41 | Encontro.

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DOIS MESES DEPOIS.
 
| J a c k |

 
 
A campainha toca e Anna me entreolha do topo da escada. Ela está apavorada, então corre de volta para o seu quarto e Emma ri, andando atrás dela. Benjamin também ri da cozinha e fecha seu caderno, seguindo escada acima.
Abro a porta e encontro Max do lado de fora. Ele parece extremamente nervoso, e eu entendo isso. Então, por que não pôr medo? Gosto disso.
 
— Olá, sr. Hayes. — Ele diz com um sorriso, tentando parecer simpático. — Eu vim buscar a Anna. Ela está pronta?
 
— Quase. Entra aí. — Digo e abro espaço para ele entrar.
 
— Você vai querer conversar, né? — Ele suspira, entrando.
 
— Pode ter certeza que sim. — Rio.
 
— Jack, não assuste o menino! — Emma grita lá de cima.
 
— Não vou fazer isso, amor. — Rio. É claro que eu vou.
 
— Obrigado, sra. Hayes. — Ele diz de volta para ela.
 
— Não é nada, querido. — Ela diz de volta. Amo essa mulher.
 
— Senta aí. — Digo e ele se senta no sofá a minha frente, já que me sento na poltrona em frente. — Aonde vocês vão?
 
— Ao cinema. — Ele sorri.
 
— Hum. — Semicerro os olhos. — Sabe que ela tem que comer, certo?
 
— Sim. Eu tento fazê-la comer sempre. Bem, sempre que ela está comigo. — Ele sorri. — E tento fazê-la entender que ela é linda da forma dela, porque ela é.
 
— Sim, ela é. — Dou os ombros. — Então, vamos direto ao ponto. Anna é uma menina frágil e dócil e eu tenho certeza que entendeu isso. Ela é minha única filha e você é um garoto que quer sair com ela. O que eu quero dizer é que você deve tratá-la bem e cuidar dela. Ou seja, se você fizer algo ruim, eu farei algo ruim diretamente a você. Se cogitar quebrar o coração dela, quebro todos os seus dentes brancos.
 
— Eu entendo, sr. Hayes. Não pretendo fazer nada de prejudicial à Anna. Ela não merece. — Ele mexe a cabeça.
 
— Ótimo. — Passo minha língua sobre meus dentes. — Quais suas intenções com a Annn?
 
— Eu gosto da sua filha. Eu realmente gosto. As minhas intenções são as melhores que possa imaginar e eu espero, de verdade, que as coisas dêem certo entre nós hoje, porque ela é a garota mais incrível que eu já conheci.
 
Ele está se saindo bem. Que merda.
 
— Você...
 
— Oi. — Ouço a voz da minha menina dizer.
 
Ela está com um vestido branco até um pouco antes dos seus joelhos. Ela não gosta de roupas curtas, é algo dela. Anna usa uma jaqueta jeans e sapatos marrons fechados com um pequeno salto. Ela está linda com o cabelo ondulado e longo caindo em seus ombros. Ao longo dos anos, seu cabelo castanho se tornou negro.

Depois do ocorrido doloroso há dois meses de que Anna sofria com Anorexia nervosa, ela se dedicou a ficar saudável. Eu mudei meu horário para poder correr com ela e Ben. Emma conseguiu regular a alimentação e ela verifica peso e o corpo dela para ver se tem novos cortes. Elas têm sessões de psicologia todos os dias, porque Emma ama ouvir ambos os filhos falarem sobre seus dias, porque ela se sente bem pelo fato deles confiarem nela. Anna conseguiu chegar ao seu peso e, aos poucos, está conseguindo entender que é boa o suficiente e de tudo o que ela faz, é o que mais me orgulho nela. Saber que minha filha tinha tantos problemas e eu nunca prestei atenção nisso, foi doloroso. Foi pior que todas as coisas que ocorreram comigo até hoje. Nada nunca foi pior que ver isso. Por Deus, ela está bem. Agora Emma vive no pé de Ben e Anna para que nada de ruim ocorra com nenhum dos dois, e isso é admirável.
 
— Você está linda. — Eu e Max dizemos em coro.
 
— Obrigada, Max. Obrigada, pai. — Ela diz com um sorriso tímido.

Emma aparece atrás dela com um sorriso.
 
— Oi, Max. — Emma diz e arruma seu cabelo bagunçado.
 
— Olá, sra. Hayes. — Ele sorri para ela.
 
— Pode me chamar de Emma, eu já disse. — Ela ri e aperta a mão.
 
— Vamos? — Anna sugere.
 
— Sim, claro. — Ele assente e anda até ela. Reviro os olhos.
 
Ann, aqui. — Chamo-a.

Ela sussurra algo para o Max e ele acena para nós, saindo de casa.
 
— Sim, pai? — Ela para na minha frente.
 
— Se acontecer alguma coisa, você me liga, ok? Se ele tentar algo, você chuta entre as pernas. É o ponto fraco, mas você sabe disso. — Suspiro. — Meu Deus, você esta tão grande... — Suspiro e ela sorri. — Eu irei matá-lo se ele te fizer algo.
 
— Tudo bem, pai. Eu sei me cuidar. — Ela sorri. — Vou ficar bem, ok? Eu te amo. — Ela me abraça e eu não consigo simplesmente ficar irritado com o fato dela sair com um garoto aos quinze anos. Eu estou velho.
 
— Eu sei que sabe, mas saiba que vou estar aqui, querida. Eu também te amo. — Beijo sua testa.
 
— Tchau, mãe. Eu te amo muito. — Ela diz e abraça Emma.
 
— Tchau, meu amor. Boa sorte, ok? Eu te amo, querida. — Ela beija sua testa e Anna sai. Ela entra no carro do Max eles vão embora.
 
— Ai, meu Deus, ela está saindo com um garoto, Emma. — Suspiro, passando a mão em meu cabelo.
 
— Sim, ela está. Ela parece tão feliz... —  Emma diz e para a minha frente.

Suas mãos vão até meu peito e ela esfrega a área calmamente.
 
— Sim, mas ela não pode crescer. Ela ainda é a minha menininha. Minha garotinha que arrota comigo e depois gargalha da forma mais fofa possível. — Resmungo.
 
— Não, ela não é. Ela é uma garota que está indo a um encontro com um garoto. — Ela sorri.
  
— Aceite, pai. — Ben diz, sentando-se no sofá. — A Ann cresceu. — Ele ri.

— É, mas você ainda não. — Emma diz e vai pra cima dele, enchendo seu rosto de beijos e o abraçando forte.

Tem mãe mais carinhosa que ela?
 
— Mãe... — Ele resmunga e ela o abraça ainda mais forte.
 
— Você ainda é o bebê da mamãe. — Ela diz com uma voz de quem fala com um bebê.
 
— Ben é o bebê da mamãe. — Debocho.
 
— Ela vive apertando sua bochecha. — Ben semicerra os olhos.
 
— Vocês dois são meus bebês. — Ela diz e me puxa pelo braço, fazendo com que eu caia no sofá ao seu lado. Ela me beija e eu sorrio.
 
— Que nojo. — Ele resmunga.
 
— Cala a boca, bebê da mamãe. — Digo e Emma ri.
 
— Não implique com o meu neném. — Ela finge estar brava.
 
— Só seu, né?
 
— Meu Deus, vocês são grudentos. — Ele bufa.

Emma beija a bochecha de Ben e se encosta no sofá, pondo suas pernas sobre as minhas e deitando a cabeça no ombro de Ben.
 
Meus filhos estão crescendo e nós estamos ficando velhos. Eu não estava preparado para isso.

The Love Lessons | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora