17 | Ligação.

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| E m m a |


Anna está deitada sobre a minha barriga e ambas assistimos Divertida Mente. Ela ri enquanto lembro de quando ela era apenas uma bebezinha e estava exatamente como está agora, mas dormindo. Acaricio seus cabelos, respirando fundo. O tempo passa rápido.

Meu celular toca agora, 21:30 da noite. A chamada é de Jack e não hesito em atender. Inicialmente, não ouço nada, mas as falas no fundo começam a ficar claras. Uma mulher parece gemer no fundo e meu olhar se arregala.

- Um segundo, meu amor. - Digo para Anna, fazendo com que ela se deite no sofá e eu me levanto, seguindo até a cozinha calmamente.

Os gemidos se tornam mais altos e reveladores e meu coração afunda com o que ouço.

- Ei, que calma. - A voz de Jack diz no fundo. - O pessoal do quarto ao lado não pode te ouvir. Ninguém pode saber que você está aqui. - Murmura. - Meu sogro está no quarto ao lado e se ele te ouvir, eu estou fodido. Então, controle-se. - Ele prossegue.

Lágrimas brotam em meus olhos e me apoio contra a pia, sem ar.

- Você é muito gostoso, sr. Hayes. - Uma garota diz.

- Se você ficar quieta e não contar nada disso e ninguém, ainda teremos um acordo. Fique quieta. - A voz dele é rígida e familiar.

- Ok, ok. - Ela ri. - Meu Deus, isso foi incrível.- Ela parece falar com alguém no celular ou seja o que for. - Até que enfim um homem que sabe satisfazer uma mulher.

E então a chamada é finalizada subitamente e tomo ciência de que meu rosto está inundado. Eu até tento imaginar que não é o que parece, mas é impossível. A única explicação é óbvia e eu não consigo reagir de outra forma a isso. Eu não consigo respirar direito e choro de forma incontrolável, apoiada contra a ilha da cozinha.

- Mamãe. - A voz doce da minha menina me chama. Seu rosto está molhado em lágrimas. - Você está chorando?

- Por que você está chorando? - Suspiro, limpando meu rosto e caminhando até ela, pegando minha garotinha no colo.

- O Bing Bong sumiu, mamãe. - Ela passa a mão no seu cabelo. - E a Riley tá indo embora.

- O Bing Bong foi para um lugar melhor e a Riley vai voltar. - Beijo sua testa, tentando me manter forte.

- Ela não pode ir embora, mamãe. A mamãe e o papai dela vão ficar tristes. As famílias não podem ficar separadas. - Ela chora.

- Ei, não chore. Vai ficar tudo bem. - Acaricio seu rosto. - Você quer ir pra casa da vovó Milla? - Sugiro.

- Sim, mamãe. - Ela abre um sorrisinho. - Pode ligar pro papai?

- Ele deve estar ocupado agora, filha. - Respiro fundo, engolindo a seco.

Arrumei as roupas da Anna e a vesti com algo quente por estar demasiado frio. Esvaziei meu armário e o deixei vazio, assim como o de Anna. Pretendo pegar tudo o que é meu e o que é dela futuramente, quando eu me recuperar. De qualquer forma, eu não quero saber: Tudo entre nós acabou.

(...)


- Você precisa ficar calma. - Milla diz.

Já é manhã. Eu fui para a casa dela após arrumar todas as coisas e a contei a história. Ela passou a madrugada em claro comigo, porque eu não conseguia dormir.

- Eu não consigo ficar calma. - Digo entre minha respiração irregular.

- Eu não acredito que ele fez isso. - Ela diz, semicerrando os olhos enquanto acaricia meus cabelos.

- E você acha que eu acredito? - Limpo meu rosto novamente.

- Você não vai ouvir o que ele tem a dizer? - Ela sugere gentilmente.

- Recebo uma chamada aleatória enquanto assistia um filme com a nossa filha enquanto ele viajava, e tudo o que eu consegui ouvir foram gemidos de uma mulher, ele dizendo que ela não poderia contar aquilo para ninguém e eles teriam um acordo e ela terminando dizendo que ele sabia satisfazer uma mulher. Nāo há nada mais a ouvir.

- Você vai... vai se separar? - Ela questiona com as sobrancelhas arqueadas.

- Liguei para meu advogado vindo para cá ontem à noite. Dei entrada no divórcio.

- Emma... - Ela tenta dizer.

- Não vou ficar com um cara que me traiu. Eu não posso perdoá-lo por isso. - Eu respiro fundo, chorando. - Eu pensei que ele me amasse, mas quantas vezes será que ele fez isso? Com quantas outras mulheres, mãe? Ele não mudou da figura galinha do ensino médio e eu só fui burra de acreditar que sim.

- Deve ter uma explicação, meu amor. - Ela suspira. - Ele te ama. A forma como ele te olha... Emma, ele te ama. É impossível se fingir algo assim. E, Emma, vocês estão juntos há sete anos. Vocês têm dois anos de casados, perto de três e a Anna tem quatro anos. E você está grávida. - Ela parace inconformada. - É impossível ele ter feito isso.

- Eu acho que vou descansar enquanto Anna não acorda. - Tento fugir.

- Eu posso cuidar dela esses dias. Tirei essa semana de descanso e eu adoro ficar com a Anna. Sempre quis ter uma menina. - Ela sorri. - Agora eu tenho várias.

- Aquela garotinha é a única coisa que eu tenho agora. - Abaixo a cabeça.

- Ela não é a única pessoa que você tem. - Milla beija minha testa. - Vai ficar tudo bem. - Ela sorri.

- Espero que sim.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora