.
 
— Até Max está mais calmo que a senhora.
 
— Anna disse que se eu não ficasse calmo, me mataria. — Ele dá os ombros. — Sendo filha de quem é, eu fiquei com medo. — Ele ri.
 
— Max, cale a boca. Você é legal e bonitinho, mas se ainda quiser estar vivo para ver sua filha nascer, é melhor ficar de bico fechado. —Semicerro os olhos. Sim, será menina.
 
— Sim, senhora. — Ele assente. Jack ri.
 
— Vem aqui, amor. — Ele puxa minha mão e me desequilibra. Acabo caindo em seu colo.
 
— Caralho, Jack, eu também vou te matar. — Dou um tapa no seu braço e roou minhas unhas.
 
— Tire a mão da boca. —Ele sorri, pegando minhas mãos geladas e entrelaçando nas suas quentes.
 
— Aaaaah.— Fecho os olhos e suspiro.
 
— Fique calma, James. Vai ficar tudo bem. —Minha mãe afaga minhas costas.
 
— Pode dar tudo errado. Muita coisa pode dar errado. Ela é muito frágil. Uma criança. — Eu suspiro, deitando minha cabeça no peito de Jack.
 
— Cale a boca. — Ele diz entre risos.
 
— Sempre tem um que fica à beira da morte na sala de espera. No parto do Ben e da Anna, Jack quase infartou. No do Ben ele desmaiou por falta de oxigênio. Ri demais. — Lia solta uma risada alta. — No meu, foi minha mãe. O Ethan estava despreocupado. — Ela revira os olhos. — No da Lily foram seu pai, Henry, sua mãe e Ty. — Ela aperta a minha mão. — No parto do John, Tyler também desmaiou. Eu ri muito. — Ela abre a boca ao soltar uma gargalhada alta. — E teve o da Becky, que o Luke surtou. Foi muito engraçado. Ele chorava igual a uma criança quando o médico disse que ela estava perdendo o oxigênio. Eu quem paguei para ele fazer isso. Luke ficou um mês sem olhar na minha cara. Becky teve o parto menos doloroso de todas nós. Maldita Loren. — Ela gargalha.
 
— Nós vamos te matar, Lia. — Lizzie revira os olhos.
 
— Já me ameaçaram antes. — Ela sorri. — Eu só quero descontrair e tirar a tensão, seus velhos. Anna vai ficar bem, como sempre fica. — Ela sorri.
 
— Oi, pessoal. — A doutora diz quando aparece para nós.

Todos nos levantamos.
 
— O parto correu bem. Anna está muito bem.

(...)

Ela tem seus olhos cansados e a pele mais pálida que o habitual. Mas o sorriso dela é o que ilumina a sala, de tão singelo que é. E é lindo. Muito mais que lindo.
 
— Mãe! Pai! — Ela tenta se mover na cama com a empolgação, mas geme de dor.
 
Max tem a pequena menina em seus braços enquanto ele está sentado na ponta da cama. Ele a olha como se fosse a coisa mais importante do mundo, e é.
 
— Como você se sente? — Caminho até Anna e beijo sua testa.
 
— Eu estou dolorida, mas estou bem. — Ela abre um sorriso maior, olhando para Max e Amber.
 
— Estamos orgulhosos de você, meu amor. — Jack acaricia seus cabelos.
 
— Quer segurá-la? — Max sugere, com um sorriso torto. Seus olhos estão molhados, provavelmente por ter chorado.
 
— Sim. — Sorrio, me aproximando.
 
A pego no colo. Amber é linda. Os cabelos são bem ralinhos, a pele pálida com algumas manchinhas roxas e é pequenina demais. Anna era exatamente assim quando nasceu. Ela são bem parecidas. A garotinha é serena e fofa. Meu Deus. Agora eu serei avó. Mas que tipo de avó não sabe cozinhar? Sou uma avó moderna? Até Lilian sabe cozinhar
 
— Olá, Amber. Bem vinda à família menos normal e conveniente do mundo. — Digo ao pegá-la no colo e acaricia seu pequeno rosto.
 
— Oi, querida. — Jack diz. Amber pega seu dedo e o aperta. — Acho que ela gostou de mim. — Ele sorri e deixa derramar uma lágrima que cai no meu braço.
 
— Está chorando, pai? — Anna ri por entre as lágrimas.
 
— Claro que não. — Ele ri, também entre as lágrimas. — Entrou algo no meu olho. — Jack brinca ao acariciar as bochechas de Amber.
 
— Ele chorou quando você nasceu e eu também. Ele não ficou na sala na hora do parto, porque iria desmaiar, mas ele quase desmaiou na sala de espera. Bem, ele desmaiou quando o Ben nasceu. — Eu rio. — Mas enfim: Ele te pegou no colo depois de eu insistir bastante, porque ele estava com medo de te deixar cair. E ele chorou. Eu também. Aí ficamos os dois idiotas chorando. — Eu suspiro. — Eu chorei mais pela sua tia e porque foi uma das cenas mais lindas que eu já vi em toda a minha vida. — Eu solto um suspiro de felicidade. — E eu estou aqui de novo. — Sorrio para ela.
 
— Eu não chorei. — Jack beija minha testa.
 
— Eu já te vi chorar muitas vezes, Hayes. Antes de tudo isso, eram por coisas tristes. Você deveria se orgulhar por chorar por coisas que te deixam tão feliz. — Sorrio.
 
— Eu não choro, James.
 
— Por que seus pais se tratam pelo sobrenome? — Max sussurra para Anna, que ri.
 
— É assim desde o colégio. — Dou os ombros, contornando a linha do nariz de Amber. — Não sabemos bem o porquê, mas é mais ou menos desde os treze, eu acho.
 
— Se conhecem desde os treze? — Max arqueia as sobrancelhas.
 
— Doze, na verdade. — Jack sorri. — Mas foi tempo gasto. Eu era um babaca com ela, mas nos apaixonamos e começamos a namorar aos 17. Só que essa anta me largou porque eu fiz uma merda. Mas deu tudo certo. — Ele põe meu cabelo atrás da orelha.
 
Anta é o caralho, Hayes. — Semicerro os olhos.
 
— Eu realmente não conheço seus pais. Nunca vi sua mãe falar assim. — Ele ri.
 
— Ela tem a boca mais suja de todo o continente americano, e eu nem estou falando daquela cantora que a Anna gostava quando era mais nova. — Jack ri. — E olha você namora Anna há quatro anos.
 
— Você quer pegá-la? — Eu sugiro.
 
— Acho melhor... — Ele tenta dizer, mas passo Amber para o seu colo.
 
— Ela é linda, não é? — Sorrio, me aproximando.
  
— Sim, ela é. — Jack sorri.
 
Mais é neste momento que eu noto que, quando Anna disse que eu ainda seria muito mais que feliz um dia, ela estava certa. A minha felicidade é imensurável agora.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora