22 | Desculpas.

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Becky entra na cozinha assim que levo a taça de vinho aos meus lábios novamente. Ela para e olha para mim atentamente de longe, com um olhar reprovador, e caminha até meu lado no momento seguinte. Ela retira o copo das minhas mãos e revira os olhos.
 
— Qual é o seu problema? — Ele pergunta, irritada e se senta no banco da madeira ao meu lado. — Você está grávida. Não pode beber isso. — Ele briga, como se fosse uma mãe.
 
— Estou irritada, ansiosa, deprimida, bipolar, com uma menininha correndo pela casa, não estou na minha casa, eu só tenho Anna, estou me separando do meu marido e grávida. Esses são os meus problemas momentâneos, ok? Me devolva essa porra. — Digo, com a voz falha as lágrimas ameaçam voltar e fazerem o mesmo estrago que há cinco minutos atrás.
 
— É, e você tem uma criança dentro de você, ok? — Ela joga a taça na pia, estilhaçado o vidro contra o alumínio. Não reclamo, só suspiro. — Você precisa sair, Emma. Você não pode passar o dia todo dentro de casa chorando, bebendo e se lamentando. Anna veio me perguntar se você estava bem, porque você estava chorando mais cedo. De novo. — Ela diz, irritada. Por que ela sempre tem razão? É irritante. — Lia, Ethan, Julie, Elizabeth, Tyler, Abby e Lily estão a caminho. Eles são tão doidos, que irão te animar. Vamos lá, tome um banho calmo que eu e Luke cuidamos da pequena. — Ela diz, me ajudando a levantar da cadeira e passando os braços ao redor do meu corpo.
 
O bom de se ter uma melhor amiga é que quando seu mundo desmorona, ela faz tudo parecer menos doloroso e caótico e isso é tão importante para mim agora. Fico grata por ter conhecido a Becky e por ela estar aqui agora, porque eu não consigo sozinha. Choro um pouco em seus braços e ela me aperta o máximo possível contra seu corpo.
 
— Vai ficar tudo bem, ok? — Ela limpa minhas lágrimas. — Nós estamos aqui e vamos te ajuda a enfrentar isso. — Ela segura meu rosto com suas mãos.
 
Passamos por Milla que está pegando os brinquedos espalhados da Anna e os jogando em uma grande caixa de plástico transparente.
 
— Deixe que eu faço isso. Você teve um longo dia com Henry e tudo mais... — Eu caminho até ela para pegar a caixa, mas ela a afasta de mim.
 
— Emma, ambas somos psicólogas. Nós sabemos que um cansaço físico não chega perto a um emocional, mental e psicológico. Eu estou bem, você, não. Você está cansada demais, e eu posso fazer isso. Eu já criei duas crianças, e te ajudar com a minha neta não é nada. Suba e vá tomar um banho. Eu fico com ela. — Ela sorri.
 
— Eu estou bem. — Minto com um sorriso e tento pegar a caixa novamente.
 
— Quando você diz que está bem quer dizer que nunca esteve tão mal. — Ela responde, agora me ignorando. — Vá, querida. — Ela pede.
 
Assinto e volto a subir as escadas. Anna está gritando no quarto de hóspedes e corro até lá. Empurro a porta e sorrio ao ver Luke a jogando para o alto. A garotinha gargalha alto e vê-la feliz faz tudo dentro de mim melhorar de alguma forma.
 
— Oi, Luke. — Aceno para o homem. Becky entra atrás de mim e se senta na cama. — Só tome cuidado para não machucá-la. — Sorrio. Minha psicose sempre fala mais alto quando se trata de Anna... e Jack.
 
— Como você está? — Ele pergunta e se senta ao lado da Becky, pegando sua mão. Meu coração se desfaz quando lembro dele. Desvio o olhar e vou até o armário.
 
— Eu estou maravilhosamente bem. —  Sorrio, girando.
 
— Oh, sim, claramente. — Ele ri e eu sorrio para a sua ironia.
 
— Anna, você comeu? — Eu pergunto e ela balança a cabeça várias vezes. — Tem certeza? Você está bem? Quer dizer alguma coisa? — Pergunto à minha menina que está girando feito uma doida pelo quarto. — Vai ficar tonta. — A paro e sorrio. Ela pisca os olhos freneticamente e diz:
 
— Eu estou com saudades do papai. Ele disse que brincadeira comigo ontem, mas foi embora. Quando ele volta, mamãe? Quando vamos para casa? — Ela questiona inocentemente. Meu coração aperta e é desfeito quando ela diz isso.
 
— Eu... — Tento dizer, mas Becky de corta
 
— Princesa, você quer brincar com a tia? E com o tio Luke? — Ela tenta mudar o assunto por ver o quão doloroso aquilo se tornou. — Sabe quem está vindo aí? — Becky se anima, mexendo as mãos.
 
— Quem? Quem? — Anna pergunta, animada em saber.
 
— As vovós, tio Tyler, tio Ethan e a tia Lia! — Becky informa animada juntamente a garota. Em parte, elas têm a mesma idade mental. — Vamos descer?!— Ela grita.
 
— A mamãe vai, ou vai ficar aqui em cima?

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora