42 | Conversa.

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QUATRO MESES DEPOIS.
 
| J a c k |

 
Anna desce as escadas fazendo muito barulho, como sempre fez durante todos os seus quinze anos de existência. Ela entra na cozinha e olha para mim por um instante.
 
— Onde a mamãe está? — Ela diz e se senta no balcão.

Por que ela ainda está de pijama? Pensei que fosse sair.

— Ela e o Ben foram à livraria. — Digo e abro a geladeira para pegar um pedaço de bolo que guardei do que fiz ontem, mas os três monstrinhos dessa família comeram e Emma me deixou um pedaço. — Por quê?
 
— Precisava falar com ela. — Anna balança seus pés vestidos com meias coloridas.

Ela só cresceu em tamanho, porque ainda é a mesma garotinha que ia pra escola de pijama sem se importar só porque queria.
 
— Talvez eu possa ajudar. — Dou os ombros.
 
Desde sempre as crianças estabeleceram um lance de confiança inquebrável com a Emma. Ela sempre está os ajudando com problemas da vida e sempre que eles têm perguntas sobre coisas assim, ela os ajuda. Por mais que Anna tenha sido mais apegada comigo durante toda a sua vida, essas coisas não podem ser aparentemente resolvidas por um pai, então ela sempre recorre à Emma. Até mesmo o Ben recorre a ela, e mesmo que eu entenda, em momentos como esse, queria ser a Emma. Acho que ela é uma figura mais compreensiva, autoritária e dócil, mas eu até posso ser isso, mesmo que nem tão autoritário.
 
— Pode. — Ela dá os ombros. — Só precisa ser compreensivo e ouvir tudo antes de dizer algo sobre. — Ela sorri.
 
— Ok. Vamos pro jardim. — Digo. — Sobe aí. — Indigo para Anna subir nas minhas costas. Por que ela está tão leve? — Você já comeu hoje? —  Questiono.
 
— Sim, pai. — Ela suspira. — Você me observou tomar café e almoçar. — Ela beija minha têmpora. — Eu juro.
 
— Coma bolo. — Digo assim que ela desce e se senta no chão.
 
— É o último pedaço que a mamãe guardou pra você. — A garota reluta.
 
— Eu não ligo, posso fazer outro. —  Afirmo. Ela tem que comer.
 
— Nós dividimos. Tudo bem por você? — Ela abre um sorriso branco.

Tenho uma filha linda assim como o pai.
 
— Sim. — Reviro os olhos.
 
Anna corre para dentro e pega outro garfo na cozinha. Ela se senta na minha frente novamente e sorri. A garota pega um pedaço do bolo e come. Ótimo.
 
— Então, vamos lá. Eu não sou psicólogo, mas eu devo saber alguma coisa, né? — Digo e Anna ri.
 
— Você já traiu a mamãe? Sabe, alguma vez na vida de vocês? Vocês estão juntos há dezenove anos. — Anna pergunta. Meu sangue ferve.
 
— Max te traiu? — Semicerro os olhos.
 
— Ouvir tudo, compreender, falar. — Ela relembra o que disse há instantes. — Não, pai. Agora responde.
 
— Ok. — Suspiro. — Não, claro que não. Com uma mulher daquela, pra que eu iria querer outra? Por que eu precisaria de outra? — Rio. — Uma vez eu fiquei com outra mulher, mas eu e sua mãe havíamos nos separado pro um tempo, mas eu só a beijei. Nada mais que isso. — Dou os ombros.
 
— Está falando a verdade? — Anna semicerra os olhos.
 
— Está duvidando do meu amor pela sua mãe? — Arqueio as sobrancelhas. — Onde estão as câmeras? Ela te pagou para isso?
 
— Não, pai, é sério. Não tem nada a ver com a mamãe. — Ela come um pedaço do bolo e eu também.
 
— Nunca, Anna. Eu realmente amo sua mãe e nunca a trairia. Durante todos os dezenove anos, nunca encostei em outra mulher além dela. — Afirmo.
 
— Mesmo tendo secretárias bonitas e trabalhando com várias mulheres? Você nunca teve vontade? — Ela insiste e começo a desonconfiar de verdade.
 
— Não. Emma é a segunda mulher mais linda do mundo e só é a segunda, porque você é a primeira. Ela é a única que me atrai. Não tenho motivos para querer outra mulher quando a sua mãe é bonita, inteligente, compreensiva, amorosa, carinhosa, irritante, impaciente, sarcástica, altruísta e alegre. — Rio. — Sou louco por ela. Louco mesmo. Sou absurdamente louco por aquela mulher e nunca quis nada com mais ninguém. — Sorrio.
 
— Você acha que o Max gosta mesmo de mim? — Ela abaixa a cabeça.
 
— Olha, eu sou seu pai. Eu até quero que você seja feliz, mas você sabe que eu quero te proteger e tenho ciúmes, então vou dizer a verdade. — Digo sinceramente e Anna assente. — Ele gosta. — Abro um pequeno sorriso.
 
— Tem uma garota na escola e eles estão fazendo par na maioria das matérias à pedido dos professores. — Ela diz, envergonhada. — Ela, como todo mundo, não gosta de mim e dá em cima dele. Eu acredito que Max não vá fazer nada, porque ele parece mesmo gostar de mim, mas eu tenho medo. Ela é tão bonita e o corpo dela é perfeito, pai. Eu sou só a Anna. — Ela suspira.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora