52 | Surpresas

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UM MÊS DEPOIS.

| E m m a |

 
Um belo grito inesperado soando "surpresa" ecoa pelo jardim repleto de pessoas assim que Anna aparece na porta de saída da cozinha. Seu sorriso é brilhante e seus olhos verdes estão marejados.
 
— Ah, meu Deus! — Ela grita. Anna abraça Max e ele beija sua testa quando eles se afastam. — Vocês são tão incríveis! Obrigada!
 
— Te amamos, querida. — Jack sorri ao se aproximar de Anna com a mão na minha cintura.
 
— Obrigada! — Ela sorri ao nos abraçar juntamente.
 
— Não é nada. — Beijo sua testa. — Feliz aniversário, meu amor.
 
— Obrigada, mãe. — Ela beija minha testa.
 
— Parabéns, querida. — Jack a abraça. — Parece que eu te peguei no colo na maternidade ontem. É tão nítido... — Ele suspira, quase a chorar.
 
— Vinte anos atrás, pai. — Ela abraça Jack com força. — Eu amo tanto vocês... — Ela sorri.
 
É, Anna faz vinte anos hoje. Não parece que eu a tive há vinte anos. Não parece que eu tenho quarenta e um anos.
  
— Nós também te amamos, querida. — Beijo sua testa. — Aproveite a festa. Todo mundo está aí. — Sorrio.
 
Anna corre em direção às três avós que estão parados, conversando. Meu pai está conversando com Henry.
U

ma pequena mão puxa minha perna enquanto converso com Becky, Luke e Jack. A pequenina Dora, filha de Henry e Lilly, está com um grande sorriso em seu rosto. Ela tem longos cabelos louros, assim como os da Lily, e os olhos claros de Henry. Mesmo assim, ela se parece mais com a Lily quando ela era pequena.
 
— Oi, meu amor. — Me abaixo para pegá-la no colo. — Como você está?
 
Ela ainda não sabe falar. Seus fios dourados recaem sobre seus ombros cobertos por um vestido rosa de manga curta. Ela sorri e mexe no meu cabelo.
 
— Jack, podemos ter outro bebê? —  Brinco, chegando mais perto dele.
 
— Nem pensar! — Ele arregala os olhos. — Se chorar como o Ben chorava, eu desisto. Irei morar com a minha mãe.
 
— Só mais uma garotinha? Eu amo crianças. — Eu suspiro, acariciando o rosto de Dora.
 
— Leve-a para você. — Ouço a doce voz de Lilly atrás de mim. — Eu não aguento mais, Emma. Ela chora o tempo todo. Só apronta. — Ele leva a mão à testa.
 
— Vamos ficar com ela? — Sorrio para Jack.
 
— Não mesmo, Emma."— Ele beija o topo da minha cabeça. — Eu te amo, mas não aguento mais noites em claro.

— Bom saber... — Arqueio as sobrancelhas.
 
—Não nesse sentido. Não aguento mais com crianças chorando. Já com você... — Ele beija meu pescoço.
 
—Você é tão bobo. — Dou uma cotovelada em sua barriga.
 
—Eu quero outro! — Becky diz, abraçada ao Luke. — Loren já está crescida, Violet viajou e nós estamos pensando em adoção de novo. — Ela abre um sorriso.
 
— Isso seria incrível! — Arregalo os olhos, abraçando Becky.

De repente, ouve-se um grito. É de Max.
Anna está em seus braços desmaiada. E então, meu coração para imediatamente. Olho para Jack e ele aperta minha mão. Ponho Dora no chão para correr até Max.
 
— O que houve? — Respiro fundo.
 
— Ela estava bebendo água ao meu lado e desmaiou. — Ele arregala os olhos. — Vamos para o hospital. Agora! — Ele grita, correndo por entre o pessoal.

(...)

Jack dirige o carro atordoado, e eu tento segurar sua mão sobre minha perna, mas ela não para. Ben está sentado no banco de trás com as pernas de Anna sobre seu colo e Max a segura com todo o cuidado do mundo, acariciando seus cabelos com calma.

Lembro-me quando éramos eu Jack.

Ele me segurava em seus braços com cuidado e carinho. Por mais que eu não me lembre de muito por estar à beira da morte, mas eu lembro das suas grandes e quentes mãos segurando meu rosto e acariciando meu cabelo. Me lembro das lágrimas rolando pelo seu rosto angelical. Me lembro dos seus labios beijando meu rosto e minhas mãos e dos seus braços segurando meu corpo como se a vida dele dependesse daquilo. E eu sei que dependia. E eu amava aquilo. Para ser sincera, foi todo aquele afeto momentâneo que me manteu viva naquele momento. Meus olhos estavam pesados e meu corpo doía. Ele me manteve viva. Com eles dois é a mesma coisa. Ele a olha como Jack me olha. Ela o ama como eu amo Jack. É bonito.
 
Quando chegamos ao hospital, Anna foi atendida imediatamente. Eu e Jack nos sentamos na sala de espera, até que todos chegaram. Literalmente todos.

Lia estava assustada, assim como Ethan e as meninas dormindo, uma no colo de Tyler outra no de Ethan; Ben roendo todas as unhas enquanto conversa com John; Minha mãe está nos braços do meu pai, da mesma forma que Julie nos braços de Bruce; Lizzie está com Dora em seu colo, afagando as costas de Henry que segura firme a mão de Lilly; Nina está encostada na parede com os braços cruzados, olhando para os pés, enquanto Adam acaricia seu rosto e Natalie, outra melhor amiga de Anna, murmura alguma coisa para os dois; Angelina anda de um lado para o outro, respirando fundo; Becky abraça Loren calmamente e Luke só observa, sem muito alarde, com um sorriso no rosto. E todo o restante está em uma bagunça sem fim no corredor do hospital. Choro no ombro de Jack enquanto ele segura minha mão e sussurra para eu ficar calma.
 
Infelizmente, penso no pior.
 
— Família da senhora Anna James Hayes. — Uma mulher de jaleco, com o cabelo preso em um rabo de cavalo profere com um sorriso ao olhar para a prancheta em sua mão.
 
E então, todos nós nos levantamos e damos um passo à frente.
 
— São todos da família? — A moça arregala os olhos, intimidada.
 
— Sim. — Ben diz com calma.
 
— Quem são os pais? — Ela suspira.
 
— Somos nós. — Eu me aproximo da moça. — Como ela está?
 
— Ela está bem. Muito bem. — A moça ri. — Podem me seguir, por favor? Todos vocês, eu acho. — Ela mexe as sobrancelhas.
 
— Mas por quê? — Becky pergunta.
 
— Srta. James pediu.
 
Assim que adentramos à sala, vemos Anna deitada na cama, com a pele um pouco pálida, mas um sorriso genuíno em seu belo rosto. Sendo tão parecida com Jack, não havia como ser diferente.
 
— Meu amor... — Ando rapidamente até a cama. —Como você se sente, meu amor? Está bem? — Seguro sua mão.

— Eu estou bem. — Ela sorri. — Não chore, mãe. — Ela acaricia meu rosto. — Pai, fique calmo... — Ela solta uma risada, pegando a mão dele.
 
— Estávamos todos nervosos, Anna. Eu mesma queria matar você quando soube que estava bem. — Natalie diz.
 
— Também te amo, Nat. — Sorri para a amiga. — Onde Max está? — Ela tenta procurá-lo ao se sentar. — Eu tenho que contar algo para vocês.
 
— Eu estou aqui. — Ele entra pela porta rapidamente. — Desculpa, eu fui beber água.
 
Max corre até Anna e a abraça com cuidado. Ele beija sua testa e depois seus lábios. Jack faz uma careta engraçada como se não estivesse acostumado com isso.
 
— Meu Deus, nunca mais me dê um susto assim, Ann. — Ele respira fundo. — Eu te amo.
 
— Eu também te amo. — Ela ri e beija sua bochecha.
 
Todos olham para eles como se fossem um modelo de utopia. E são.
 
— Então, eu preciso contar algo. — Ela se arruma na cama. — Eu espero que fiquem calmos e só me ouçam. Ainda mais você, pai. — Ela ri para Jack, que estremece atrás de mim. — Você pode se sentar, pai? Você também, vô. Sabe, só por segurança. — Ela balança a cabeça.
 
Jack se senta na poltrona no canto da sala e meu pai na ponta da sua cama.
 
—  Prossiga, querida. — Acaricio sua mão.
 
— Hoje eu desmaiei porque minha pressão baixou. — Ela simplesmente diz. — Há alguns meses, eu comecei a me sentir estranha e a vomitar bastante.
 
E é exatamente nesta parte que eu viro meu corpo e olho para Jack. Ele arregala os olhos e deita a cabeça em meu ombro assim que me puxa para sentar em seu colo. Suas mãos apertam meu corpo com força e eu já sei o que ela irá dizer e ele também. Tanto sabe, que está me apertando forte demais.
 
— Com a faculdade, eu não prestei muita atenção em mim, mas... bem, eu disse para minha mãe esses dias que estava engordando, mesmo que prosseguindo com os exercícios com Max, Nina, Adam e a Natalie durante todo o verão. — Ela olha para as mãos. —O que eu quero dizer é que... bem, eu... eu estou grávida. — Ela termina, nervosa.
 
Ninguém diz nada. Os olhos de Jack estão arregalados e seus rosto vermelho de tanto esfregá-lo. Todos esperamos as reações de Max e Jack.
 
— Grávida? — Max e Jack dizem ao mesmo tempo. Ambas as vozes falhas.
 
— Oh, meu Deus! — Abro à boca, sorrindo.

Levo ambas as minhas mãos à boca, respirando fundo enquanto rio. As lágrimas brotam em meu rosto e eu não consigo mais dizer nada, senão levantar e abraçar minha filha tão forte, que ela resmunga, mas chora juntamente a mim.

— Eu não acredito, Anna! — Me afasto e limpo seu rosto. — Eu sou muito nova para ser avó. — Rio, assim como todos fazem.
 
— Você está grávida? — Jack pergunta, agora, sem cor. — Grá-grávida? Tipo, grávida mesmo? — Ele diz, com a respiração irregular. — Um bebê? Você? — Ele irá desmaiar.
 
— Sim, pai. — Ela ri, mas fica séria quando Jack se levanta e se apoia na parede. — Três meses.
 
— Três?  —Ele diz, ofegante.
 
— Fique calmo, amor. — Caminho até ele, envolvendo meus braços ao seu redor. — Venha. — O puxo para fora da sala. — Nós voltamos já.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora